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Emirados Árabes criam Ministério da Felicidade

Governo inova com reorganização abrangente, anunciada pelo Twitter

Redaçao
Radar do Futuro 

Quem sabe uma jogada de marketing, no momento em que os preços do petróleo despencam no mercado mundial. Mas vale encarar a disposição inédita dos Emirados Árabes de criar um Ministério da Felicidade. Que fará companhia ao Ministério da Tolerância. A criação de novos cargos faz parte da reorganização mais abrangente do governo em 44 anos de história do país.  

Segundo matéria publicada pelo New York Times, o anúncio foi feito com toda a pompa de um decreto real, divulgado no Twitter, pelo xeque Mohammed bin Rashid al-Maktoum, o governante de Dubai e primeiro-ministro do país, um dos monarcas mais ricos do mundo. A reformulação administrativa recente incluiu demonstração de preocupação com o futuro, foco assumido pelo gabinete de assuntos estratégicos do governo.

“O xeque Mohammed bin Rashid, empresário que fez carreira ligado à transportadora aérea Emirates, poeta e, atualmente, primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, tem um plano: fazer do seu país um dos melhores países do mundo no espaço de cinco anos”, assinala a  NBC. Uma mulher assume a posta da Felicidade. 

Ohood Al Roumi, uma de cinco mulheres que integram o executivo, vai assim passar do gabinete do primeiro-ministro para assumir a pasta dedicada ao bem-estar das pessoas, com a particularidade de assumir esta pasta ao mesmo tempo que mantém as responsabilidades que já tinha antes no executivo, ligadas à Economia.

O primeiro-ministro, que costuma usar o site oficial do seu cargo para publicar poemas, assegura que “a felicidade não é só uma esperança” para os Emirados Árabes Unidos. “Há planos projetos, programas e indicadores” a serem tidos em conta.

Dúvidas

A disposição de favorecer a felicidade e a tolerância é vista com reservas, evidenciadas pela reportagem, que assinala o elevado grau de excentricidade dos governantes da região. Os Emirados são um polo de contradições, entre sinais de modernidade e de atraso. As regras da economia, incluindo a o estímulo à imigração, favorecem a atração de talentos internacionais, entre profissionais qualificados. Mas a maioria dos estrangeiros é de asiáticos, de baixa remuneração. 

Nicholas McGeehan, pesquisador da Human Rights Watch, organização internacional não-governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, acredita que a criação do Ministério da Felicidade soa como algo “orwelliano e sinistro, já que esse é um estado de vigilância”. O governo é dominado por membros da realeza não eleitos. E os críticos correm risco de ser presos. “Você pode ser feliz enquanto mantiver sua boca fechada”, disse McGeehan. “Esse é o tipo de contrato social do lugar.”

“Internacionalmente, o país já está bastante feliz”, diz, com alguma ironia, a reportagem. O questionável Relatório Mundial de Felicidade coloca os Emirados na vigésima posição de um ranking global, acima da Inglaterra e abaixo da Bélgica. A Suíca ocupa o primeiro lugar, enquanto os Estados Unidos ocupam a décima quinta posição.  

 

 

 

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