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Desafios para o futuro das indústrias de máquinas

Abimaq quer identificar os candidatos à presidência que priorizarão investimentos internos
Abimaq quer identificar os candidatos à presidência que priorizarão investimentos internos

Carlos Teixeira
Jornalista I Futurista – Radar do Futuro

A indústria brasileira tem um desafio pela frente: identificar candidatos à presidência que não tenham o ajuste fiscal como prioridade central, exclusiva. E extrair compromissos que considerem a necessidade de fortalecer os investimentos em desenvolvimento da indústria. É um problema complexo. Para entender o tamanho do problema, basta seguir a constatação de que os coordenadores de propostas econômicas dos candidatos preferidos pelos próprios empresários e executivos apresentam viés monetarista em suas plataformas de campanha.

A apresentação dos resultados do semestre, em entrevista coletiva realizada no dia 31 de julho, foi uma oportunidade para a Associação Brasileira  da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) reforçar a preocupação com o futuro da indústria diante da conjuntura, que combina eleições, crise econômica, guerra comercial entre China e Estados Unidos. Além do cenário de transformação tecnológica da indústria 4.0. O diretor da entidade em Minas Gerais, Marcelo Veneroso, reitera a crença de que não há saída possível sem que sejam apresentadas propostas que levem em conta o crescimento econômico como meta central.

Contra o pensamento predominante na conjuntura atual, dominado por economistas e analistas vinculados ao sistema financeiro, a Abimaq defende uma política de Estado ativa, que possibilite a recuperação da capacidade de produção das indústrias de transformação. O setor, há dez anos, respondia por 17% do Produto Interno Bruto Brasileiro. Atualmente, a participação é de apenas 12%. O número de trabalhadores caiu de 350 mil, em 2008, para 294,6 mil em maio de 2018. O setor chegou a ter 380 mil funcionários em 2013.

O diretor de competitividade, Mário Bernardini, comanda as críticas à prioridade dada ao ajuste fiscal por parte dos candidatos à sucessão presidencial. “Ele não é garantia de que voltaremos a crescer. Ajuste fiscal é fundamental, mas está longe de ser suficiente”, comentou o executivo da entidade que representa os fabricantes nacionais de máquinas e equipamentos. A observação está implícita numa agenda de propostas entregue pela entidade aos presidenciáveis que parte da premissa de que as medidas voltadas ao reequilíbrio das contas públicas, como o enxugamento dos gastos públicos, não garantem sozinhas a retomada do crescimento.

Dados frágeis

Por conta da forte diminuição das encomendas de prazo mais longo nos setores de equipamentos de infraestrutura, dependentes de investimentos públicos, a indústria de bens de capital está trabalhando com uma carteira de pedidos para apenas dois meses, o pior nível em uma série histórica iniciada há dez anos.

Apesar disso, os resultados de junho, quando o faturamento do setor (R$ 7,12 bilhões) foi o melhor do ano, foram comemorados na apresentação dos números à imprensa. Parte do desempenho se deve ao crescimento de 15,8% das exportações, na comparação com junho de 2017, mas Bernardini minimizou o efeito positivo da desvalorização do real sobre as vendas de produtos ao exterior. “Eu reduziria a importância do câmbio mais favorável. Esse efeito leva um tempo, geralmente um ano, tanto nas importações quanto nas exportações.”

O executivo afirmou que o setor exibiu uma recuperação em “V” – ou seja, uma retomada rápida – após a greve dos caminhoneiros. “Caímos menos e tivemos uma recuperação maior do que a indústria em geral”, comentou Bernardini. Segundo ele, a indústria de máquinas, que cresceu 4,2% no primeiro semestre, mostra alguma retomada porque, apesar da insegurança sobre a sucessão presidencial, alguns clientes voltaram a renovar parques produtivos. “Faz cinco anos que não se compra máquina no País e máquina tem vida útil. Cresce porque não há mal que nunca se acabe”.

Debates com candidatos

A Abimaq preparou o documento “O caminho para o desenvolvimento”, encaminhado aos presidenciáveis com as sugestões do setor para a retomada do crescimento. Para colocar os seus temas prioritários na pauta das prioridades, a entidade convidou os atuais candidatos e respectivas assessorias econômicas para um debate com seus associados exatamente para conhecer melhor as propostas de cada um. A iniciativa inclui o objetivo de conscientizar os políticos sobre o “custo Brasil”, um tema que retorna às discussões periodicamente, sem avanços significativos. Desburocratização e reforma tributária, por exemplo, são temas que se arrastam há décadas.

O caderno especial de propostas reforça a necessidade de um ambiente adequado, que inclui o saneamento das contas públicas com a capacidade de investimento do Estado, além da reforma tributária, investimentos em segurança jurídica e eliminação do “Custo Brasil”.

 

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