A tendência do futuro das fintechs inclui maior disseminação e aplicação das novas tecnologias em soluções oferecidas para todos os tipos de usuários
Thiago Campaz *
O ano de 2021 foi repleto de transformações. A inovação se tornou uma palavra-chave para o mercado, principalmente por conta da pandemia. A alta tecnologia e a automação de processos foram fundamentais para o desenvolvimento na maior parte de todos os serviços oferecidos pelas empresas. Mas o que mais chamou a atenção nesse último ano foi o grande aumento de fintechs, que estão lutando e ganhando espaço como alternativas aos bancos tradicionais.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o segmento é o segundo com maior número de startups, onde 5,96% das 13 mil existentes estão em operação no país. O tamanho desse setor no Brasil é o mais bem colocado nesse segmento na América Latina, ocupando a 14ª posição no índice mundial, de acordo com a edição 2021 do relatório “Global Fintech Rankings”, elaborado pela Findexable.
Em outro estudo realizado, dessa vez pela Mastercard, o aumento de fintechs unicórnios no país passou de 61 para 108, o que representa 20% do setor de tecnologia. Por outro lado, se comparado a quantidade de aportes recebidos por essas empresas, percebemos que o número mais do que dobrou, passando de US$ 199 bilhões em 2019 para mais de US$ 440 bilhões no ano passado. De acordo com a Distrito, companhia de inovação aberta, o setor financeiro foi ainda o que registrou maior volume de investimentos apenas em 2021.
É bastante plausível afirmar que esse é um mercado muito atrativo para investimentos e que está em ampla expansão. Por isso, não conseguimos ver uma retração tão cedo, afinal, ainda existem muitas dores para serem solucionadas e que estão diretamente relacionadas aos serviços financeiros, já que muitas vezes as fintechs atendem públicos específicos e segmentados com quem os bancos não têm interesse de trabalhar. Para 2022, podemos nos preparar para ver uma maior disseminação e aplicação das novas tecnologias financeiras em soluções oferecidas tanto para o mercado de pessoas físicas, quanto para jurídicas.
Além disso, as tecnologias que têm maior potencial de expansão já para o próximo ano são o open banking, inteligência artificial e a validação de identidade. Acredito ainda que veremos um número maior de investimentos e novas empresas surgindo. Recentemente, já vimos uma grande movimentação do banco digital alemão N26 que chegará para brigar de frente com uma das maiores empresas do segmento, o Nubank. Se isso acontecer de fato, o Brasil será o primeiro país da América Latina a contar com esses serviços.
Finalizo dizendo que nossas expectativas estão cada vez maiores para o próximo ano. A economia brasileira, por mais que esteja passando por altos índices de juros e enfrentando problemas com instabilidade econômica, já vem retomando a normalidade. Mesmo com os altos preços, observamos que as pessoas já têm consumido mais e isso traz a famosa ‘luz no fim do túnel’. Estamos ansiosos para o que está por vir e principalmente para fazermos parte dessa grande revolução que as fintechs trouxeram para a realidade nesses últimos anos.
- Thiago Campaz, é CEO e co-fundador do VExpenses. Trabalhou por 6 anos assessorando grandes empresas do agronegócio na otimização de suas estruturas de capital, em processos de estruturação de dívida, acesso a mercado de capitais e fusões. Participou da captação de mais de R$ 1bi em financiamentos.