Alessandra Grisólia
Os dados em relação à produção de resíduos no Brasil são alarmantes. Cerca de 255 mil toneladas de lixo são descartadas por dia no País: 52% de matéria orgânica, 26% de papelão e papel, 3% de plástico, 2% de metal, 2% de vidro, e 15% de outros tipos de material. Para enfrentar o cenário negativo, a Usina Verde mostra, na prática, que é possível transformar o lixo em energia elétrica.
Pioneira no Brasil, no desenvolvimento de tecnologia para a implantação de Usinas de Recuperação Energética (URE) de resíduos sólidos, a Usina Verde é uma importante aliada do meio ambiente, por reduzir drasticamente os rejeitos, incluindo plásticos, os grandes vilões, que seriam destinados aos aterros sanitários. O sistema tem efetiva capacidade de recuperar energia dos resíduos tratados. O procedimento já é utilizado na Europa e Estados Unidos.
Desenvolvido com tecnologias nacionais, o método possui custo de até 50% menor que os métodos importados, o que possibilita a diminuição de peso e volume dos resíduos em cerca de 90%. A Usina Verde produz energia capaz de abastecer uma comunidade de 13,3 mil residências e trata 30 toneladas de lixo por dia.
A Usina pretende viabilizar o projeto com capacidade para o tratamento de 150 toneladas de lixo por dia e com geração de 3,2 MWH de energia elétrica, sendo 2,6 MWH destinados à exportação.
A ideia é licenciar a tecnologia patenteada para empresas e municípios. No entanto, o método só é viável para municípios com população superior a 180 mil habitantes ou para consórcios de municípios, considerando que os custos são altos em relação à implantação dos aterros sanitários.
As vantagens da Usina Verde são diversas, como o retorno médio do investimento em 7 anos, sendo que o excedente de energia gerada pode ser vendido; a possibilidade da geração e comercialização dos créditos do carbono; incentivos fiscais do Estado; capacidade de geração de energia mais eficiente que de aterros sanitários; redução de perdas energéticas e de impactos ambientais.
Como funciona
Os resíduos sólidos coletados em residências e hospitais são encaminhados para triagem e separados manualmente. O material não reciclável ou muito contaminado é encaminhado para tratamento térmico: é triturado e transforma-se em Combustível Derivado de Resíduos (CDR).
Os gases oriundos da queima dos resíduos são oxidados em uma câmara de pós-queima a uma temperatura de 1050º C. O CDR armazenado nos silos é levado ao forno que realiza a queima em uma temperatura de 950º C.
Parte dos gases oxidados na câmara de pós-queima é levada a uma caldeira de recuperação e transformada em vapor, que irá acionar o turbo-gerador da Usina. Os gases já tratados são expelidos por uma chaminé
As cinzas são levadas a um decantador, tornando-se, posteriormente, matéria-prima utilizada na construção de tijolos orgânicos. Os resíduos recicláveis são vendidos e o dinheiro é usado na remuneração dos catadores.
A usina, que no início operava com os resíduos sólidos da Univerdade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atualmente trabalha com parte dos Resíduos Sólidos Urbanos da capital fluminense e gera 440 Kwh por dia, que são utilizados para consumo próprio.
Fontes: Usina Verde/ Info Escola/Site Sua Pesquisa