No Brasil, por exemplo, já vemos iniciativas robustas de hiperautomação em instituições financeiras, operadoras de saúde, indústrias e setor público
Fernando Baldin
Country Manager LATAM da AutomationEdge
A hiperautomação já deixou de ser apenas uma promessa para se tornar uma necessidade competitiva nas empresas que desejam evoluir rapidamente em um mundo cada vez mais digital. Em minha trajetória como executivo de tecnologia, acompanhei de perto como a hiperautomação saiu do estágio exploratório para se consolidar como uma estratégia transformadora e irreversível para os negócios.
Por definição, a hiperautomação combina RPA (Robotic Process Automation), inteligência artificial (IA), machine learning (ML), processamento de linguagem natural (NLP), iPaaS (plataformas de integração como serviço) e outras tecnologias emergentes para automatizar processos complexos de ponta a ponta. Mas, para além da definição, o verdadeiro valor da hiperautomação está na sua capacidade de integrar pessoas, processos e dados de forma fluida e inteligente, algo que antes era limitado a silos tecnológicos.
Hoje, existem soluções que vão muito além do tradicional RPA, como automação de ITSM, automação de help desk, automação de processos de negócios, integração com sistemas legados via APIs ou UI e incorporação nativa de IA generativa. Isso permite automações com análise preditiva, tomada de decisão contextual e maior adaptabilidade.
Tendências que já moldam o futuro
IA Generativa e automações cognitivas: Com a evolução de LLMs (Modelos de Linguagem de Grande Escala), como os que impulsionam o ChatGPT, entramos na era das automações cognitivas. Agora, robôs não apenas executam tarefas repetitivas, eles compreendem e interpretam linguagem natural, respondem a clientes de forma contextual e tomam decisões com base em variáveis que antes exigiriam julgamento humano.
Essas tecnologias podem ser aplicadas, por exemplo, em processos de triagem automática de chamados, atendimento a clientes via e-mail e automação de compliance, onde a leitura e interpretação de documentos em linguagem natural são fundamentais.
Automação proativa com AIOps: No campo da gestão de TI, AIOps está redefinindo a forma como os times operam. Ferramentas capazes de identificar padrões anômalos, prever falhas e iniciar correções automáticas estão mudando a lógica da operação de reativa para proativa. A automação de reinicialização de serviços permite a liberação de espaço em disco, reset de senhas e outras tarefas críticas, tudo orquestrado por modelos preditivos.
Citizen Developers e democratização da automação: A interface low-code/no-code é outra tendência que se consolida. Ao empoderar colaboradores de áreas de negócio com ferramentas intuitivas para construir suas próprias automações, é possível acelerar a transformação digital sem depender exclusivamente do backlog da TI. Esse movimento de “citizen automation” proporciona segurança e governança, enquanto as áreas ganham agilidade e protagonismo.
Hiperautomação como alavanca ESG: Uma tendência menos óbvia, mas igualmente importante, é o papel da hiperautomação nas metas de ESG (ambiental, social e governança). A automação de processos reduz drasticamente o uso de papel, melhora o controle sobre dados sensíveis e reduz erros humanos em processos regulatórios, contribuindo diretamente para os pilares de sustentabilidade e compliance.
Impacto nos negócios: eficiência, escala e inovação
O impacto da hiperautomação nos negócios pode ser medido em três dimensões fundamentais:
Eficiência operacional: Redução de custos e retrabalho, além de aumento de produtividade. O tempo de execução de processos internos após a implementação de automações com AI e RPA integrados, podem ter reduções de até 70%.
Escalabilidade com controle: Em áreas como bancos, saúde, varejo e telecomunicações, o volume de processos é exponencial. Com hiperautomação, é possível escalar operações sem aumentar proporcionalmente a estrutura humana, mantendo controle e rastreabilidade.
Inovação contínua: A automação libera tempo e energia para que profissionais possam se concentrar em atividades de maior valor agregado, estimulando a inovação interna e permitindo respostas mais rápidas ao mercado.
Brasil e América Latina: desafios e oportunidades
Na América Latina, há uma janela de oportunidade para empresas que quiserem liderar esse movimento. Apesar da adoção ainda estar em estágio médio, a maturidade digital das organizações está crescendo rapidamente. No Brasil, por exemplo, já vemos iniciativas robustas em instituições financeiras, operadoras de saúde, indústrias e setor público.
A hiperautomação não é apenas uma questão de tecnologia, mas de uma mudança cultural, estratégica e estrutural nas companhias. As empresas que entenderem isso e agirem rápido ganharão vantagem competitiva duradoura. As que demorarem, correm o risco de se tornarem obsoletas.
Acredito que o futuro dos negócios será autônomo, orientado por dados e assistido por inteligência artificial. Mas acima de tudo, será um futuro guiado por propósito, onde a automação serve às pessoas e não o contrário.

Fernando Baldin é formado em Relações Públicas, com Pós-graduação em Administração de empresas, há mais de 20 anos com Service Desk e Serviços de TI.
Sobre a AutomationEdge
A AutomationEdge é fornecedora de soluções de Hyperautomação, Robotic Process Automation e IT Automation.