A inovação é uma demanda latente nos dias de hoje. Contudo, diante de um contexto de grandes e rápidas transformações aliadas às tecnologias exponenciais, as empresas se sentem completamente perdidas sobre como manterem o negócio atraente e lucrativo em um ambiente de tanta volatilidade. Por isso, foi lançada em julho de 2019, a ISO 56.002, de gestão da inovação, na qual a PALAS, consultoria de inovação e gestão, despontou como pioneira em seu processo de formatação e implementação.
Fundada em 1947, com o intuito de ajudar na reconstrução das empresas devastadas pela Segunda Guerra Mundial, a ISO – Organização Internacional de Padronização, é uma instituição sem fins lucrativos sediada em Genebra, na Suíça. Ancorada nos princípios da isonomia (que em grego significa igualdade), a organização possui mais de 22 mil normas que visam o estabelecimento de padrões mundiais para a gestão de negócios. Com 164 países-membro, a ISO consolidou-se como uma das mais importantes referências internacionais no que tange a normatização e modelos de gestão.
A formatação
De posse de toda essa credibilidade e know how, em 2008, a ISO criou um grupo de estudos internacional, o ISO TC-279, a fim de mapear as melhores práticas de inovação de todos os países-membro. Ao longo desses anos, muitos países colaboraram ativamente, como foi o caso da França, Canadá, Portugal, Rússia, Espanha, Inglaterra e o próprio Brasil, que contribuiu com a norma ABNT/16.501/2011. Por aqui, o processo de compartilhamento de conhecimentos aconteceu por meio do grupo ABNT/CEE-130, que contou com a presença de Alexandre Pierro, sócio-fundador da PALAS e o responsável pela versão brasileira da ISO 56.002.
Até o momento, já são sete normas que englobam o sistema de gestão da inovação. A ISO 56.000 é a norma que determina vocabulários e fundamentos. A ISO 56.002 é a norma que passa as diretrizes para implementar o sistema de gestão. “Essa norma é a chave da família. Mas, existem ainda a ISO 56.003, que auxilia a empresa através das ferramentas e métodos de inovação, a ISO 56.004, encarregada do assessment. A ISO 56.005, que ajuda na gestão da propriedade intelectual gerada com a inovação e a ISO 56.006, responsável pelas diretrizes para a gestão da propriedade intelectual. Todas elas compõe um sistema completo, que garante que as empresas criem um modelo de gestão voltado à inovação”, explica Pierro.
A essência
Baseada em oito pilares – abordagem por processos, liderança com foco no futuro, gestão de insights, direção estratégica, resiliência e adaptabilidade, geração de valor, cultura adaptativa e gestão das incertezas – a ISO 56.002 defende que uma inovação pode ser um produto, serviço, processo, modelo, método ou a combinação de qualquer uma delas. Contudo, o conceito de inovação é caracterizado por novidade e valor. Em suma, isso significa que ideias sem a manifestação de valor não são inovações e sim invenções.
A terminologia da norma principal com o número dois é um indício de que ela é uma norma de diretrizes e não de requisitos. Ou seja, ela aponta caminhos, mas entende que não há uma receita única para todas as empresas. “Inovação é um campo de estudos muito amplo, vasto e complexo. A ISO entendeu que o que funciona em uma empresa, pode não funcionar em outra. Por isso, além de entender profundamente todas essas normas, os profissionais envolvidos no processo de implementação devem ter um profundo conhecimento sobre metodologias e ferramentas de inovação para conquistar resultados realmente efetivos”, defende o sócio-fundador da PALAS.
O case
Na mesma semana em que a norma foi oficialmente publicada, em julho de 2019, a PALAS implementou a norma na primeira indústria da América Latina. Nosso país ficou entre os três primeiros a conquistar a certificação, ao lado de China e Inglaterra. A MZF4, uma indústria de transformação do ramo de nylon localizada na capital de São Paulo, passou pelo processo de implementação ainda na versão draft da norma e conquistou esse lugar de destaque. “Foi um processo bastante positivo e gratificante para toda equipe envolvida. Tanto é que os resultados já começam a aparecer. Só os produtos criados ao longo de 2019 já representam 9% do faturamento total da empresa”, orgulha-se Fabrício Saad, diretor de marketing da MZF4.
Entre os benefícios esperados da implementação da ISO 56.002 estão o envolvimento de todas as partes interessadas nos projetos de inovação, a contínua geração de ideias, a criação de uma cultura de inovação, além do desenvolvimento de novos produtos e até mercados até então não explorados por uma empresa. “Além de se tornar uma referência em inovação, a maior vantagem do processo de implementação dessa norma é transformar ideias em resultados. Infelizmente, vemos muitas empresas gerarem ótimas ideias, mas que, por falta de processos, acabam nunca saindo dos post-its. Com a ISO 56.002, as ideias são levadas à sério. Colocamos a criatividade para emitir nota fiscal”, enfatiza Pierro.
O processo – O processo de certificação é mais simples do que parece. A ISO 56.002 pode ser implementada em empresas de todos os portes e segmentos. É possível fazer a implementação em um único departamento ou na empresa como um todo. Há ainda casos de implementação em várias unidades ao mesmo tempo, inclusive em países diferentes, no caso de multinacionais. O primeiro passo é a realização de um assessment, que avalia qual é o nível de aderência de uma empresa em relação aos pilares da norma. Depois disso, inicia-se o processo de implementação, que leva de seis a oito meses, dependendo do nível de complexidade e da maturidade da empresa em relação ao tema. Quando o sistema de gestão fica pronto, uma certificadora faz a auditoria de certificação, que, se aprovada, emite o atestado de conformidade da ISO 56.002.
Diversas empresas no Brasil e no mundo já se certificaram ou estão em processo de implementação Entre elas, está a AirBus, empresa aeroespacial que divulgou sua certificação em dezembro de 2019. As perspectivas do mercado para essa certificação são grandes. “Muitos especialistas acreditam que a inovação está se tornando o que a qualidade foi nas décadas de 80 e 90. Para manterem-se ativas e lucrativas hoje, as empresas precisam inovar e, nada melhor que um processo estruturado por uma instituição tão séria e de reputação internacional quanto a ISO para garantir que a inovação aconteça de forma contínua, fluída e eficiente na geração de resultados”, finaliza Pierro.
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