De estudantes que abandonaram as escolas a pós doutores, a diversidade de formação é a marca dos que produzem ficção
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CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
Para escrever histórias sobre ficções ou especulações futuristas, não é preciso diploma. Aliás, para qualquer gênero literário. A diversidade de formações profissionais entre autores de distopias e escritores futuristas mostra que a capacidade de imaginar cenários e acontecimentos futuros e de refletir supera qualquer educação formal. Não há limites de um tipo específico de conhecimento.
A formação em áreas científicas ajuda, claro. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, graduado como médico, inicialmente, explora os conhecimentos e experiências acumulados. Ele tem a fama, mas foi a teoria e a prática acumulado que deu a inspiração para escrever o livro “Nada mais será como antes”. A obra aborda uma catástrofe sem precedentes que pode levar o planeta ao colapso e inclui uma trama que mistura cientistas, políticos e figuras históricas.
Ou seja, Nicolelis explora não só as informações científicas como também a experiência de quem lida com questões políticas, econômicas e sociais. Seus trabalhos projetam a interface entre o cérebro e a máquina, além de temas sobre a consciência e a complexidade do universo.
No Brasil, Ignácio de Loyola Brandão, um dos autores mais importantes da distopia brasileira, com obras como “Não Verás País Nenhum”, de 1981, abandonou os estudos formais e começou a trabalhar como jornalista aos 16 anos. Filho de um ferroviário, desde pequeno, Loyola sonhava conquistar o mundo com sua literatura.
Formação diversificada
Na verdade, a variedade de formações enriquece as narrativas, trazendo diferentes perspectivas e abordagens para a construção de mundos ficcionais. Apesar de escreverem sobre futuros fictícios, autores de distopias, frequentemente têm formações profissionais que parecem distantes da literatura. Investigando a formação de alguns dos principais autores de distopias e outros que exploram temas futuristas, encontramos uma grande variedade surpreendente.
Confira a formação de alguns dos autores:
Aldous Huxley, autor da distopia “Admirável Mundo Novo” estudou literatura inglesa em Oxford. Interessante notar que ele também tinha formação em biologia, o que certamente influenciou sua visão sobre tecnologia e sociedade em sua obra mais famosa.
Autor de líderes de vendas no mercado global, como “1984” e “A Revolução dos Bichos” George Orwell não completou seus estudos em Eton College, uma escola de elite. Sua experiência como policial imperial na Birmânia e sua participação na Guerra Civil Espanhola foram cruciais para moldar sua crítica social e política, tão presente em suas distopias.
A canadense Margaret Atwood, de ” (“O Conto da Aia”):”, formou-se em literatura inglesa pela Universidade de Toronto e possui mestrado em Harvard. O interessante é que ela também dedicou-se aos estudos de mitologia e folclore, elementos que podem ser percebidos em suas narrativas.
Ray Bradbury, de Fahrenheit 451, Bradbury não teve uma educação formal tradicional. Ele se formou em uma escola secundária e, posteriormente, se dedicou à leitura autodidata em bibliotecas. Sua paixão por histórias em quadrinhos e ficção pulp influenciou fortemente sua escrita.
Leituras
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Nada mais será como antes
Uma ameaça sem precedentes, uma rede de conspiradores poderosos e dispostos a tudo… e apenas uma neurocientista e um matemático podem salvar a humanidade.
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Não verás país nenhum
“Não verás país nenhum”, romance apocalíptico do fim dos tempos, é o maior sucesso de Ignácio de Loyola Brandão.
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Em resumo