Racionalizar, superficializar e supersimplificar são modos habituais de pôr tudo em termos binários e, assim, tentar ignorar as nuanças da realidade da qual somos parte
Reforma do ensino: o novo currículo comum deve fracassar, como os anteriores
Professor finaliza mestrado com tese sobre a reforma do ensino, em que avalia perspectivas negativas para o processo que entra em vigor a partir de 2022
Relatório aponta as megatendências que preocupam a União Europeia
Clima, influência tecnológica, democracia instável e demografia: as megatendências que a União Europeia aponta como as principais forças de influência até 2050
Relatório de riscos globais: por que os líderes estão mais preocupados?
Estudo anual sobre riscos globais do Fórum Econômico Mundial, mostram as lideranças ainda preocupadas com os efeitos da pandemia
Relatório mostra a educação maltratada
Brasil destina menos recursos para pagar professores do que países da OCDE
Repense o que você precisa repensar
m um mundo com fortes mudanças, as habilidades e competências necessárias anteriormente para alcançar o sucesso no mercado de trabalho também mudaram. O caminho também mudou – e talvez já nem haja apenas um caminho. Segundo Pedro Waengertner, cofundador e CEO da ACE, estamos vivendo o início de uma grande revolução – algo comparável apenas ao início da primeira revolução industrial. E para isso, é preciso olhar o mundo com novos olhos.
Segundo ele, todos os profissionais cresceram ouvindo que precisavam estudar e trabalhar duro para chegar ao topo e ter sucesso. “Mas não é todo mundo que vai conseguir chegar ao topo. E ao mesmo tempo, todos nos falam para seguir o mesmo caminho: estude, trabalhe e você terá sucesso. Estamos acostumados a pensar na carreira como uma linha reta.” Mas ele avisa: tudo que nós estudamos e aprendemos, não serve mais, ou serve só em parte.
“Tudo o que nos ensinaram que era certo tinha um propósito para o futuro, mas esse futuro não existe mais”, diz Waengertner. Para sobreviver nesse novo cenário, é preciso parar e refletir. A primeira grande mudança que ele aponta é que a carreira não é mais uma questão singular, mas plural, única para cada um. Para isso, Waengertner lista algumas novas habilidades que servem para todos os profissionais.
“As universidades foram criadas como lugares que aglutinam conhecimento, mas o conhecimento deixou de estar lá. Se eu fizer uma pergunta aqui, todo mundo vai pegar o celular e responder”, explica Waengertner. Segundo ele, no mundo de hoje, não é o conhecimento disponível que faz com que as pessoas tenham carreiras brilhantes, mas o que cada um faz com esse conhecimento. “A chave é estar sempre aprendendo, mas não é algo passivo, precisa casar o conhecimento com algo prático.”
Quem acha que a carreira em Y é algo moderno já está obsoleto. O útil agora é desenhar a sua carreira em T, defende Waengertner. Empresas modernas trabalham com esquadrões, que são formados de acordo com os problemas que estão postos naquele momento. Depois que são solucionados, são dissolvidos e criados novos esquadrões. Nessas células, os profissionais trabalham com pessoas de outras áreas e disciplinas. “Esse método de gestão, cada vez mais, vai atingir as empresas tradicionais”, diz Waengertner. Assim, todos precisam se preparar para essa nova formação das empresas.
Ter uma carreira em T significa estar adaptado a esse cenário. “Você precisa ter um conjunto de habilidades mais genérico (horizontal do T), mas ser muito bom em uma coisa (vertical). Assim, na hora de formar esquadrões, você consegue fazer outras coisas, que não são exatamente a sua formação”, diz ele. “Times ágeis precisam disso, mas a gente foi acostumado a pensar ao contrário, que você tem de fazer só uma coisa.”
“Não há mais aquele peso de ter de escolher o que você vai prestar no vestibular”, diz Waengertner. Ele defende que as pessoas precisam testar novas profissões e se expor a novas experiências para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. “A carreira do futuro é uma carreira que a gente não cai nela sem querer”, explica ele. A chave aqui é ter sempre a sensação de que você está crescendo.
“Não tem nenhuma aula, o curso na faculdade nunca nos ensina a não ser um babaca com as pessoas”, diz ele. Mas essa é uma habilidade extremamente importante, e que diferencia o profissional humano da máquina – algo importante no novo mercado de trabalho.
“A gente pensa em ter sucesso em 20 anos e poder viajar o mundo, mas no meio do caminho acontecem mil coisas que atrapalham esse caminho”, diz ele. É preciso pensar no sucesso durante a sua carreira, fazer o que te faz feliz no presente, não só no futuro. Ao mesmo tempo, é preciso repensar o risco. “A gente acha que pular de uma carreira para outra é um risco, mas isso é olhar para a vida atual com os olhos do passado. Risco hoje é ficar parado, se você se mexer, pelo menos está indo para algum lugar.”
Representatividade feminina avança em novas áreas
Os segmentos veterinário, farmacêutico e de franquias vêm ganhando ampla representatividade feminina
RH: o que esperar do futuro
Assistentes de RH têm 90% de chance de perder os seus empregos
Riscos futuros da baixa prioridade da segurança digital
Radar do Futuro
Os responsáveis pelas áreas de segurança da informação — chief information security officer (CISOs) –, de grandes empresas, estão preocupados com a falta de empenho das organizações para colocarem em prática as estratégias de cibersegurança. Segundo uma pesquisa da
4CyberSec, uma consultoria internacional de cibersegurança, que oferece serviços de análise de risco, soluções estratégicas e treinamentos de segurança digital, 70% dos acreditam que foram contratados apenas para cumprir uma exigência.
“A cultura da segurança digital é o tema mais difícil de abordar dentro das organizações brasileiras”, assinala a pesquisa, que registrou a avaliação de 23 CISOs atuantes em importantes empresas brasileiras de médio e grande porte. O estudo teve o objetivo de medir o estresse desses profissionais diante da falta de preparo das companhias para as novas tecnologias e os riscos que elas também oferecem.
De acordo com o relatório, a questão “cultural das organizações” foi colocada em primeiro lugar como um assunto delicado de ser tratado (34.78%), ficando à frente da “consciência dos seus usuários” (26.09%) e dos “custos” (26.09%). Rafael Narezzi, Chief Technology Officer (CTO) da 4CyberSec, explica que esses dados só fortalecem a tese de que a cultura das empresas brasileiras é o primeiro ponto que precisa ser mudado no que se refere à segurança cibernética.
Priorização
“Antes de grandes estratégias, planos de ação contra ciberataques ou tecnologias de última geração, as empresas precisam estabelecer um método de trabalho baseado em uma cultura de segurança digital, o que inclui a organização como um todo, desde seus colaboradores, diretores, usuários, sem esquecer de exigir de seus parceiros a mesma postura de maturidade e responsabilidade”, atesta Rafael Narezzi. Como reflexo disso, 60.87% dos entrevistados disseram que as empresas não seguem as estratégias desenvolvidas pelos especialistas e quase 70% deles acreditam que foram contratados apenas para cumprir uma exigência.
Ainda assim, 60% dos entrevistados afirmam que essas organizações os penalizariam por não proteger o negócio de ataques cibernéticos. Segundo Narezzi, os CISOs são profissionais que hoje vivem em constante estresse, pois estão com seus empregos constantemente ameaçados. “Esses especialistas estão sendo são penalizados pela falta da existência de uma cultura de segurança digital eficaz”.
Eles são culpados pela falta de cuidados de seus colaboradores, diretores e usuários, o que não pode acontecer. Toda a organização deve contribuir para não seja ameaçada. Por essa razão, metade (50%) desses profissionais disseram que mudariam de cargo ou cogitariam isso num futuro próximo.
Impactos futuros
Para Narezzi , na ausência da falta da educação digital, continuamos cegos sem saber verdadeiramente como a economia digital funciona. O fato de ignorar o problema, por tratar isso como um assunto complexo ou que somente pessoas da área entendem, torna as coisas muito difíceis para um futuro próximo. O ponto principal é que é preciso reconhecer que estamos vulneráveis a ataques, aliás, todos estão. Dessa forma, a Educação é que vai resolver o problema das gerações que estão sendo formadas, sem isso continuaremos sem saber dos perigos.
Infelizmente, assinala o executivo da 4CyberSec , muitos só vão se atentar para a importância da cultura da segurança digital depois que algo ruim acontece e depois lamentam por não o terem evitado. A exposição ao risco no mundo digital é muito maior do que as pessoas imaginam. “Isso não vai acontecer comigo!”, “quem irá me atacar?” são jargões bem populares entre executivos que não conseguem admitir que precisam mudar.
No cenário do futuro, mesmo de curtíssimo prazo, IOT é uma das maiores ameaças. Estimativas afirmam que haverá cerca de 7.6 bilhoes de devices (dispositivos) até 2020, o que pode aumentar o número de vetores significativamente e, com isso, um dos maiores problemas é a segurança em designer, o que deve favorecer um aumento muito grande de informações e coleta de dados de usuário.
“Você já se questionou para onde vai e quem retém os direitos da data (dados) que seu celular coleta de você? Hoje, o ser humano gera muita informação a uma velocidade que nenhum ser humano consegue digerir. Uma das grandes ameaças pode vir, por exemplo, por meio de coleta de dados do Facebook. Logo, o BigData já tem impactos expressos em economia digital”, alerta Rafael Narezzi .
Robôs fazem cirurgias de joelhos
As principais empresas de tecnologia médica do mundo estão se voltando para robôs para ajudar nas complexas cirurgias de joelho, prometendo procedimentos mais rápidos e resultados melhores em operações que, frequentemente, deixam os pacientes insatisfeitos.
A demanda por articulações artificiais está crescendo rapidamente, com geração do pós-Segunda Guerra sofrendo com o desgaste de joelhos e quadris, mas nos últimos 15 anos as empresas não conseguiram atingir um avanço tecnológico que permita conquistar uma parcela significativa do mercado.
A Stryker, sediada nos EUA, e a britânica Smith & Nephew acreditam que isto está prestes a mudar, com os robôs se apresentando como um avanço. Eles devem significar menos trauma para os pacientes e recuperações mais rápidas, embora ainda precisem ser testados em estudos clínicos definitivos.
Cada robô pode chegar a custar US$ 1 milhão
Fares Haddad, um cirurgião consultor nos hospitais da University College, em Londres, é um dos primeiros no Reino Unido a utilizar os novos robôs e tem ficado impressionado. No entanto, ele concorda que os planos de saúde precisam de dados conclusivos para provar que eles valem o investimento, que pode ser de até US$ 1 milhão para cada robô. “A principal razão para usar um sistema robótico é melhorar a precisão e ser capaz de atingir muito precisamente um alvo que varia de paciente para paciente”, ele disse. “Isso é particularmente útil nos joelhos porque eles são mais problemáticos (que os quadris) e há muitos pacientes que não estão tão satisfeitos quanto gostariam com suas próteses de joelho.”
As empresas ortopédicas esperam seguir o exemplo de sucesso da Intuitive Surgical, uma pioneira das cirurgias robóticas em hospitais, e que agora tem mais de 4 mil de suas máquinas ‘da Vinci’ instaladas ao redor do mundo, para executar procedimentos como remoção de próstata, reparo de hérnias e histerectomias.
A Stryker está liderando a corrida com seu braço robótico Mako, uma plataforma que adquiriu por US$ 1,65 bilhão em 2013 e que é pioneira em cirurgias totais de joelhos assistidas por robôs, ao determinar o melhor posicionamento e ajudar com o corte do osso. Mas a empresa enfrenta competição de rivais menores como a Smith & Nephew, que lançou, na semana passada, um produto chamado Navio para substituições completas do joelho nos Estados Unidos. O grupo britânico comprou a empresa por trás do Navio por US$ 275 milhões em 2016.
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Isto desencadeou uma disputa fervorosa, já que ambas as empresas podem agora fazer substituições totais do joelho, que representam a vasta maioria dos procedimentos nesta parte do corpo.
O Mako, que usa apenas articulações e implantes da Stryker, custa cerca de US$ 1 milhão para ser instalado, enquanto o Navio, que não tem tantas ferramentas e não opera exclusivamente com produtos da Smith & Nephew, sai por menos da metade do preço. Ambas as empresas acreditam que seus robôs as ajudarão a capturar uma parcela maior do mercado ortopédico, que foi dividido entre quatro grandes grupos por mais de uma década.
Robotização avança na China
Por toda a China, as fábricas estão a substituir os seres humanos por robôs numa nova revolução industrial comandada pela automação. E os seus efeitos serão sentidos por todo o mundo. Ainda nesta semana, a Foxconn, a maior fabricante mundial de telemóveis, anunciou que conseguiu reduzir para metade o número de trabalhadores devido à introdução de máquinas na sua linha de montagem
A fundição de lava-loiças Ying Ao na província de Guangdong, no Sul da China, não tem a aparência de uma fábrica do futuro. O letreiro por cima da porta de entrada está desbotado; lá dentro, o chão está gorduroso e com manchas de lama e o ar está cheio de uma espessa poeira metálica, o subproduto do processo de polimento do aço inoxidável. Enquanto os trabalhadores empurram carrinhos pelo chão da fábrica, o edifício cavernoso e parecido com um barracão reverbera com um som metálico.
Guangdong é o motor de crescimento da produção industrial chinesa, tendo gerado 615 mil milhões de dólares em exportações no ano passado – mais de um quarto do total do país. Nesta parte da província, o salário normal dos trabalhadores é de 4000 renmimbis por mês (600 dólares ou 536 euros). A Ying Ao, que fabrica lava-loiças destinados às cozinhas da Europa e dos EUA, tem de pagar o dobro disso por as condições na fábrica serem tão desagradáveis, diz Chen Conghan, o vice–diretor. Assim, há quatro anos, a empresa começou a comprar máquinas para substituir a mão-de–obra humana cada vez mais cara.
Nove robôs fazem agora o trabalho de 140 trabalhadores a tempo inteiro. Braços robóticos pegam em lava-loiças de uma pilha, pulem-nos até ficarem a brilhar e depois depositam-nos num carrinho com piloto automático que os leva até uma câmara ligada a um computador para um controlo de qualidade final.
A empresa, que exporta 1500 lava-louças por dia, gastou mais de três milhões de dólares nos robôs. “Estas máquinas são mais baratas, mais precisas e mais confiáveis do que as pessoas”, afirma Chen. Nunca tive um lote inteiro estragado por robôs. Estou ansioso por substituir mais pessoas no futuro”, acrescenta ele, com um sorriso irónico.
Em toda a cintura industrial da costa sul da China, milhares de fábricas como a de Chen estão a voltar-se para a automação, numa revolução industrial centrada na robótica, apoiada pelo governo e de uma dimensão nunca vista. Desde 2013 que a China tem vindo, todos os anos, a comprar mais robôs do que qualquer outro país, incluindo os gigantes da fabricação de alta tecnologia como a Alemanha, o Japão e a Coreia do Sul. No final deste ano, a China irá ultrapassar o Japão e passará a ser o maior operador de robôs industriais do mundo, segundo a Federação Internacional de Robótica (IFR, sigla em inglês), um grupo da indústria robótica. O ritmo de transformação na China é “único na história dos robôs”, diz Gudrun Litzenberger, secretária-geral da IFR, que tem sede na Alemanha, onde estão localizados alguns dos maiores fabricantes de robôs industriais do mundo.
A transformação tecnológica da China tem ainda muito caminho a percorrer – o país possui apenas 36 robôs por dez mil trabalhadores fabris, enquanto a Alemanha tem 292, o Japão 314 e a Coreia do Sul 478. Mas está já a mudar a face da indústria fabril global. Este processo está a levantar questões mais amplas: poderão ainda as economias emergentes ter esperança de seguir o caminho tradicional para a prosperidade no qual o mundo desenvolvido se tem apoiado desde a revolução industrial britânica do século XVIII? Ou irão os robôs assumir muitos dos empregos que em tempos tiraram centenas de milhões da pobreza?
Vantagem competitiva em queda
O enorme investimento da China em robôs industriais tem as suas raízes num problema económico premente. A partir de 1980, quando os governantes comunistas de Pequim se abriram ao comércio global, a enorme e barata mão-de-obra do país ajudou este a tornar-se o maior exportador mundial de produtos industriais. O vertiginoso crescimento económico tirou centenas de milhões de chineses da pobreza e transformou zonas inteiras do país com os trabalhadores a migrarem do campo para a cidade. Mas uma classe média em crescimento e o envelhecimento da população têm levado ao aumento dos salários, desgastando a vantagem competitiva da China. Em parte devido à política do filho único, formalmente extinta em 2015, calcula-se que a população chinesa em idade ativa vá cair de um bilhão de pessoas em 2015 para 960 milhões em 2030 e 800 milhões em 2050.
Nos últimos anos, o governo chinês tem vindo a promover a automação como uma forma de preencher a lacuna de trabalhadores. Prometeu generosos subsídios – a serem repartidos pelos governos locais – para suavizar o caminho para as empresas chinesas usarem e, também, construírem robôs. Em 2014, o presidente Xi Jinping apelou a uma “revolução robótica” que transformaria primeiro a China e, a seguir, o mundo. “O nosso país vai ser o maior mercado para os robôs”, disse ele num discurso na Academia Chinesa de Ciências, “mas conseguirá a nossa tecnologia e a nossa capacidade de produção lidar com a concorrência? Não só precisamos de atualizar os nossos robôs, como também precisamos de conquistar mercados em muitos lugares”.
A marcha das máquinas, não apenas na China, mas em todo o mundo, foi acelerada pela queda acentuada do preço dos robôs industriais e por um aumento constante das suas capacidades. O Boston Consulting Group, uma consultora de gestão, prevê que o preço dos robôs industriais e do seu software vá cair cerca de 20% durante a próxima década, enquanto o seu desempenho irá melhorar em 5% a cada ano que passe.
Liu Hui, um empresário de 40 e poucos anos, está a aproveitar ao máximo a explosão da robótica na China. Em 2001, quando abriu a sua primeira fábrica em Foshan, uma cidade industrial de sete milhões de habitantes em Guangdong, ele começou a fazer cópias de ventoinhas elétricas. Com o crescimento do negócio passou para a fabricação legal, produzindo componentes para as marcas de eletrodomésticos chineses. Depois, em 2012, descobrindo uma oportunidade num mercado em crescimento, saltou para o mundo emergente da robótica. Liu importa agora braços robóticos, de fornecedores como o conglomerado sueco-suíço ABB, e vende-os aos fabricantes chineses, ajudando-os a integrar as máquinas nas suas linhas de produção. É um negócio altamente especializado. A maioria dos seus clientes são fabricantes de componentes que fornecem motores e outras peças a grandes marcas de eletrodomésticos chineses, como a Midea e a Galanz, que produzem aparelhos de ar condicionado, frigoríficos e outra maquinaria.
O negócio expandiu-se tão rapidamente no ano passado que Liu não tem espaço suficiente na sua fábrica para todas as máquinas em fase de montagem. Ele tem de armazenar peças destinadas a um robô da ABB num alpendre exterior improvisado. “As coisas estão a mudar rapidamente”, diz ele. “O custo do trabalho está a aumentar todos os anos e os jovens não querem trabalhar na linha de produção como os seus pais fizeram, por isso precisamos de máquinas para os substituir.”
A imagem estereotipada das fábricas chinesas ainda pode ser encontrada em muitos sítios: dezenas de milhares de pessoas em longas filas debruçadas sobre máquinas de costura ou a introduzir componentes numa placa de circuito impresso. Mas essa forma de produção está a começar a ser substituída por um quadro mais misto: linhas de produção parcialmente automatizadas, com os trabalhadores humanos intercalados em alguns pontos-chave.
Enquanto isso, a China está a expandir os seus próprios fabricantes de robôs. Em setembro do ano passado, a Ningbo Techmation, uma produtora de Xangai de máquinas para a indústria de plásticos, lançou uma subsidiária, a E-Deodar, que faz robôs 20% a 30% mais baratos do que os produzidos por empresas internacionais como a ABB, a alemã Kuka ou a Kawasaki japonesa. A fábrica E-Deodar em Foshan, com o seu café, a zona de descanso e a linha de produção em espaço aberto, parece–se mais com as instalações de uma startup tecnológica de Silicon Valley do que com uma unidade industrial chinesa. “Os nossos rivais globais são muito bons a fazer robôs, mas os seus custos são mais elevados e eles não são tão bons no que respeita a compreender as necessidades dos clientes locais”, afirma o diretor técnico da empresa, Zhang Honglei, de 35 anos e cabelo espetado.
Neste ano, Zhang planeia produzir 350 robôs verdes, uma cor distintiva, projetados para utilização em fábricas de plástico, e vendê-los a um preço entre 14 mil e 18 mil dólares cada um; no prazo de três anos, ele espera produzir três mil por ano. “Nós temos de agir rapidamente porque a automação é um negócio de escala”, diz ele. “Quanto maior melhor.”
Os fabricantes chineses, que compraram 66 mil dos 240 mil robôs industriais vendidos globalmente no ano passado, ainda preferem maioritariamente comprar marcas internacionais, de acordo com Litzenberger do IFR. Mas ela espera que isso mude, especialmente como consequência do total apoio que o governo de Pequim tem dado à indústria robótica do país nos últimos anos. “Eles estão a desenvolver-se muito rapidamente”, diz ela.
Num imponente edifício do governo com colunas na fachada – localmente conhecido como a Casa Branca – no distrito de Shunde de Foshan, as autoridades estão a tentar pôr em prática o apelo do presidente Xi para uma revolução robótica. A província de Guangdong prometeu investir oito mil milhões de dólares entre 2015 e 2017 na automação. Zhang Peng, vice-diretor do departamento de economia e tecnologia de Shunde, viu recentemente o tamanho do seu gabinete no edifício ser reduzido, em linha com o apelo do Partido Comunista para a austeridade burocrática. Mas o orçamento para a automação industrial não foi afetado. Zhang diz que os robôs são vitais para superar a escassez de trabalhadores e que ajudam as empresas chinesas a fazer produtos de melhor qualidade e mais competitivos. Excecionalmente direto para um funcionário chinês, ele adverte: “Se as empresas de produção não melhorarem, não serão capazes de sobreviver.”
Uma marcha a várias velocidades
O apoio do governo para a integração de robôs industriais cada vez mais baratos e eficientes é uma boa notícia para os donos de fábricas na China, que estão a enfrentar uma economia global fraca e a desaceleração da procura interna. Mas os benefícios da revolução robótica não serão distribuídos igualmente em todo o mundo. Os países em desenvolvimento, da Índia à Indonésia e do Egito à Etiópia, estão há muito tempo à espera de seguir o exemplo da China, assim como o Japão, a Coreia do Sul e Taiwan antes deles: estimular a criação de emprego e o crescimento económico, levando os trabalhadores agrícolas para fábricas de baixo custo para produzir bens para exportação. No entanto, o aumento da automação significa que é provável que a industrialização vá gerar significativamente menos postos de trabalho para a próxima geração de economias emergentes.
“Os países de baixo rendimento de hoje não terão a mesma possibilidade de atingir um crescimento rápido ao deslocar trabalhadores das explorações agrícolas para os empregos mais bem remunerados nas fábricas”, de acordo com as conclusões de investigadores do banco de investimento americano Citi e da Universidade de Oxford num relatório recente, The Future Is Not What It Used to Be [O Futuro Não é o que Costumava Ser], sobre o impacto da mudança tecnológica.
Eles argumentam que o aumento dos custos do trabalho na China é uma “janela de esperança” para o país, porque está a impulsionar o avanço tecnológico, da mesma forma que um aumento dos salários no século XVIII no Reino Unido deu o impulso para a primeira revolução industrial do mundo. Ao mesmo tempo, de acordo com Johanna Chua, economista do Citi em Hong Kong, os retardatários industriais em partes da Ásia e de África enfrentam uma “corrida contra as máquinas”, pois lutam para criar empregos em número suficiente na indústria antes que estes sejam aniquilados pela reunião do exército de robôs na China e no resto do mundo.
Tom Lembong, 45 anos, ministro do Comércio da Indonésia, e uma voz importante dentro do governo pela liberalização e a reforma da maior economia do Sudeste Asiático, está ciente dos riscos. “Muitas pessoas não percebem que estamos a ver um salto quântico na robótica”, diz ele. “É uma preocupação enorme e precisamos de reconhecer a ameaça desta nova revolução industrial. Mas, como elite política e empresarial, ainda estamos presos em debates sobre a industrialização que ficaram encerrados no século XX e até mesmo no século XIX.”
Países como a Indonésia já estão a sofrer com algo que o economista de Harvard Dani Rodrik tem apelidado de “desindustrialização prematura”. O termo descreve uma tendência em que as economias emergentes veem o seu setor de produção começar a encolher muito antes de os países atingirem níveis de rendimento comparáveis com os do mundo desenvolvido. Apesar do rápido crescimento económico ao longo dos últimos 15 anos, a Indonésia viu o pico económico da sua indústria de transformação em 2002. Os analistas acreditam que tal se deve em parte a uma falha de investimento em infraestruturas e à política de comércio e investimento pouco competitiva do país e, em parte, à globalização.
Rodrik acredita que o país nunca será capaz de crescer no tipo de ritmo acelerado experimentado pela China ou pela Coreia do Sul. “Tradicionalmente, a produção necessitava de muito poucas qualificações e empregava muita gente”, diz ele. “Por causa da automação, as qualificações requeridas aumentaram significativamente e são muito menos as pessoas empregadas nas fábricas. O que se faz com esses trabalhadores extras? Eles não se vão transformar em empreendedores de TI ou artistas; e, se eles se tornam empregados de restaurantes, receberão um salário muito inferior ao que receberiam numa fábrica.”
A propagação de robôs torna muito mais difícil aos países em desenvolvimento a entrada na “escada rolante” do crescimento económico, argumenta. Isto são más notícias para os dois milhões de jovens que se calcula que entram no mercado de trabalho todos os anos na Indonésia, uma nação de 255 milhões, onde 40% das pessoas vivem com três dólares por dia ou menos. Mahami Jaya Lumbanraja de 22 anos, um candidato a emprego na ilha industrial indonésia de Batam, está a sentir os efeitos do fenómeno de desindustrialização prematura. Há sete meses que anda à procura de um emprego numa fábrica em Batam, que fica apenas a 30 quilómetros da próspera Singapura, mas ainda não teve sorte. Com umas calças de ganga desbotadas, uma camisola de capuz cinzenta e um sorriso cativante, Lumbanraja diz que, embora tenha um ano de experiência de trabalho na Shimano, o fabricante japonês de mudanças de bicicletas e equipamento de pesca, não tem a experiência suficiente para garantir mais do que uma posição no nível mais baixo, e que há muito mais gente à procura de trabalho do que lugares disponíveis. “Eu consigo sobreviver com o pouco dinheiro que recebo de atuações na rua e de ajudar amigos em trabalhos de construção civil, mas tenho de conseguir um emprego a sério numa fábrica para economizar o dinheiro suficiente para poder montar o meu próprio pequeno negócio mais tarde”, diz ele. Os salários em Batam – cerca de 230 dólares por mês – são o dobro do que Lumbanraja poderia ganhar na sua cidade natal de Medan, na ilha de Sumatra. Assim, ele acha que tem de ficar ali até conseguir encontrar trabalho.
Lumbanraja é um dos cerca de 700 indonésios no final da adolescência e no início da casa dos vinte que visitam todos os dias o centro comunitário no parque industrial Batamindo à procura de trabalho. Em fevereiro, três mil pessoas inscreveram-se pessoalmente para apenas 80 lugares numa fábrica de cabos elétricos de propriedade japonesa, uma reunião tão grande que os executivos temeram inicialmente que se tratasse de uma manifestação de protesto.
Batamindo é um consórcio entre Singapura e os investidores indonésios que foi apoiado pelos presidentes Lee Kuan Yew e Suharto – os respetivos governantes dos dois países – quando abriu em 1990. O que se pretendia que fosse um modelo da estratégia de industrialização da Indonésia, tornou-se um símbolo de tudo o que há de errado nela. Nos últimos tempos, uma média de cinco fábricas por ano trocaram o parque industrial por outros países e o número de pessoas lá empregadas caiu para apenas 46 mil, de um pico de 80 mil em 2000. Isso, apesar do facto de os salários estarem hoje entre um terço e metade dos que são pagos na província de Guangdong da China.
Lembong, um licenciado de Harvard que dirigia a sua própria empresa de capitais de investimento sediada em Singapura antes de ser nomeado ministro do Comércio em agosto, diz que o governo está determinado a resolver o duplo problema que está no cerne do mal-estar económico da Indonésia: as fracas infraestruturas e o excesso de regulamentação.
Mas há quem argumente que a reforma virá tarde demais. Durante o seu período de rápida industrialização, a China investiu em autoestradas, ferrovias e portos modernos, necessários para apoiar o seu setor produtivo. Em contraste, as infraestruturas físicas em Batam e em grande parte da Indonésia “não mudaram muito desde a década de 1970”, diz Mook Sooi Wah, diretor-geral da Batamindo.
Na verdade, a Indonésia tinha uma “densidade robótica” ligeiramente maior do que a China, quando foram coligidos os últimos dados pela Federação Internacional de Robótica em 2014, embora seja provável que a situação tenha mudado dramaticamente desde então, dado o ritmo do impulso de automação de Pequim. Esta anomalia foi em grande parte o resultado da força de trabalho industrial da China ser muito maior do que a da Indonésia, que ainda não tem nenhum plano ou apoio governamental para a automação industrial.
O processo de regulamentação na Indonésia é tão antiquado como as suas infraestruturas. Recentemente, as remessas legítimas de uma fábrica de papel foram retidas pela alfândega no porto de Batam por causa de uma regra destinada a impedir a exportação de madeira de origem ilegal. Estes problemas deixam exasperados até os apoiantes de Batam.
Stefan Roll, um fabricante alemão veterano que trabalhou na China durante a sua descolagem industrial na década de 1990, gosta de viver e trabalhar na Indonésia. Mas ele teme que o país esteja a perder a sua “oportunidade de ouro” para se tornar suficientemente eficiente para competir à escala global. “Quando se está a lidar com multinacionais, tempo é dinheiro”, diz Roll, enquanto mostra a sua nova fábrica em Batam, que monta máquinas de café para a Nestlé. “Mas só se consegue uma produção just in time se existirem boas estradas e infraestruturas.”
Embora sejam poucos os que duvidam da importância dos desafios que enfrentam os países em desenvolvimento, nem toda a gente vê o problema em termos tão sombrios. Com os salários em países como a Indonésia e a Índia muito mais baixos do que na China, e tendo aqueles países populações ainda relativamente jovens, alguns analistas acreditam que eles podem atrair mais indústrias de trabalho intensivo, como a do vestuário, onde a automação generalizada ainda não é adequada.
“Enquanto a China sobe na cadeia industrial, ela está, na verdade, a libertar uma série de oportunidades para o Sudeste Asiático e para a Índia”, diz Anderson Chow, analista do setor da robótica no banco de investimento HSBC, em Hong Kong.
Hal Sirkin, um especialista em fabricação do Boston Consulting Group, diz que da perspetiva de uma economia como a da Índia, não faz sentido automatizar agora, porque isso iria elevar o preço das mercadorias – “quando eles têm um bilhão de pessoas que podem fazer as coisas de forma mais barata”. Ele está entre os otimistas tecnológicos que acreditam que, a médio prazo, a automação também vai criar novos nichos de negócios para as economias emergentes, mitigando os danos dos empregos que serão erradicados.
“Nós pensamos que iremos ver cada vez mais localização em vez de mais escala”, diz Sirkin. “Eu posso montar uma fábrica, alterar o software e fabricar todos os tipos de coisas, não na ordem das centenas de milhões mas na de cinco ou dez milhões de unidades.”
Mas Carl Frey, um especialista em emprego e tecnologia da Universidade de Oxford, adverte que, sem uma melhor educação e mais qualificação, os países em desenvolvimento vão ter dificuldade em tirar proveito dos avanços na indústria.
“A tecnologia está cada vez mais baseada na qualificação”, diz ele. “Muitos desses países não têm uma força de trabalho qualificada, por isso não são muito bons na adoção dessas tecnologias.”
Aposta além-fronteiras
A própria China não está imune às consequências negativas da automação. Mais de 40% da sua população de 1,4 mil milhões ainda vive na zona rural, muitos na pobreza, tendo beneficiado apenas marginalmente do milagre económico urbano.
Mas o governo está a apostar que os benefícios da promoção da fabricação de ponta superam os danos dos potenciais empregos perdidos. A estratégia industrial anunciada por Pequim no ano passado – conhecida como Made in China 2025 – foi concebida não só para melhorar a capacidade tecnológica das suas fábricas, mas também para apoiar o desenvolvimento das marcas chinesas a nível internacional.
Chow, o analista do HSBC, diz que é provável que as empresas chinesas, ao tentarem aumentar as suas exportações para aliviar o impacto da desaceleração interna, se concentrem mais na qualidade dos seus produtos: “Muitas vezes, uma parte desse desenvolvimento é um melhor processo de produção que envolve a robótica.”
Todos os anos, a quantidade de tempo necessário para que o investimento de uma empresa num robô seja compensado – conhecido como o “período de retorno” – diminui drasticamente, fazendo com que seja mais atrativo para as pequenas empresas e oficinas chinesas investir na automação. O período de retorno para um robô de solda na indústria automobilística chinesa, por exemplo, caiu de 5,3 anos para 1,7 anos entre 2010 e 2015, segundo cálculos de analistas do Citi. Em 2017, prevê-se que o período de retorno diminua para apenas 1,3 anos.
A automação não é apenas a colocação de braços de robô mais baratos e eficientes na linha de produção. Li Gan, o diretor-geral da Shangpin Home Collection, que produz e vende móveis para a casa personalizados, diz que a maior oportunidade é integrar robôs nas fábricas com dados dos clientes em tempo real e sistemas de logística automatizados.
Graças à utilização de robôs, a fábrica que a Shangpin abriu em Foshan em 2014 foi 40% mais produtiva do que a sua fábrica anterior, apesar de empregar menos 20% de pessoas. Ainda este ano, vai começar a laborar o seu mais novo e maior centro de produção, onde espera melhorar quatro vezes a produtividade com apenas o dobro do número de funcionários, usando mais robôs para movimentar as peças dentro da fábrica e ajudar a embalar os contentores de transporte da mercadoria de saída.
A perfuração de ripas de madeira para a variada gama de camas da empresa, armários e outros móveis sob medida costumava ser um processo trabalhoso e, às vezes, perigoso. Agora, o trabalhador pega simplesmente em cada pedaço de madeira, verifica um código de barras e coloca a madeira num tapete rolante que a leva até ao braço do robô. O produto acabado regressa num outro tapete. O processo entretanto é surpreendentemente complicado: a Shangpin teve de projetar um dispositivo para se certificar de que cada ripa estaria corretamente alinhada para ser agarrada pelo braço do robô e as especificações de perfuração para as ripas têm de ser pré-programadas e gravadas num código de barras, porque os robôs ainda não têm qualquer capacidade de inteligência artificial. Li Gan salienta que a supervisão humana e a tomada de decisão ainda é crucial. “A automação é apenas um processo técnico, mas o que é mais importante é o nosso pensamento sobre a melhor maneira de fazer isto”, diz ele. “Sempre que mudamos alguma coisa, perguntamos: é mais eficiente fazer isto usando pessoas ou robôs?”
O Boston Consulting Group prevê que a percentagem de tarefas realizadas por robôs avançados aumentará dos 8% de hoje para os 26% até ao final da década, impulsionada pela China, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e os EUA, que, juntos, respondem por 80% das compras de robótica. Sirkin, do BCG, diz que a rápida expansão da automação poderia ser comparada com a diferença entre a “curva de aprendizagem humana” e a Lei de Moore, que postulou que o poder de computação poderia duplicar a cada 18 meses a dois anos. “Mesmo que se seja muito bom, os seres humanos só conseguem duplicar a sua produtividade, na melhor das hipóteses, a cada dez anos”, diz ele. Pelo contrário, os investigadores podem levar os robôs a duplicar a sua produtividade a cada quatro anos, calcula ele. “Ao longo do tempo, isso faz uma grande diferença.”
Com a China e outros líderes industriais a construir mais e melhores robôs, as funções que estes podem desempenhar vão-se expandir. As tarefas de um talho, por exemplo, foram durante muito tempo consideradas como o tipo de competências que as máquinas têm dificuldade em desenvolver, por causa da necessidade de uma cuidadosa coordenação entre a mão e os olhos e da manipulação de pedaços não uniformes de carne. Mas Sirkin observou robôs a cortar a gordura da carne de forma muito mais eficiente do que os humanos, graças à utilização de sensores mais baratos e mais responsivos. “A utilização de máquinas para fazer isso está a tornar-se economicamente viável porque consegue-se salvar mais três ou quatro por cento da carne – e isso vale muito numa linha de produção, onde se pode avançar rapidamente. “Há coisas que os seres humanos conseguem fazer melhor do que os robôs”, acrescenta. “Mas elas são cada vez menos.”
Exclusivo DN/Financial Times
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