Reforçar capacidade de análise é vital, diz especialista
Ainda há mais consumidores dispostos a manter ou aumentar os padrões de compra de produtos de alto valor, do que os forçados a cortar o consumo dos mesmos produtos. Quem encontra otimistas na praça é o Índice Nacional de Expectativas do Consumidor (Inec). São conclusões extraídas da pesquisa mensal feita pelo Ibope, sob o patrocínio da insuspeita Confederação Nacional da Indústria. A informação parece surpreendente no momento em que todos os sinais da economia convergem para a contaminação do ambiente com previsões negativas sobre o desempenho futuro da economia brasileira.
Na contabilidade das expectativas, aumento da inflação e do desemprego e a situação de endividamento são os principais fatores de preocupação entre os consumidores. Na ponta do mercado, incluindo empresas e sistema financeiro, especialistas e lideranças denunciam os efeitos de desequilíbrios de contas públicas, baixo crescimento e excesso de intervenção do governo na economia. Números e análises conflitantes ampliam os desafios enfrentados dos gestores para a compreensão dos rumos do mercado de consumo.
Criados com o objetivo de colaborar com o entendimento de empresários e consumidores sobre o momento atual e ajudar a antecipar tendências futuras, os índices de expectativas, como o Inec, da CNI, reforçam a função estratégica das informações. Mas requerem o máximo de atenção na leitura e avaliação de variáveis disponíveis, no contexto marcado por alta complexidade de comportamentos e interesses. Os estudos de monitoramento de vários tipos contribuem para a avaliação do estado de espírito de comerciantes, prestadores de serviços, industriais, agronegócios e consumidores, entre outros segmentos. Os indicadores conquistam notoriedade, mas nem sempre são interpretados com o equilíbrio possível, já que o ideal é impossível.
A importância da extração de dados do momento propicia a convergência entre projeções de Flávio Janones, professor de marketing do Centro Universitário Una, e o economista Leonardo Guerra, membro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG) chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Para ambos, um representante do setor produtivo e outro da área pública, a economia apresenta números e perspectivas melhores do que os destacados atualmente pelo mercado interno.
Vinculado ao setor produtivo, Flávio Janones reforça a visão otimista quanto ao futuro. “Temos boas perspectivas para os próximos meses”, avalia. Mais que um otimismo momentâneo, o professor acredita em continuidade das oportunidades nos próximos anos.
Revisão – Para Flávio Janones, o momento é adequado para uma revisão de modelos de gestão das empresas, com o reforço das ações de análise de mercado. “O cenário induz as empresas a produzir análises de qualidade para a identificação das ameaças e oportunidades dos mercados“, assinala.” O monitoramento de mercado é complementar ao planejamento e ajuda a identificar sinais de ruptura, acontecimentos ou evoluções com potencial de criar impacto positivo ou negativo mais para frente”, assinala o especialista, para quem o cenário favorece o investimento em inteligência competitiva ou inteligência de marketing, para dar suporte ao cumprimento de metas comerciais. “O mercado brasileiro precisa se reinventar para que o país continue competitivo e mantenha o foco em produtos que serão utilizados para bens de consumo final”, assinala.