A chave para um futuro híbrido está na junção entre a comunicação e a tecnologia, avalia o diretor da IBM
Marcelo Trevisani
Na pandemia dois sentimentos afloraram nas pessoas: a incerteza e a insegurança. Questionamentos como para onde vamos, como ficaremos e quando tudo isso terminará são os mais frequentes. Já no mundo corporativo, uma das grandes dúvidas é como será o futuro do trabalho?
O distanciamento social levou vários profissionais ao modelo de trabalho em casa, já com a expectativa de saber qual será o modelo de trabalho mais adequado. É nítido percebermos como os colaboradores almejam por uma definição sobre este tema e seus líderes precisam corresponder à essa expectativa.
Acredito que no momento que estamos, se uma empresa ainda não adotou o sistema híbrido de trabalho, com revezamentos semanais, certamente fará isso a curto prazo. Isso é uma tendência que, a meu ver, chegou para ficar. Um estudo do IBM Institute for Business Value (IBV) revelou que, no Brasil, 1 em cada 10 pessoas que responderam a pesquisa deixou o emprego voluntariamente durante a pandemia.
Destas, 29% precisavam de mais flexibilidade de horário ou de local de trabalho (por exemplo, capacidade de trabalhar remotamente para lidar com as demandas da família). Para mim, se o modelo híbrido veio com força para permanecer entre nós, é fundamental que as empresas se reorganizem para que este formato tenha excelência em sua execução. E a transformação digital nos modelos de negócio e nos relacionamentos é uma positiva consequência disso.
Além disso, pesquisas indicam que embora possa haver um aumento na produtividade de seus colaboradores neste modelo, é ainda mais importante que as empresas olhem para o lado mais humano de seus funcionários. O número de pessoas que desenvolveram transtornos como a ansiedade, por exemplo, durante a pandemia, aumentou fortemente. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nos meses de maio, junho e julho de 2020, cerca de 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa em relação à pandemia.
E essa ansiedade pode impactar diretamente a forma de trabalho das pessoas. Então, assim como todos estão se esforçando para entregar o melhor resultado, é fundamental que as companhias enxerguem esse desempenho e forneçam condições para alcançarem os objetivos e metas desejados.
A relação entre a empresa e o colaborador, na minha visão, precisa ser sempre uma via de mão dupla. Se você, como líder, motiva seu funcionário, o faz sentir-se incluso, olha por ele, pode ter certeza de que os resultados tendem a ser melhores. E você, colaborador, tenho certeza que estar em um local que te acolhe, percebe e inclui, certamente essa sensação te ajudará e dará mais energia para um bom trabalho.
A chave para um futuro híbrido, no qual as experiências mediadas pela tecnologia e as nossas atividades de trabalho presenciais sejam harmonicamente integradas, está na junção entre a comunicação e a tecnologia. Um futuro em que agilidade, velocidade e entrega de valor, tanto para os colaboradores quanto aos clientes, são cruciais.
Por isso, precisamos compreender como tecnologias como Cloud, Data e IA, destinadas a impulsionar o crescimento de negócio, dar insumos para as equipes colaborarem de uma forma híbrida e integrada, automatizar os fluxos de trabalho, diminuindo custos e acelerando o Time to Market, serão capazes de transformar a incerteza vivida por esses dias de mudanças e incertezas. Eu acredito nisso, e você?
- Marcelo Trevisani é CMO da IBM Brasil