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“As gerações futuras talvez não nos perdoem”, alerta diretor-geral da OMS sobre pandemias

Diretor da Organização Mundial de Saúde Tedros Adhanom Ghebreyesus revela pessimismo em relação à possíbilidade de acordos governamentais

RFI

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta segunda-feira (22) que está pessimista em relação à obtenção de um acordo para combater futuras pandemias, apesar dos traumas vividos durante a pandemia de Covid-19, em 2020.

Segundo o representante da OMS, há dúvidas sobre a “capacidade dos países membros” em obter um consenso até maio, prazo estipulado pela organização para finalizar o documento que deverá propor uma melhor coordenação entre os Estados em caso de nova ameaça sanitária global.

“As gerações futuras talvez não nos perdoem”, lamentou o diretor-geral da OMS, alertando para o risco de os países não respeitarem os compromissos assumidos no auge da pandemia. O acordo que está sendo negociado teria como objetivo garantir uma melhor preparação global e uma resposta mais equilibrada a futuras pandemias.

Entre eles, o acesso igualitário a medicamentos, equipamentos essenciais, testes diagnósticos e vacinas. Há também a proposta de constituir um estoque de reserva de suprimentos que permitirá reagir mais rapidamente.

O objetivo da organização era fechar o acordo na reunião anual de 2024 da Assembleia Mundial da Saúde, em 27 de maio. Mas, sem concessões por parte dos Estados-membros, o projeto corre o risco de ser deixado de lado, alertou Tedros. Além do acordo sobre pandemias, os líderes mundiais também haviam se comprometido a preparar emendas ao Regulamento Sanitário Internacional (RSI) no mesmo prazo.

Essas duas iniciativas serviriam para evitar os mesmos erros ocorridos em 2020, que retardaram o combate à pandemia de Covid-19. “Na minha opinião, o fracasso do acordo sobre a pandemia e as emendas ao RSI seria uma oportunidade perdida”, disse o representante da OMS, pedindo aos países que demonstrem “coragem”.

Segundo ele, “não é possível chegar a um acordo sem concessões. Todo mundo vai ter que dar alguma coisa, senão ninguém vai receber nada”, reiterou. “Peço para todos os Estados-membros que trabalharem de maneira urgente e decisiva para chegar a um consenso que ajude a proteger nossos filhos e netos de futuras pandemias.”

Memória curta

Até 2023, a Covid-19 tinha provocado oficialmente cerca de 7 milhões de mortes, mas esse número é muito maior. Durante pandemia, os hospitais ficaram lotados. Por conta da falta de leitos e equipamentos para atender a demanda, muitos médicos se viram obrigados a escolher os pacientes que seriam salvos. Situações como essa foram comuns em muitos países, inclusive europeus, como Itália ou Espanha.

Muitas pessoas também não puderam se despedir de parentes ou amigos mortos pela doença, já que os contaminados ficavam isolados. Outro efeito colateral do vírus Sars-Cov-2 foram as diversas sequelas, mais ou menos graves, que deixou em pacientes que tiveram doenças leves ou até assintomáticas. O custo que isso representa e vai representar para a saúde pública nas próximas décadas ainda deverá ser estimado.

Além das perdas humanas e do impacto na saúde, as medidas para conter o vírus da Covid-19, como lockdowns de níveis variados, fechamentos de fronteiras, toques de recolher e interrupção de atividades culturais e de lazer em muitos locais do mundo tiveram consequências econômicas drásticas.

A pandemia de Covid-19, ressalta a OMS, mostrou rapidamente os limites da solidariedade global com o aparecimento das primeiras vacinas, em quantidades insuficientes. Os países mais ricos foram os primeiros a assinar contratos milionários com os laboratórios e reservar suas doses para a população.

Em maio de 2023, a OMS declarou o fim da Covid-19 uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional, seu nível mais alto de alerta. Mas, ao mesmo tempo, a organização continua a alertar contra o descuido excessivo em relação a uma doença que continua matar milhares de vidas em todo o mundo.

(RFI e AFP)

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