Empresas enquadradas nesse regime têm sido fundamentais para garantir uma porta de entrada ao mercado para jovens de famílias de baixa renda, informa levantamento da BigData Corp
Das 2,621 milhões de empresas abertas entre julho de 2018 e junho deste ano, 2,255 milhões são CNPJ enquadrados como MEI (Microempreendedores Individuais), profissionais autônomos que faturam até R$ 6.750,00 mensais. O mais recente retrato do titular de um MEI é de um homem (54,95%), jovem de até 35 anos (52%), com renda de até 4 salários mínimos (65,83%), que participa de uma família formada por até três pessoas (75,32%). Os dados são da BigData Corp, que apurou informações sobre empresas abertas entre julho de 2018 e junho (inclusive) de 2019.
“Os MEIs respondem, basicamente, por três perfis majoritários: pequenos negócios que estão se formalizando, novos serviços que estão surgindo e jovens que abrem suas próprias empresas como uma saída para fazer frente ao desemprego”, explica Thoran Rodrigues, CEO e fundador da BigData Corp, responsável pelo levantamento.
Rodrigues chama a atenção para a renda familiar do empresário MEI que, em 7 de cada 10 casos, não supera os 4 salários mínimos. Nas demais empresas, em 7 de cada 10, a renda familiar dos sócios é superior a 10 salários mínimos”, comenta.
Arrimos de família
Quando se observa a renda individual dos novos titulares de MEIs, 65,83% auferem até 4 salários mínimos. Já, quando se avalia o conjunto dos demais CNPJs abertos recentemente, 99,02% têm renda acima de 4 salários mínimos; e 69,78% acima de 10 salários mínimos. “Estamos falando de pessoas provenientes de famílias de renda modesta, cuja contribuição financeira tem um papel decisivo no orçamento familiar”, afirma o especialista.
Outras descobertas do levantamento indicam que o MEI tem pouca experiência em outras atividades, mas, em compensação, é muito mais “digital”. “Vimos que em 40,51% desses microempreendedores individuais jamais trabalharam antes – seja em seu negócio próprio, ou em outros -, enquanto 38,31% deles tiveram uma única experiência profissional antes de obter o seu CNPJ. Em contraste, apenas 15,78% dos titulares de empresas tradicionais recém-abertas não trabalharam formalmente antes de abrir o seu negócio e 29,07% tiveram uma única experiência profissional antes de abrirem o seu negócio”, relata o CEO da BigData Corp.
Pegada digital
O engajamento digital dos empresários foi medido levando em conta a intensidade de uso da internet, plataformas digitais, mídias sociais e aplicativos diversos, incluindo os de entretenimento. Numa escala de A a H, 87,65% dos MEIs concentram-se nos estágios de maior engajamento, ou seja, nas categorias A e B. Já, os demais empresários somam 11 pontos percentuais a menos nessas categorias.
“Esses dados nos levam a perguntar: será que essas pessoas são mais empreendedoras porque são digitais, ou por serem mais empreendedoras foram obrigadas a serem mais digitais para competir melhor?”, pergunta-se o fundador da BigData Corp. “Tanto faz. O importante é o mercado saber que esse empreendedor tem essa característica e que busca resolver boa parte de seus desafios empresariais e de sua vida pessoal com o auxílio da internet”, complementa.
Formação tradicional
Curiosamente, no entanto, entre os titulares formados, as primeiras profissões dos MEIs pouco têm a ver com serviços digitais. “Ainda que seus titulares tenham um alto engajamento digital, lideram negócios tradicionais mesmo,”, afirma Rodrigues. Administradores de empresas representam 12,80% dos MEIs formados e advogados respondem por 6,13%. Ciências Contábeis é o curso que figura em terceiro lugar, com 4,97%.
No caso das demais empresas, os mesmos cursos também lideram, nas mesmas posições, com uma participação, respectivamente, de 12,14%, 10,56% e 6,88%. Já, as atividades que normalmente seriam associados às startups, como Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Sistemas de Informação ou Ciência da Computação aparecem, entre as MEIs, listados na décima segunda posição, e nas empresas tradicionais, a partir da 16ª posição.
Sala de aula no lap top
O que varia bastante entre os dois tipos de empreendedorismo – MEIs e empresas tradicionais – é o tipo de educação de seus titulares. Enquanto 17,88% dos MEIs que estudam o fazem em cursos a distância, essa proporção cai praticamente à metade (9,3%) no grupo dos sócios das demais empresas.
“Mas o índice mais curioso dos MEIs, com toda a certeza, diz respeito à incidência de óbitos de seus titulares. Ele é perto de quatro vezes menor do que a dos negócios tradicionais”, aponta Rodrigues, gracejando. “Notamos que, no período monitorado pelo estudo, de julho de 2018 a junho de 2019, ele era de 0,05% entre as MEIs e de 0,2% entre os demais empresários. Certamente, devido ao fato de, na média, serem mais jovens”, conclui o responsável pelo levantamento.
Confira abaixo os estados e as cidades campeões em empreendedorismo nas duas categorias:
Estados campeões |
|||
MEIs |
Outras empresas |
||
SP |
33,1295% |
SP |
36,18% |
RJ |
11,5553% |
RJ |
10,49% |
MG |
10,6361% |
MG |
9,11% |
PR |
6,6430% |
PR |
7,94% |
RS |
6,0553% |
RS |
6,35% |
BA |
4,6233% |
SC |
5,11% |
SC |
4,3222% |
BA |
3,89% |
GO |
3,4185% |
GO |
3,50% |
PE |
2,7726% |
DF |
2,27% |
CE |
2,2139% |
PE |
2,18% |
Cidades líderes |
|||||
MEIs |
Outras empresas |
||||
SAO PAULO |
SP |
11,560% |
SAO PAULO |
SP |
16,912% |
RIO DE JANEIRO |
RJ |
5,698% |
RIO DE JANEIRO |
RJ |
6,354% |
BELO HORIZONTE |
MG |
2,568% |
CURITIBA |
PR |
2,979% |
SALVADOR |
BA |
1,934% |
BELO HORIZONTE |
MG |
2,948% |
CURITIBA |
PR |
1,887% |
BRASILIA |
DF |
2,264% |
BRASILIA |
DF |
1,531% |
GOIANIA |
GO |
1,840% |
GOIANIA |
GO |
1,291% |
SALVADOR |
BA |
1,829% |
PORTO ALEGRE |
RS |
1,248% |
PORTO ALEGRE |
RS |
1,774% |
FORTALEZA |
CE |
1,199% |
FORTALEZA |
CE |
1,282% |
CAMPINAS |
SP |
1,027% |
CAMPINAS |
SP |
1,230% |
Metodologia
A BigData Corp recolheu dados das bases oficiais do governo e os cruzou com outros – obtidos de pesquisas processadas semanalmente, na ordem de 15 petabytes – sobre os titulares de CNPJs abertos entre os meses julho de 2018 a junho (inclusive) de 2019. Foram expurgados do cadastro as empresas inativas, assim como categorias que não representam tipicamente o empreendedorismo, como os CNPJs de advogados, candidatos a eleições, ordens religiosas, condomínios, fundos de investimentos e afins.
Informações da Assessoria de Imprensa
Em resumo