Conversas sobre o futuro: saúde mental & qualidade de vida – 24 de abril

Empresários conseguem adiar a vigência da norma que define o monitoramento da qualidade de vida dos trabalhadores​

Governo avalia adiar a implantação da NR-1

O Ministério do Trabalho não resistiu à pressão do setor empresarial e tende a acatar as reivindicações de adiamento do prazo de implantação da Norma Regulamentadora 1 (NR-1). As novas diretrizes, que incluem o monitoramento da saúde mental como uma das prioridades, podem ser deixadas para o próximo ano. Falta apenas a divulgação de uma nova data.

A atualização da norma foi anunciada em agosto de 2024. Não foi um acaso: é o ano em que o país teve o maior número de afastamentos do trabalho por saúde mental em 10 anos. E não é um dado isolado.

É uma tendência. A crise na saúde mental tende a ser agravada diante do cenário complexo da sociedade e dos mercados.

Para entender – A NR-1 traz todas as diretrizes para o monitoramento da saúde dos funcionários no ambiente de trabalho. Deveria vigorar a partir de 26 de maio. Com a atualização, ela passaria a incluir os riscos psicossociais.

Isso significa que as regras passam a ter o mesmo peso de fiscalização como questões que envolvem acidentes e condições precárias do trabalho.

Expectativas frustradas

Donos de empresas e altos executivos nem sempre sabem das dificuldades enfrentadas no cotidiano dos seus gestores de RH e de outras áreas gerenciais. Então, para eles, a NR-1 é apenas uma burocracia a mais. Para quem lida com a média e baixa hierarquia, o ambiente corporativo é marcado por desafios permanentes de relacionamentos individuais e interpessoais.

Logo, o adiamento frustra as expectativas dos profissionais que lidam com as questões trabalhistas. Especialistas alegam que o recuo do Ministério do Trabalho representa um retrocesso diante do cenário de aumento dos problemas relacionados com saúde mental e que o trabalho é um fator estressor importante, que deve ser priorizado.

Masculinismo: homens em surto

Agressões físicas e verbais, discursos de ódio às mulheres, aumento exponencial dos feminicídios: tudo isso se inscreve numa tendência mundial que ganha impulso exponencial. O masculinismo combina mudanças do sistema econômico e da estrutura da sociedade, cada vez mais excludentes, conquistas femininas e dificuldades cognitivas dos homens. As variáveis, juntas ou separadas, têm provocado reações violentas dos “masculinistas”, abrigados em fóruns de discussão, na chamada “machosfera” ou soltos pelo mundo.

Por que importa?

O fenômeno é global. No Reino Unido, o aumento do masculinismo nas escolas britânicas intriga educadores e o governo. Cada vez mais professores vêm a público denunciar sua preocupação com comportamentos misóginos entre alunos. O fenômeno é atribuído às redes sociais, videogames e o destaque de figuras sexistas, como o influenciador britânico-americano Andrew Tate e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Masculinismo exponencial

A violência, seja no feminicídio ou na misoginia, é o sinal mais explícito, mas não o único. Eleições de políticos de extrema direita, expansão do militarismo e adoção de rituais religiosos são evidências de um processo de adoecimento mental coletivo. Confira eventos e acontecimento recentes:

• No Rio Grande do Sul, apenas durante o feriado de Páscoa, 10 mulheres foram mortas por seus, em tese, companheiros.
• Homens ricos aderem ao movimento Legendários
• Igrejas evangélicas, lideradas por homens, pregam a ideia de que homens devem ser provedores e mulheres submissas
• Eleições de líderes de extrema direita, como Trump e outros

Ciência | Brasil

Anvisa aprova 1º tratamento que promete retardar Alzheimer

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento Kisunla (donanemabe), da farmacêutica Eli Lilly do Brasil, para o tratamento de Alzheimer em sintomas iniciais. Essa é a primeira medicação aprovada que promete retardar a progressão da doença em adultos sintomáticos. A aprovação foi publicada na última quinta-feira (17) no Diário Oficial da União (DOU).

• Pessoas com doença de Alzheimer podem manter sua capacidade de empatia, apesar do declínio em outras habilidades sociais, revela um novo estudo liderado por pesquisadores da University College London (UCL).
• Um novo estudo da Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade Columbia e do Centro de Envelhecimento Butler da Universidade Columbia sugere que fatores de risco e biomarcadores relacionados à doença de Alzheimer estão associados à cognição muito mais cedo do que se imaginava.

Traumas de infância estão associados a mais de 30% dos transtornos psiquiátricos em adolescentes

Uma forte ligação entre traumas na infância e o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos na adolescência é revelada em estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina (FM) da USP em parceria com a Universidade de Bath, no Reino Unido. Publicada na revista The Lancet Global Health, a pesquisa analisou dados de mais de 4 mil jovens brasileiros e identificou que mais de 80% deles vivenciaram ao menos um evento traumático até os 18 anos. Estima-se que 30,6% dos diagnósticos aos 18 anos estejam relacionados a experiências traumáticas na infância.

• Jovens com supervisão familiar próxima desenvolvem melhor capacidade cerebral de autocontrole. Outra pesquisa da USP reforça a importância do vínculo afetivo familiar unido à supervisão na prevenção de comportamentos infracionais como furtos, ataques virtuais e agressões.
• Recém-nascidos que vivem perto de árvores tendem a ser mais saudáveis

Ciência | Mundo

Novas descobertas sobre impactos das mudanças climáticas

Experiências traumáticas relacionadas a eventos climáticos extremos podem alterar significativamente como as pessoas tomam decisões financeiras e avaliam riscos, mesmo anos após o ocorrido. Esta é a principal conclusão de um estudo inovador realizado pela Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), que traz novas perspectivas sobre os impactos psicológicos duradouros das mudanças climáticas.

ONU aponta efeitos sobre violência contra mulheres – Um novo relatório da Iniciativa Spotlight das Nações Unidas mostra que o aumento da temperatura global e os desastres naturais intensificam a violência de gênero, elevando casos de agressão por parceiros íntimos, feminicídios, casamento infantil, tráfico de pessoas e exploração sexual. O estudo aponta que a cada grau Celsius a mais na temperatura, a violência entre parceiros íntimos cresce quase 5%, com projeções alarmantes para as próximas décadas caso o aquecimento continue no ritmo atual.

Psicodélicos podem reverter interações neuroimunes que aumentam o medo

Um novo estudo sugere que o medo e o sistema imunológico estão conectados de maneiras até então desconhecidas. Pesquisadores do Mass General Brigham descobriram que o sistema imunológico pode influenciar comportamentos de estresse e medo, alterando a forma como as células cerebrais se comunicam.

Cientistas Descobrem Como as Memórias Controlam o Metabolismo
Uma nova pesquisa multidisciplinar mostra que o cérebro forma memórias de experiências frias e as utiliza para controlar nosso metabolismo. O estudo mostra que as memórias frias se formam no cérebro — e mapeia como elas, posteriormente, impulsionam a termorregulação.

Informações & Insights

Estudo investiga associação entre políticas públicas e felicidade

O que faz os brasilienses felizes? Essa é a pergunta que norteia um estudo inédito conduzido pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF). Intitulada “Felicidade no Distrito Federal: fatores associados e implicações para Políticas Públicas”, a pesquisa busca entender, com profundidade, quais aspectos da vida têm mais influência sobre a percepção de bem-estar da população maior de 18 anos residente na capital do país.

A coleta de dados teve início em abril e segue até maio, por meio de ligações telefônicas realizadas pela Central de Atendimento 156. Durante as entrevistas, com duração média de até oito minutos, os cidadãos são convidados a refletir e compartilhar espontaneamente o que os faz felizes. Com uma amostra representativa de 1.670 pessoas, o levantamento utilizará metodologia quantitativa e questionário estruturado.

Em São Paulo, 65,7% das gestantes não esperavam a gravidez

No Estado de São Paulo 65,7% das gestantes não planejaram a gravidez. É o que revela uma pesquisa de doutorado desenvolvida pelo sociólogo Negli Gallardo-Alvarado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O índice é dez pontos percentuais superior ao registrado historicamente pela literatura médica no Brasil, em torno de 55%. O estudo abrangeu 534 grávidas, de 18 a 49 anos, entre março de 2023 e junho de 2024, todas residentes em São Paulo.

A dinâmica familiar molda a imagem corporal de forma diferente em cada cultura

A apreciação corporal difere entre as sociedades do Oriente Médio e do Ocidente, revela um novo estudo internacional, destacando como as influências culturais e familiares moldam a imagem corporal e os comportamentos alimentares em mulheres jovens. O estudo entrevistou mais de 850 mulheres de 18 a 25 anos na Austrália e no Líbano, examinando os papéis que mães e irmãs desempenham na formação da insatisfação corporal, da apreciação corporal e dos padrões alimentares.

• Em um estudo multi-institucional de uma década, psicólogos da Universidade de Alberta se uniram à Universidade Radboud, na Holanda, para desenvolver uma abordagem de tratamento de precisão para depressão que oferece aos pacientes recomendações individualizadas com base em diversas características, como idade e sexo. Seus resultados foram publicados na revista PLOS One.
• Em um estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine , Kristine Schmitz, professora assistente de pediatria na Rutgers Robert Wood Johnson Medical School (RWJMS), juntamente com outros pesquisadores da RWJMS e das universidades de Princeton e Rider, relata que crianças expostas à depressão paterna ao entrar no jardim de infância têm muito mais probabilidade de apresentar dificuldades comportamentais relatadas pelos professores e habilidades sociais precárias aos 9 anos de idade.

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