Ao que tudo indica, as cidades mais desenvolvidas do mundo apostam na visão de futuro sustentável, livre das emissões de carbono. Vancouver, a terceira maior cidade do Canadá, está diante de um roteiro ousado para se tornar 100% sustentável até 2050 e investe em soluções inovadoras para atender aos objetivos de clima e desenvolvimento. Para isso, terá de seguir à risca o cronograma, que unifica diversos setores, partes interessadas e comunidades.
A Estratégia de Cidades Renováveis de Vancouver, em parceria com o Zero Emissions Building Plan, visa reduzir 70% das emissões de novos edifícios até 2020, 90% até 2025, e 100% até 2030, com a introdução de mudanças nos padrões de construção, que permitirão que o setor se adapte ao longo do tempo.
O roteiro de Vancouver para a sustentabilidade urbana até 2050 inclui 20 dos 75 maiores prédios municipais, que serão adaptados a um padrão zero de emissão de gases de efeito estufa no prazo de 25 anos. A medida contribuirá com 20% das reduções de emissões, necessárias para tornar todos os edifícios municipais neutros em carbono até 2040.
Eleita em 2018 como a melhor cidade para se viver da América do Norte e a 5ª melhor do mundo, Vancouver está de olho na energia do distrito, que pode ser alimentado por energia renovável, com uso de gás natural, em áreas com intenso povoamento. Já os locais de baixa densidade poderão ser abastecidos pela energia solar fotovoltaica ou térmica, bombas de calor que utilizam eletricidade fornecida pela rede ou energia eólica.
O governo local ressalta que, em áreas de baixa densidade, a utilização de eletricidade para aquecimento de edifícios tem custo superior em comparação com o gás natural. A administração municipal projeta o aumento da densidade e estima que apenas 10 a 15% das residências de Vancouver serão unifamiliares em 2050, em comparação com 80% das terras atualmente destinadas a moradias unifamiliares.
Transporte
A exemplo de outras cidades, Vancouver tem como um dos maiores vilões o transporte, um dos principais emissores de carbono. Por isso, três das prioridades da Estratégia de Cidades Renováveis são: o aumento das opções de transportes renováveis; a redução da demanda de transporte motorizado; e a crescente oferta de combustíveis de transporte renováveis.
Apesar de possuir jurisdição limitada sobre os padrões automobilísticos, Vancouver tomou medidas para incentivar o uso de veículos elétricos (EVs). A Estratégia de Ecossistema de Veículos Elétricos da cidade estabelece 32 ações para aumentar o número de pontos de carregamento de EV em residências, locais de trabalho e espaços públicos, entre 2016 e 2021.
Como a eletricidade de Vancouver é gerada quase que exclusivamente de energia hidrelétrica, a eletrificação pode reduzir emissões de veículos particulares em até 97%. De acordo com as projeções, cerca de 25% dos veículos pessoais poderiam ser totalmente elétricos e outros 45% compreenderiam híbridos plug-in com utilização de eletricidade renovável e bio-metano, e o restante de veículos híbridos convencionais operando em bio-metano.
Além de veículos elétricos, a Estratégia de Transporte 2040 de Vancouver promove infraestrutura de transportes sustentáveis e incentiva o uso de caminhada, bicicleta e transporte público, que representam mais de 50% das viagens na cidade, sendo que o ciclismo é o meio de transporte que apresenta rápido crescimento, graças ao compartilhamento de bicicletas Mobi.
De acordo com estudos realizados pela Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, as cidades concentram a maior parte das emissões de gases de efeito estufa. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 4,2 bilhões de pessoas, ou seja, 55% da população mundial, vivem nas cidades, proporção que deverá subir para 68% em 2050. Paralelamente à ocupação, as pessoas apresentam demandas constantes e crescentes de moradia, vestuário, transporte, alimentação, entre outras, que contribuem direta ou indiretamente com o aumento das emissões de gases de efeito estufa.