Além dos especialistas do meio jurídico, o GDPR cria demanda crescente para programadores e desenvolvedores de tecnologias – foto: Pixabay
Carlos Teixeira
Editor – Radar do Futuro
Em vigor a partir de 25 de maio, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR, da sigla em ingês) coloca em pauta mais do que obrigações para empresas na relação com a sociedade. A norma tem o objetivo de garantir privacidade aos usuários de serviços online de todo o planeta, mesmo que seja algo determinado para países europeus.
A criação de riscos para quem desrespeitar o que foi definido pelas autoridades em relação ao uso de dados de usuários da internet gera, em contrapartida, oportunidades para vários segmentos.
Professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), Wagner Meira se filia ao grupo de especialistas que vislumbra a existência de novos mercados para quem lida com o desenvolvimento de soluções para empresas. “Elas precisarão desenvolver recursos que facilitem o acesso a dados, privaexplicação sobre procedimentos e permitam a eliminação de qualquer registro de usuários”, exemplifica o professor.
Será um desafio crescente diante processo de conscientização sobre os efeitos da atuação de empresas como o Google e Facebook, que passam a ser cobrados pela sociedade. Apesar de ser uma legislação da Europa, o GDPR atinge, na prática, empresas globalizadas. Não é à toa que os brasileiros começaram a receber mensagens sobre renovação de condições de uso de sites e aplicativos. Além de restringir mais o uso de dados sem o consentimento de seus proprietários, a norma impõe multa de até 20 milhões ou multa de até 4% da receita anual de uma empresa. O critério da escolha é o do que for maior.
Demanda
Um estudo da consultoria Business Value, que ouviu líderes de empresas em diversos país, incluindo o Brasil, mostrou que quase 60% das companhias identificam o GDPR como uma chance de criação de novos modelos de negócios e de melhora da proteção à privacidade das pessoas. A avaliação é reforçada pela consultoria Gartner, que também vê a regulação europeia como oportunidades para empresas.
O profissional de tecnologia terá de atuar com apoio de assessoria jurídica, crucial nesse momento, segundo o Gartner. “O consentimento obtido deve permitir uso flexível e compartilhamento expansivo, mas ainda deve ser específico o suficiente para atender aos requerimentos da GDPR”, diz um estudo do Gartner. “Será necessário interagir também com especialistas em comunicação, pois a linguagem usada para comunicar aos consumidores o que será feito com seus dados deve ser “concisa, transparente, inteligível e facilmente acessível”.
Cuidando dos dados
A criação de uma massa crítica sobre a utilização de dados é uma questão prioritária na agenda de temas do professor Wagner Meira, doutor em ciência da computação pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos e do próprio DCC/UFMG. O departamento desenvolve atualmente iniciativas com o objetivo de conscientizar estudantes de segundo grau sobre a importância de lidar com as informações, a partir do viés da ciência de dados.
“Vivemos um momento de transição complicado”, atesta o professor, para quem o ensino deve se adaptar a uma formação transversal. Mesmo profissões das áreas de humanas e sociais vão depender da capacidade de lidar com os números disponíveis na internet e com a necessidade de programação. Seja o cientista social que vai buscar os dados de análise em redes ou o médico que vai recorrer a diagnósticos que utilizam a capacidade computacional crescente.
Em resumo