Conversas sobre o futuro: o papel dos líderes e mais insights e tendências

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Na newsletter semanal de questões importantes sobre o futuro, o tema da vez é o papel dos líderes. Eles mudam os rumos da história. Sinalizam a paz e a guerra

Oi, pessoal ligado no presente e no futuro
Nossa conversa de hoje gira em torno do papel dos líderes na construção do futuro.

Para antecipar as tendências, preste atenção nos movimentos dos atores — ou stakeholders, partes interessadas, no jargão dos negócios — em ação. E monitore, em especial, os líderes. A regra vale agora mesmo, quando a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, lança os sinais de fumaça sobre novos campos de guerra, o vício do império do Ocidente, abastecido pela indústria de armas e interesses de setores empresariais detentores de influência econômica, política e social. Em palestra registrada nas redes sociais, a mulher mais poderosa dos EUA diz para a plateia que “por anos e gerações, guerras foram travadas por petróleo. Em uma questão de tempo, elas serão travadas por água”.

A segunda lição do dia para quem quer se antecipar ao que vem por aí: debruce-se sobre os sinais, interprete discursos. Vale entender o conteúdo discursivo da própria Harris na rede social do Twitter. Ela diz ser alguém que “luta pelo povo”. Lutar tem sido, na tradição do país, um chamado para a guerra. Nada mais apropriado para um país que se posiciona como defensor da liberdade global, mas que tem como hábito intervir em países, utilizando com o maior poderio bélico do planeta ou por meio de guerras híbridas.

Impactos

Foi um aviso, uma antecipação de intenções. E não um simples alerta. No cenário em que paz parece ser algo que só existe em dicionários, o mundo tende a ver, brevemente, o início de uma nova era de intervenções dos Estados Unidos para assegurar o domínio em relação às fontes do líquido essencial para a sobrevivência. As disputas por água já eram previstas desde o início do século. A novidade é que a vice-presidente sinaliza o reconhecimento da atualidade do tema. A perspectiva cria mais um fator de tensão no cenário geopolítico global. No cenário que envolve questões ambientais, os movimentos de guerra, convencional ou não, colocam a América Latina, inclusive, ou especialmente, o Brasil, na mira das corporações norte-americanas.

Por que é importante seguir o líder?

A mudança de governo nos Estados Unidos, do republicano Trump para Biden, altera o quadro geopolítico de curto prazo. Um negava a pandemia e a questão climática. O atual, não só providenciou vacinas como, também, recolocou o país nas discussões sobre a questão ambiental.

Grande abraço,
Carlos Plácido Teixeira
Jornalista – monitor do Radar do Futuro

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    Renascimento de Keynes

    Ainda nos Estados Unidos, volta à cena o Estado como indutor de crescimento e fortalecimento da economia. Nada que possa ser considerado muito radical, mas o suficiente para que conservadores brasileiros e o mercado financeiro achem que o principal país capitalista do mundo está “esquerdizando”. Inspirado nas ideias de John Maynard Keynes, o presidente Joe Biden colocou em campo um plano de investimento de 1,9 trilhão de dólares. Com grande foco na infraestrutura, cujas atividades são geradoras de trabalho e renda.

    O transporte ferroviário de passageiros terá US$ 85 bilhões para modernização, envolvendo outras áreas de serviço ao usuário. E outros US$ 80 bilhões vão para a melhoria e expansão da rede ferroviária de passageiros e cargas do país. Em resumo, política monetária expansiva, aumento de impostos sobre grandes empresas e força para os sindicatos.

    Sem investidores e porta-vozes do mercado financeiro para fazer terrorismo sobre gastos públicos, os investimentos totais com a pandemia se aproximam de US$ 4 trilhões. E podem chegar a mais. Os planos de Biden são, como reconhecem analistas da imprensa tradicional, uma virada radical em conceitos e construções teóricas de políticas econômicas, com a morte do neoliberalismo. Com Keynes no jogo, desenvolvimentistas e intervencionistas acreditam que há uma inversão da prioridade da cartilha neoliberal disseminada por Reagan e Thatcher e que ainda inspira o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes.


    Japão cria ministério contra a solidão

    “O meu vizinho do lado / Se matou de solidão”. O problema é antigo, como já cantavam Toquinho e Vinícius na música “Um homem chamado Alfredo“. Agora, traumas mentais se agravam. E governos realmente preocupados com a qualidade de vida de suas populações agem. Como no Japão, que segue o exemplo do Reino Unido e nomeia um ministro da Solidão.

    É o resultado da falta de contato social no Japão durante a pandemia, que levou a um aumento no número de suicídios. Das pessoas mortas no país asiático, 14% não dividiam moradia com ninguém. Ao morrer, tiveram seus corpos encontrados entre um e três meses depois do óbito. Em 2020, o país asiático registrou 21.919 suicídios, dos quais 479 eram de escolares e 6.976 de mulheres. Foi o primeiro aumento em 11 anos.

    O ministro da Solidão, Tetsushi Sakamoto, combinará seu trabalho com o de ministro da Revitalização das Regiões e coordenará uma estratégia entre os ministérios para enfrentar um fenômeno agravado pela queda da natalidade e a massificação nas cidades.

    De acordo com a revista digital Nikkei Asia, a expectativa é que as medidas japonesas para ajudar as pessoas sozinhas sigam o caminho da estratégia do Reino Unido, que criou em janeiro de 2018 o primeiro departamento (no caso, um secretário de Estado) para lutar contra uma epidemia social que afeta cerca de nove milhões de britânicos.


    Insights

    A Universidade de São Paulo lançou uma plataforma, Hub USP Inovação, para conectar alunos envolvidos em pesquisas com empresas. O objetivo é facilitar o acesso de companhias e startups às diversas pesquisas desenvolvidas nos 42 institutos da universidade. A agência USP de Inovação, a Auspin, estima que cerca de mil e 700 empresas e startups, como Nubank, 99 e iFood foram fundadas por alunos da Universidade de São Paulo.

    A projeção de crescimento no consumo de games no Brasil deve chegar a 11% em 2021, conforme informado pela 20ª Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia Brasil (PwC).

    Os projetos de taxis voadores podem ser viabilizados em breve. O melhor sinal é o fato de que há investidores correndo em direção a oportunidades novas, que se consolidam graças ao desenvolvimento dos veículos que incorporam baterias melhores e materiais leves.

    Em Pequim, na China, um dispositivo inteligente de gerenciamento de tráfego foi colocado em operação experimental. O equipamento emitirá avisos de voz quando o semáforo mudar e alguém fizer algo errado. Uma imagem também projeta a imagem dos infratores em uma tela grande.

    A primeira cidade inteiramente privada recebeu luz verde do governo neoliberal pós-golpe de Estado de Honduras. Ela será administrada pela empresa de tecnologia americana Próspera, de acordo com suas próprias leis e governo.


    Indicadores

    Desperdício: Apenas Rio de Janeiro e São Paulo gastam R$ 5,2 bilhões em um ano para aplicar na guerra às drogas. Mantida a ilegalidade como hoje, no futuro a repressão tende a continuar como hoje: ineficaz. E desastrosa.

    Fome crescente: Pela primeira vez em 17 anos, mais de 50% da população não tem segurança alimentar no Brasil.

    Saúde mental em crise: Estudo britânico mostra fortes indícios de ligação entre a covid-19 e a ocorrência de problemas neurológicos e psiquiátricos. Segundo o artigo, publicado na última edição da revista The Lancet Psychiatry, um em cada três sobreviventes da covid-19 (34%) foi diagnosticado com uma condição neurológica ou psiquiátrica. A ansiedade (17%) e outros transtornos de humor (14%) foram os problemas mais frequentes.

    Confira
    Saúde mental: quais os impactos da pandemia sobre o futuro das pessoas


    Tendências

    Cães também serão substituídos por robôs?.

    Pelo menos em serviços de segurança e operações militares, a resposta parece que sim. É a parte boa da inovação. Em um exercício militar realizado na França, o mais novo protagonista foi um robô quadrúpede, o Spot, construído pela empresa norte-americana Boston Dynamics. O robô aparentemente estava sendo usado para reconhecimento durante um exercício de treinamento de dois dias. Em Nova York, foi a polícia que apresentou a sua mais nova aquisição, desenvolvida pela mesma empresa (confira o vídeo).

    A adoção do “bicho tecnológico” aponta para a aceleração da tendência de introdução dos robôs na vida da sociedade. E levanta questões sobre como e onde as máquinas da companhia serão usadas no futuro.

    Agora sim, a hora dos vestíveis está chegando

    A pandemia atingiu a indústria de smartphones de forma especialmente forte, com as remessas globais de smartphones diminuindo em 2020, à medida que a demanda e a oferta despencavam. A futurista Amy Webb avalia que, embora as vendas de smartphones provavelmente se recuperem em 2021, eles também terão que competir com uma nova geração de óculos e vestíveis inteligentes que está entrando no mercado. 

    Isso inclui os óculos inteligentes da Apple, que ainda não foram lançados, os fones de ouvido de realidade virtual, como o Oculus Quest 2 do Facebook e o HoloLens da Microsoft, e uma indústria crescente de wearables e “hearables” como os Apple AirPods. 

    Webb observa que as pessoas estão mantendo seus smartphones antigos por mais tempo e estão menos entusiasmadas com os novos recursos. Para a futurista, “simplesmente não há muitos novos recursos ou funcionalidades atraentes. Então, estamos saindo disso. É um paradigma diferente, de um único telefone para uma nova constelação de dispositivos que nós vai usar ou incorporar. “

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      Movimentos sociais articulam distribuição de comida diante do aumento da desigualdade no Brasil - A fome de hoje diz muito sobre o futuro.
Foto: MST
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