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Futuro dos negócios: Organizações (e pessoas) exponenciais

Não é de se espantar que a maior parte dessas empresas são fundamentas em tecnologias exponenciais, e boa parte delas nós nunca ouvimos falar
Não é de se espantar que a maior parte dessas empresas são fundamentas em tecnologias exponenciais, e boa parte delas nós nunca ouvimos falar. Foto: divulgação

Por Filipe Ivo*

Uma Organização Exponencial (ExO) é aquela cujo impacto, ou resultado, é desproporcionalmente grande (pelo menos dez vezes maior) comparado ao de seus pares, devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam as tecnologias aceleradas.

Em 2014, Salim Ismail, Executive Director da Singularity University, publicou o best seller Organizações Exponenciais (um dos melhores livros de negócio que já li). A pesquisa de Salim e cia se baseou em entender quais eram os pontos em comum das 100 empresas que mais cresciam no mundo naquele momento. O resultado resumido eu compartilho aqui.

Não é de se espantar que a maior parte dessas empresas são fundamentas em tecnologias exponenciais, e boa parte delas nós nunca ouvimos falar. A lista das 10 com maior crescimento: Valve, GitHub, Airbnb, Uber, Tesla, Google, Xiaomi, Netflix, Waze, Quirky.

Salim e seu time encontraram 11 pontos em comum entre essas organizações de rápido crescimento, e segundo ele, se uma empresa apresenta 4 dessas características ela está no caminho para se tornar uma ExO. Na minha opinião, isso não é receita de bolo e depende muito da execução da estratégia e das pessoas envolvidas. Mas, faz sentido acreditar que quanto mais técnicas de gestão em comum utilizadas maior é a chance de sucesso e rápido crescimento.

O primeiro e mais importante atributo identificado é o PTM, Propósito Transformador Massivo. Declarações aspiracionais que capturam corações e mentes, onde a transformação radical é o objetivo principal. O PTM funciona como imã atraindo todo o ecossistema, talentos, parceiros de negócios e clientes. Quem não gostaria de trabalhar no Google?

Os outros 10 pontos identificados foram separados em dois grupos, SCALE e IDEAS. Salim fez uma analogia com o cérebro humano onde o lado direito, responsável pela criatividade, crescimento e incertezas, se refere a SCALE, ou aquelas características externas à organização. Já o lado esquerdo, relacionado à ordem, controle e estabilidade se refere ao grupo IDEAS, àquelas características internas à organização.

Equipe sob demanda (Staff on Demand) – formar uma grande equipe interna é cada vez mais desnecessário, contraproducente e caro. Empresas de rápido crescimento tem um foco muito grande no seu core business e terceiriza todo tipo de atividades, das mais simples às mais complexas e estratégicas. Mais fácil mudar a direção de um barquinho a remo do que um transatlântico certo?

Comunidade e Multidão (Community & Crowd) – engajamento com seus fãs, seguidores e clientes é fundamental, sempre pensando em troca, ao invés de um fluxo unidirecional. O segredo é nutrir a comunidade, ouvir, dar algo em troca e deixar eles engajarem entre si (peer-to-peer).

Algoritmos (Algorithms) – a inteligência artificial e ciência de dados são uma grande aliada. Os algoritmos auxiliam na coleta de dados, na sua organização, mas, principalmente, para gerar insights úteis e expor esses dados para auxiliar na tomada de decisões. Nossas organizações estão aptas a gerar uma enormidade de dados, mas se não conseguirmos utilizá-los no aprendizado e melhoria do seu produto / serviço de nada servirão.

Ativos Alavancados (Leveraged Assets) – tendência em terceirizar até mesmo os ativos de missão crítica. A Apple não fabrica os seus IPhones…

Engajamento (Engagement) – composto por reputação digital, sistemas, gamificação e prêmios de incentivos, criando efeitos em rede e loops de feedback positivo. A organização deixa e incentiva os seus usuários / clientes participarem e trazerem informação útil. O melhor exemplo que eu consigo pensar é o crowdsourcing feito pelo Waze, que incentiva os seus usuários a inserirem informações e faz com o que o app funcione melhor e se adapte às adversidades do dia-a-dia.

Olhando para dentro da organização temos o IDEAS.

Interfaces (Interfaces) – processo de filtragem e comparação que ligam as externalidades (SCALE) às estruturas de controle interno (IDEAS). As interfaces muitas vezes se apresentam como plataformas de conexão com os clientes, um site ou mais provavelmente um app. Permite a interação com o mundo exterior e uma enormidade de dados e aprendizados.

Dashboards (Dashboards) – úteis para gerenciar a performance adaptável, e em tempo real, com todas as métricas necessárias e acessíveis a toda organização. Dar visibilidade aos resultados é fundamental, a empresa precisa ser dinâmica para se adaptar às mudanças rapidamente.

Experimentação (Experimentation) – aqui Salim pega emprestado de Eric Ries a metodologia enxuta de pressupostos de testes, validação e experimentando (MVP) constantemente com riscos controlados e loops de feedback rápidos. O erro faz parte da cultura da empresa, errar rápido, barato, repetidamente, mas, principalmente, gerando aprendizado.

Autonomia (Autonomy) – equipes auto organizadas e multidisciplinares que operam com uma autoridade descentralizada. Organizações mais achatadas e menos hierarquizadas.

Tecnologias Sociais (Social) – tecnologia empregada para facilitar o fluxo de informações / comunicação e gerar mais interação entre o time. Criam transparência e conectividade diminuindo a latência da informação.

Já eu, estou cada vez mais convencido de que o mais importante nas Organizações Exponenciais, são as pessoas. Pessoas de diferentes backgrounds e experiências, com o mindset preparado para os desafios de empreender, que formam um time sinérgico e com energia para vencer e levar à organização aos limites do que pode ser realizado. Pessoas sem medo do erro, mas muito responsáveis com relação ao propósito da organização. Pessoas Exponenciais!


Filipe Braga Ivo – Embaixador do Singularity University Belo Horizonte Chapter, graduado em Administração pela UFMG e Université de Liégè, MBA pela Fundação Dom Cabral e curso executivo na Singularity University. É também empreendedor, professor e palestrante. Atualmente atua como diretor de novos negócios na Sunew. 

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