Radar do Futuro
“O ano de 2021 será o velho normal acelerado, um mundo melhor”. A avaliação é do empresário Claudio Zini, diretor presidente da Pormade, uma das maiores fabricantes de portas do Brasil, localizada em União da Vitória (PR), que comemora bons resultados em 2020. Segundo ele, otimismo e esperança por dias melhores é o que não falta. Na verdade, o segmento onde ele atua contabilizou bons resultados decorrentes das transformações determinadas pelos consumidores. Seja a classe média empregada em funções que puderam ser transferidas para o home office ou a parcela da população de baixa renda que recebeu socorro do setor público.
Sobrevivente da crise gerada pela pandemia que, além gerar mortes de milhares de pessoas ainda provocou retração de atividades econômicas, o setor de materiais de construção deve fechar 2020 com desempenho positivo, puxado principalmente pelo auxílio-emergencial e pelo próprio confinamento. Levantamento da Juntos Somos Mais, empresa da qual a Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre são sócias, apontou que 89% das indústrias projetam faturamento superior ao de 2019 e que o auxílio emergencial respondeu por 75% do crescimento das vendas dos fabricantes para o varejo.
Efeito prático da pandemia foi o fato de que pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. Como resultado, pequenas reformas saíram dos planos, assim como mudanças de uso e estilo dos ambientes, inclusive para adaptação ao trabalho em casa. Pintura, troca de revestimento em uma parede ou piso, aplicação de papel de parede, instalação de prateleiras, novas decorações movimentaram o mercado. A tendência do “faça você mesmo” cresceu consideravelmente e tende a fazer parte da rotina do consumidor.
“Hoje, estamos com home office, ensino à distância, telemedicina. E acelerando a educação, diminuiremos a desigualdade financeira. E temos que entender que o futuro é o learning by doing, ou seja, fazer e aprender”, argumenta Claudio Zini, para justificar o otimismo, favorecido pela tecnologia que, segundo ele, fará com que as empresas se tornem agentes educacionais nas relações de consumo. Para ele, vivemos a cultura da experimentação graças à sustentabilidade. As empresas estão se tornando cada vez mais agentes educacionais. “Digo que não somos mais uma fábrica de portas, mas uma escola que fabrica portas”, explica.
Expectativas
Para 2021, Zini é otimista, reflexo da digitalização. A Pormade seguirá atendendo o consumidor com produtos direto da fábrica e com serviço adicionado, eliminando o imposto em cascata. “Tudo o que está no meio do caminho a tendência é desaparecer. Os consumidores querem agilidade e funcionalidade, a porta abrindo e fechando. Cada vez mais os consumidores serão tratados como indivíduos e não como um amontoado de clientes”, completa.
De acordo com o executivo, a melhor estratégia para o futuro é perceber a mudança e adaptar-se a ela com muita rapidez. “As organizações vão à falência não por errarem no inovar, mas por fazerem a mesma coisa por muito tempo. Os maiores concorrentes, hoje, são as transições de mercado.
Com relação às tecnologias, Zini é enfático ao dizer que o importante é a empresa estar preparada para todas as mudanças tecnológicas, na era do pós-digital. Ele reforça a integração da tecnologia – físico, digital e o social. “Na Pormade, o nosso negócio não é fazer portas de madeira reflorestada, e, sim, isolar o ambiente visualmente e acusticamente com beleza, qualidade e custo baixo. Somos uma empresa física com e-commerce e caminhamos para 200 pontos devendas físicos com show rooms e franquias, mas sempre valorizando o capital humano”, assinala.
Mudanças de hábitos
O segmento de materiais de construção teve perdas durante os primeiros meses da pandemia, mas soube se reciclar com alguma agilidade. Um recurso que contribuiu para o aumento dos negócios foi o comércio eletrônico. Segundo dados das instituições do setor, antes da pandemia somente 24% das lojas de materiais de construção vendiam através do e-commerce. Hoje, praticamente todas as lojas estão vendendo pela internet. No caso de pequenos negócios de bairros, a forma que esses comerciantes encontraram para incrementar as vendas foi oferecer e negociar mercadorias pelo WhatsApp.
O mercado também adaptou estratégias de logística, oferecendo facilidades extras para os consumidores. Entre outras estratégias, o sistema “clique e busque” foi implantado com o objetivo de atrair, em especial, os jovens. Segundo os comerciantes, o segmento dos nativos digitais aprovou escolher o produto na plataforma digital da loja e ir buscar no endereço físico. A tendência é de que a mudança seja irreversível, com frequências maiores de compras por smartphone, deixando para as lojas físicas a função de apoio ao processo de venda.
Em resumo