A humanidade segue a lenta evolução civilizatória, enquanto Estados Unidos, China e Índia correm com seus planos espaciais
Amiga e amigo,
Durante a década de 1990 exerci a função de repórter e editor especializado em cobertura de economia, negócios e finanças em jornais impressos. Das experiências mais impressionantes, a produção de informações sobre o mercado financeiro foi a mais, por assim dizer, assustadora. Na época, existiam as bolsas de valores regionais. As informações chegavam por fax, uma das tecnologias que insistem em sobreviver aos tempos. Na cobertura em si, há poucos sinais de mudanças.
Da experiência na produção de informações sobre altas e quedas de bolsas de valores, comportamento das taxas de juros, do dólar e do ouro, análises sobre as decisões do Banco Central e expectativas de especialistas de bancos e corretoras, responsáveis por quase 100% das análises, ficou a convicção de que a confiabilidade das notícias é quase nula. Uma vez um editor me pediu uma justificativa para a bolsa ter caído 6%. Ele ficou irritado quando eu disse que a queda era o resultado do fato de que havia subido outros 6% no dia anterior.
Então
Desconfie das projeções dos grandes meios de comunicação quando você pretender antecipar tendências. A avaliação isenta sobre o perfil tanto das fontes como da maioria dos jornalistas, especialmente dos analistas econômicos, revela um perfil extremamente uniforme. O discurso dominante defende interesses das instituições financeiras. Praticamente não há pluralidade de análises. Nem sempre por maldade. Mas por falta de questionamento sobre a diversidade de teorias que embasam a visão dos mercados.
Um grande abraço,
Carlos Plácido Teixeira
Jornalista, gestor de radar
Insights
Futuro do trabalho
A proliferação de matérias especulativas sobre o comportamento das empresas no futuro, quando a pandemia deixar de ser um problema, não deixa dúvidas: empresários e gestores esperam a vacinação avançar, o que parece imprevisível, para decidir o tamanho de suas novas áreas comerciais. E o modelo híbrido ganha força como o formato do escritório do pós-covid.
Trabalho do futuro
A capacidade de adaptação a novas habilidades e conhecimentos será, de verdade, uma exigência do trabalho do futuro. Resiliência é a palavra. Já hoje, quantas ferramentas existiram e deixaram de existir. Um grande ícone é o Adobe Flash Player. O suporte oficial ao sistema foi encerrado por completo no final de 2020, depois de quase 25 anos de vida. Muita gente boa investiu no sistema. Hoje, os desenvolvedores têm de se virar e utilizar os conhecimentos em outras praias. Quando você vira mestre em um conhecimento, ele deixa de ser importante. Casos assim serão cada vez mais comuns.
Realidade virtual ajuda habilidades pessoais
A Mursion, uma empresa de São Francisco, oferece treinamento baseado em RV para ajudar os funcionários a melhorar suas habilidades pessoais. Ao interagir com avatares em simulações realistas, os gerentes podem aprender a dar feedback construtivo, os vendedores podem aperfeiçoar suas habilidades de negociação e os agentes do call center podem praticar acalmar os clientes irritados – sem colocar em risco quaisquer relacionamentos ou negócios da vida real.
A pandemia também é de ansiedade
Em condições normais, a ansiedade atinge uma em cada cinco pessoas de forma mais intensa. Raramente é diagnosticada no início, as pessoas a confundem com estresse do cotidiano onde metas profissionais cada vez mais elevadas vão sendo impostas por terceiros ou por nós mesmos. Com a pandemia o quadro piora, ainda mais no Brasil, o campeão mundial em número de casos de pessoas com ansiedade. As mulheres durante a atual pandemia foram as mais afetadas pelo problema, segundo uma pesquisa brasileira do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-HC-FMUSP).
E se o robô de investimento falhar?
A popularização do mercado de capitais no Brasil tem aberto espaço para tecnologias de robo-advisors, ou robôs de investimentos. O que gera dúvidas. Em momentos como o que estamos vivendo, de oscilações nas Bolsas de Valores, surgem questionamentos sobre o preparo dos robôs para lidar com situações atípicas e sobre os limites de responsabilidades no caso de falhas nessa tecnologia.
Mais insights
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Indicadores
Beleza masculina – Um relatório da Research & Markets projeta que, em 2023, o mercado global de beleza masculina deve alcançar o faturamento de US$ 78,6 bilhões. Um número promissor que atrai investimentos por parte das grandes corporações do setor. Entre 2012 e 2017, só no Brasil, o setor de beleza masculina obteve crescimento de 70% e segue ativo mesmo durante a pandemia.
Receptividade digital – O Brasil está entre os países considerados pioneiros na adoção de tecnologias no setor financeiro, segundo estudo da Accenture sobre a atitude do consumidor em relação à inovação no setor bancário. A pesquisa realizada com mais de 47.000 pessoas em 27 países, incluindo 2.000 brasileiros, descobriu que os consumidores no país latino-americano estão mais abertos a novas formas de administrar seu dinheiro e são definidos como “tomadores de risco com experiência em tecnologia”.
Tendências
Humanização do comércio online
O ritmo lento da vacinação e a aceleração da tragédia sanitária são os ingredientes mais evidentes para o fortalecimento da tendência do “live commerce” no Brasil. A modalidade, impulsionada em lugares como na China, propõe a comercialização de produtos ao vivo, mas pelas redes de comunicação digital. Ou seja, você acessa um site e um vendedor atende, humanamente falando. É o reverso dos insuportáveis assistentes digitais. Salte mais alguns anos, introduza a realidade virtual e responda: dá para imaginar como serão as compras em mais algum tempo?
Ainda no comércio
A ausência de horizontes mais claros para o futuro do País dá uma força extraordinária para as retailtechs, as startups que desenvolvem aplicativos para o comerciantes. Os negócios triplicaram nos dois primeiros meses de 2021, em comparação com o ano anterior. É o que mostra a pesquisa Inside Retailtech Report, realizada pela Distrito Dataminer e enviada em primeira mão para a Consumidor Moderno. É a necessidade, e não a oportunidade, que está impulsionando a demanda que, adiante, vai gerar maior impacto nas lojas físicas.
Sinais contrários
Quando apenas no quarteirão onde você mora existem duas construções de prédios atazanando a sua vida, há duas tendências a entender. Do lado positivo, de curtíssimo prazo, uma retomada da área de engenharia, com novos projetos e mais otimismo. Confirmado pelo mercado imobiliário, onde os preços sobem com a demanda aquecida. São sinais de mudanças. Mas para bom entendedor, fica a mensagem. Há um outro lado: prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Profissões do futuro
Enfermagem: o futuro da profissão após a pandemia
Os profissionais de enfermagem ganharam visibilidade na pandemia. O futuro da profissão, porém, depende de reconhecimento e melhores condições de trabalho. Confira na matéria especial da Elisângela Orlando
- Também: 8 Tecnologias digitais de saúde que transformam o futuro da enfermagem. Leia agora
Para antecipar o futuro
O que possibilita que uma pessoa se identifique como futurista? Este é o tema de meu artigo mais recente, publicado aqui no Radar do Futuro. Faço uma pequena reminiscência da minha trajetória profissional, desde a década de 1990, quando tive uma coluna sobre tendências setoriais em um jornal de Belo Horizonte. Na realidade, o futuro me interessava há mais tempo, desde o momento em que conheci os conceitos de “sistemas de informação de marketing”.
No artigo concluo que, na prática, a formalização profissional deve ser o menos importante para ter a identificação de futurista em um cartão de visita. O que não significa a possibilidade de dispensar esforços de conhecimento. Ao contrário, antecipar o futuro e antecipar tendências requer o gasto de energia cerebral intensa. É um processo de costura de dados e informações. Semelhante a todo processo de criatividade, que requer 99% de dedicação para 1% de inspiração.
Confira a qualidade dos dados
Uma previsão quantitativa baseada em dados históricos pode ser distorcida se os dados forem insuficientes ou ruins. Como exemplo extremo, não se pode fazer uma previsão precisa de cinco anos se ela se basear em dados de apenas um ano. E mesmo assim a previsão pode ser falha. Outro problema de dados pode surgir se a previsão for baseada em suposições incorretas. Nessa situação, dados bons são mal utilizados para produzir previsões ruins. Somente uma avaliação crítica pode garantir que uma previsão seja tão precisa quanto possível.
Siga o líder
A BRF, segunda maior fornecedora mundial de aves, fechou parceria com a startup israelense Aleph Farms que vai possibilitar abastecer supermercados com carne produzida em laboratório a partir de 2024. Pesquisas estão sendo desenvolvidas para oferecer produtos ao gosto dos brasileiros.
O portal de negócios Mercado Livre pretende investir R$ 10 bilhões no Brasil em 2021, fortalecendo suas operações no Brasil, o seu principal mercado. A empresa identifica a América Latina como a região de maior crescimento do comércio eletrônico no mundo. Os recursos serão destinados, então, à área de logística, incluindo frotas de caminhões e aviões e novos armazéns. Também deve expandir a oferta de crédito e de produtos em sua estrutura de vendas, incluindo produtos de supermercados.
A China promove atualmente o “Made in China 2025”, um plano que visa fortalecer a produção manufatureira de alto valor agregado no país. Entre os setores considerados chave pelo governo estão tecnologia da informação, equipamento aeroespacial, novos materiais, equipamentos médicos, maquinário agrícola, entre outros.
Em resumo