Habilidades humanas, como a escrita a mão, podem ser perdidas por conta da influência crescente das tecnologias
CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
Matéria publicada pelo site La Nacion, da Argentina, republicada pelo site O Globo e mídias sociais destaca seis habilidades de trabalho que os nascidos até o início do século desenvolviam como parte da natureza humana, mas que podem ser perdidas com os novos tempos. Escrever a mão, fazer conta de cabeça, relatar acontecimentos e registrar informações na memória pessoal são algumas dos hábitos impactados pelo uso crescente de computadores, dos telefones celulares e da inteligência artificial.
Com superficialidade típica da mídia corporativa global, a matéria “entrevista” o sistema de inteligência artificial ChatGPT para concluir que algumas competências já não são necessárias, pois perderam relevância e, nos próximos anos, não serão mais requisitadas, levando em conta o contexto de transformações da sociedade. À medida que o tempo passa, as habilidades que eram cruciais para o dia a dia perdem relevância.
É verdade, que a tendência ocorre com a contribuição do avanço tecnológico, que impacta as mudanças socioeconômicas e ao mercado de trabalho. Mas é essencial levar em conta o papel desempenhado por escolhas políticas, econômicas e pedagógicas. Psicólogos e neurocientistas apontam que a perda de habilidade de escrita, por exemplo, pode estar relacionada ao aumento do uso de dispositivos digitais e à consequente diminuição da prática da escrita manual.
Este fenômeno pode levar a uma redução das capacidades de compreensão e expressão escrita, já que a leitura em plataformas digitais pode comprometer a atenção e a retenção de informações. Além disso, transtornos específicos, como a disgrafia, podem impactar diretamente a habilidade de escrever, dificultando a expressão gráfica e a fluência na escrita. A inteligência artificial tende a acelerar processos de substituição de habilidades humanas, da escrita até o uso da criatividade.
O que diz o ChatGPT
“Quais são as 6 habilidades que já não importarão no futuro?”. A pergunta foi encaminhada pela reportagem do La Nacion ao aplicativo de inteligência artificial da OpenAI. O ChatGPT destacou que, “embora certas habilidades possam perder protagonismo, isso não significa que desaparecerão completamente, já que alguns contextos ainda as exigirão. Em seu lugar, estão surgindo novas competências que refletem as demandas do futuro”.
Confira abaixo a lista com seis habilidades que poderiam perder importância no futuro, com base em tendências atuais, segundo a inteligência artificial:
Escrita manual e caligrafia: a habilidade de escrever à mão de forma elegante ou mesmo com boa ortografia está se tornando menos crucial. A digitalização transformou a maneira como as ideias são comunicadas. Teclados, telas sensíveis ao toque e reconhecimento de voz substituíram a necessidade de escrever à mão. Além disso, os programas de autocorreção e assistentes de escrita reduzem a importância de ter uma caligrafia clara ou escrever sem erros. Ainda assim, essa habilidade pode continuar sendo valiosa em atividades artísticas, design gráfico ou para personalizar cartões e cartas.
Cálculo manual: com a presença de calculadoras, aplicativos e programas que resolvem problemas matemáticos complexos, as habilidades de cálculo manual estão perdendo importância. No ambiente de trabalho, os processos automatizados geralmente assumem essas tarefas. Mesmo assim, essa habilidade ainda é fundamental na educação básica, em exames ou para resolver problemas em situações onde a tecnologia não está disponível.
Conhecimento básico de tecnologias antigas: competências relacionadas ao uso de dispositivos obsoletos, como máquinas de fax ou sistemas operacionais antigos, estão se tornando irrelevantes, pois estão sendo substituídas por tecnologias mais rápidas e eficientes. Ainda há exceções, como algumas indústrias ou arquivos governamentais que dependem de equipamentos ou formatos antigos para acessar documentos históricos.
Trabalho repetitivo não especializado: habilidades focadas em tarefas rotineiras e repetitivas, como montagem manual em fábricas, estão sendo substituídas pela robótica e pela inteligência artificial. Isso não apenas aumenta a eficiência, mas também reduz custos para as empresas. Atualmente, essas habilidades são necessárias apenas em trabalhos que demandam destreza manual, criatividade ou adaptabilidade, pois ainda dependem de capacidades humanas. Um exemplo claro é a marcenaria artesanal, a alfaiataria, a culinária ou a produção de cerâmica e olaria.
Memorização de dados: com o acesso instantâneo a informações por meio da internet e de assistentes inteligentes, a habilidade de memorizar grandes volumes de dados está se tornando menos útil. O mais importante agora é saber buscar e usar as informações de forma eficaz. Ainda assim, em áreas como medicina ou direito, é indispensável memorizar certos conhecimentos básicos, embora isso seja cada vez mais complementado pela tecnologia.
Atendimento ao cliente básico: muitas tarefas de atendimento ao cliente, como responder a perguntas comuns, estão sendo realizadas por chatbots e sistemas de inteligência artificial, reduzindo a necessidade de habilidades humanas básicas nesse campo. No entanto, as habilidades humanas continuam sendo inestimáveis em situações que exigem empatia, resolução de problemas complexos ou personalização.
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