A substituição de humanos ainda será lenta, até que comece a ocorrer de fato a queda dos preços de sistemas de inteligência artificial
CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
O que e quem puder ser substituído pelas tecnologias, será. Inclusive você e eu, é claro. A relação entre custo e benefício é a única força capaz de retardar a obsolescência das atividades humanas e a adoção indiscriminada de equipamentos robóticos ou de sistemas de automação.
O que nos salva, em outras palavras, é que a hora de trabalho dos humanos ainda custa menos que inovações, como a inteligência artificial. Algo que é mais verdade em países como o Brasil do que em outros, mais avançados.
Um estudo do Instituto de Tecnologia do Massachussets (MIT, em inglês) reforça a tese. “Humanos seguem sendo, ainda, melhor opção para alguns serviços do que as IAs”, dizem os autores da pesquisa. Eles fizeram as contas para saber se inteligências artificiais em tarefas de visualização computacional têm um custo menor do que alocar pessoas para funções do tipo.
IA ainda é cara
A conclusão foi que a inteligência artificial aplicada à visualização computacional ainda não é barata o suficiente para substituir humanos. Explicando e exemplificando o termo “visualização computacional”, ela é a tecnologia na qual sistemas de inteligência artificial reconhecem elementos das imagens.
Sabe quando o reCaptcha pede que você identifique todas as imagens com semáforos? Isso é usado para que uma IA de direção autônoma aprenda a reconhecê-lo quando estiver dirigindo. Nas prática, você está treinando as tecnologias a entender as imagens. Um exemplo relatado pelos autores tem o ambiente de uma padaria. Ao invés de usar um padeiro para avaliar a qualidade dos ingredientes, se eles estão bons ou ruins, uma IA treinada pode identificar as características de um ingrediente estragado. No entanto, por ser uma tarefa rápida, o custo de treinar e manter esse sistema não seria vantajoso.
A universidade avaliou desempenho de IA em tarefas de visualização computacional. O resultado mostrou que os humanos seguem como a melhor opção.
Até quando?
O estudo publicado pelo MIT revela que, com os custos de hoje, 23% (quase um quarto) dos serviços que envolvem visão e análise poderiam ser trocados por IAs de visualização computacional. Nesses casos, o artigo compara os salários dos funcionários para avaliar se a substituição de um humano será rentável.
O estudo avaliou apenas tarefas de visualização computacional, pois essa é uma tecnologia mais madura e com precificação mais estruturada. Para essas IAs ganharem espaços, é necessário que seu custo diminua. No momento, os humanos seguem como a opção mais econômica nesse segmento — e ainda mais em outros, principalmente os que envolvem gestão e habilidades sociais.
Os autores também destacam na pesquisa que a substituição da mão-de-obra humana por IAs será gradual. O artigo aponta que o ritmo de troca tende a ser menor nesse segmento (visualização computacional) do que a rotatividade de empregados vista hoje. O estudo sugere que a velocidade de substituição será lenta o suficiente para que os governos apliquem políticas que reduzam o impacto do desemprego.
Em resumo