Debates sobre os impactos da automação sobre empregos ganham maior urgência
Redação
Radar do Futuro
A entrada da sociedade ocidental na quarta revolução industrial, comandada pelas tecnologias digitais, amplia a urgência dos debates que separam otimistas e pessimistas em relação ao futuro do mercado de trabalho. Avanços da inteligência artificial, automação, robotização e internet das coisas, entre outras inovações, estão na mesa. Para o grupo dos analistas que enxergam apenas nuvens cinzentas, a substituição de pessoas por máquinas e softwares se intensificará. Sobrarão desempregados e desigualdades. Para os propagadores de ventos favoráveis, o mundo vai repetir as ondas de revoluções anteriores, quando a eliminação de algumas atividades resultou na criação de alternativas para a sobrevivência das massas de trabalhadores.
Talvez se encontre um meio termo. Segundo um relatório da empresa de consultoria Forrester, haverá um déficit entre os ganhos e perdas de vagas no mercado dos Estados Unidos até 2025. Sistemas de inteligência artificial, que incluem robôs, automação, máquinas inteligentes e processadores de aprendizado de máquina, vão substituir 16% dos empregos. Mas vão criar outros 9%, deixando, portanto, uma redução de 7%. De acordo com a consultoria, 13,9 milhões de novos empregos serão criados nos EUA por causa de tecnologias inteligentes nos próximos nove anos.
“A era cognitiva vai criar novos empregos, como profissionais de monitoramento de robôs, cientistas de dados, especialistas em automação e curadores de conteúdo”, apontam os analistas. “Mas a transformação dos empregos existentes resultantes de reengenhar um processo para usar o suporte cognitivo – como transformar o trabalho de registro de dados de baixo valor em um analista de nível mais alto ou papeis voltados para o consumidor – será ainda mais dramática.”
Visões
“Apesar da ampla gama de pontos de vista expressos, praticamente todos concordam que as empresas e os governos terão de tornar mais fácil para os trabalhadores adquiram novas habilidades e mudar de emprego, conforme seja necessário”, avalia um relatório especial da The Economist, que promove um debate importante sobre os temas. Para a publicação britânica, será a melhor atitude a se tomar, considerando o caso em que os pessimistas estejam certos. .
Alguns dados parecem confirmar as projeções de analistas pessimistas. Eles acreditam que as condições atuais dos sistemas produtivos são diferentes daquelas das primeiras fases da evolução do capitalismo, desde a invenção das máquinas a vapor. A segunda revolução introduziu o processo de fabricação em massa e a terceira iniciou a adoção das tecnologias. A maior diferença do momento atual é que os sistemas produtivos passam a viver em torno do ambiente digital. A geração analógica perdeu relevância, assim como os artesãos que sucumbiram à criação das máquinas de tecer.
O esforço é de entender os impactos reais da adoção intensiva de tecnologias amadurecidas, como a automação. A The Economist demonstra que os exames médicos evoluem com a introdução de recursos que podem não afetar a medicina como um todo, mas que alteram a lógica de alguns segmentos. “O que determina a vulnerabilidade à automação não é tanto saber se o trabalho avaliado é manu
Especialistas começam a entender que há uma polarização. Atividades intermediárias estão em fase de declínio, enquanto as muito especializadas e as de baixíssima qualificação, e salários proporcionais, seguem com demanda crescente. Segundo o Federal Reserve Bank de St. Louis, o emprego em trabalhos manuais intelectualizados e não-rotineiros tem crescido constantemente desde a década de 1980, enquanto o emprego em
trabalhos de rotina mantêm uma trajetória praticamente estável. À medida que mais empregos são automatizados, esta tendência parece provável que continue.al ou de colarinho branco, mas se é de rotina ou não”.
“Estamos apenas vendo a ponta do iceberg. Nenhum trabalho de escritório é seguro “, diz Sebastian Thrun, professor de inteligência artificial em Stanford. Mais sombrio, Martin Ford, um empreendedor de software e autor best-seller de “Rise of the Robots”, adverte para a ameaça de um “futuro sem emprego”. Ele destaca que a maioria dos trabalhos pode ser dividido em uma série de tarefas de rotina, dos quais mais e mais pode ser feito por máquinas.
O relatório oferece espaço para os otimistas e seus argumentos que comprovem a geração de oportunidades diferentes, mantendo o ciclo da história, para quem diz que a inovação elimina vagas, mas cria outras demandas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a implantação de caixas automáticos foi entendida inicialmente como uma ameaça para os bancários. Mas acabou resultando na expansão da rede de agências.