Alessandra Grisolia
Jornalista I Radar do Futuro
Imagine um local com diversos aparelhos conectados ao mesmo tempo, sem perda de conexão e qualidade da internet e a possibilidade de carregar uma página na web em milésimos de segundos. Vislumbre a probabilidade de baixar a sua música predileta em menos de um segundo, e seu filme favorito, em menos de quatro segundos. Se a internet 4G é considerada um grande avanço, veja o que vem por aí com a internet de quinta geração, que promete uma conexão jamais imaginada, mas que já causa polêmicas quanto aos seus supostos efeitos.
O novo padrão de banda larga móvel chega a ter uma velocidade até 100 vezes maior que a rede atual, possibilitando o envio e recebimento de mensagens de forma quase instantânea, downloads de 10 a 20 vezes mais rápidos, além de videochamadas mais claras e menos irregulares.
Para se ter ideia da capacidade da internet de quinta geração, basta compará-la com o 4G, que tem velocidade de 1 Gbps. A nova rede pode alcançar velocidade de até 20 Gbps. Isso significa que é possível fazer downloads e uploads em tempo ágil e reduzir o tempo de resposta entre a conexão e a ação executada por um aparelho, de 10 milissegundos, em média, para 1 milissegundo.
A rede móvel de quinta geração promete melhor aproveitamento de frequências de banda, possibilitando o aumento em 100 vezes do número de dispositivos conectados em uma mesma frequência, ou seja, milhares de pessoas podem estar conectadas simultaneamente, sem falhas ou diminuição da velocidade da internet. Além disso, o 5G possibilita a redução do consumo energético da rede em até 90% e ampliação da duração da bateria, que ocorre porque a tecnologia permanece inativa, deixando que a infraestrutura 4G funcione, até que o usuário solicite procedimentos que exijam mais velocidade.
Possibilidades
A rede móvel 5G será capaz de facilitar a tecnologia de carros autônomos; de tornar mais rápidas as transações com máquinas de cartão; de agilizar a utilização de diversos aplicativos; de conectar milhares de pessoas ao mesmo tempo em um mesmo local, como, por exemplo, shows, treinamentos e palestras.
Espera-se, ainda, que a nova infraestrutura ofereça suporte a edifícios, casas e cidades inteligentes, além de ampliar o uso de realidade virtual, vídeos em 3D, trabalho e jogos na nuvem.
5G no mundo
Provavelmente, a internet de quinta geração não será lançada antes de 2020. A Coreia do Sul pretende oferecer o serviço a partir do próximo ano. A China corre para lançar a tecnologia ainda em 2019. O 5 G já funciona na Coreia do Sul, algumas partes dos Estados Unidos e Reino Unido, e a tecnologia estará disponível no resto do mundo assim que operadoras e fabricantes adaptarem seus equipamentos para que tenham compatibilidade com a rede móvel.
Estima-se que o 5G chegue em 2020 em países da América Latina, como México, Peru e Equador. Mas a GSMA Intelligence acredita que a cobertura 5G se consolidará apenas em torno de 2025, alcançado pouco mais de 40% da população latino-americana.
O Brasil se prepara para receber a rede a partir de 2020, devido às mudanças e preparos nas frequências, licitações, detalhes técnicos e aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Inicialmente, a tecnologia estará disponível em algumas regiões, sem previsão para sua implementação em larga escala. A estimativa é que a rede comercial comece a operar somente por volta de 2023 em solo brasileiro.
Especulações
Como tudo o que é novidade gera medo e desconfiança, a rede móvel 5G causa especulações quanto aos seus efeitos nocivos à saúde, incluindo o aumento dos casos de câncer. Existem estudos de especialistas de diferentes áreas de atuação, brasileiros e estrangeiros, que abordam o assunto.
A controvérsia em relação à internet de quinta geração consiste na utilização de mais antenas transmissoras que as versões anteriores, pois ela também depende de sinais transportados por ondas de rádio, que são transmitidas entre uma antena e um celular, possuindo ondas de frequência mais altas do que as redes móveis anteriores. Tais ondas percorrem distâncias mais curtas no espaço urbano, exigindo, assim, mais antenas transmissoras, posicionadas próximo ao nível do solo.
Há mais de uma década, profissionais de diferentes áreas defendem a hipótese de que a exposição prolongada às radiações eletromagnéticas pode fazer mal à saúde e ao meio ambiente. Alguns chegam a relacionar as taxas de morte por câncer à localização das antenas de telefonia celular, ou seja, para eles, em lugares com mais antenas há mais casos de neoplasia.
Por outro lado, em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não foi constatado nenhum efeito negativo à saúde causado pelo uso de celulares. Alguns profissionais explicam que estamos cercados diariamente pela radiação eletromagnética proveniente de diversas fontes, como sinais de rádio e TV, smartphones, micro-ondas e de outros aparelhos, e de fontes naturais, como a luz solar.
Em contrapartida, a OMS e a Agência Internacional de Pesquisa classificaram toda radiação de radiofrequência como possivelmente cancerígena. Além disso, um grupo de médicos e cientistas escreveu para a União Europeia solicitando a suspensão do lançamento da rede 5G.
Em relação à internet de quinta geração, também não faltam boatos e fake news, incluindo edição de vídeos, na tentativa de transformar a tecnologia na grande vilã da história. Mas ainda não se sabe as verdadeiras implicações que a exposição à radiofrequência pode causar. A exemplo das redes móveis anteriores, a rede 5G depende de sinais transportados por ondas de rádio transmitidas entre as antenas e os celulares.
Uma outra polêmica gira em torno de quem vai oferecer os smartphones com suporte à tecnologia. A chinesa Huawei lançou, no dia 26 de julho, o seu primeiro aparelho habilitado para a rede 5 G, o Mate 20 X 5G, que estará disponível em agosto no mercado interno. A fabricante, integra a lista negra das exportações dos Estados Unidos.
O bloqueio norte-americano ocorreu sob a justificativa de que a empresa representava uma certa ameaça à segurança nacional, uma vez que a tecnologia 5G integra uma política de governo e agrega disputas como instalação da infraestrutura em nível mundial e sua manutenção, fabricação de aparelhos para atender a tecnologia, desenvolvimento de aplicativos, além da fabricação em larga escala de produtos com capacidade de se conectar à infraestrutura.
Diante da posição dos Estados Unidos, o Reino Unido adiou sua decisão sobre a Huawei, quanto à sua participação no desenvolvimento de redes 5G no país. Já o Brasil, apesar das restrições do governo norte-americano, manterá a empresa chinesa como fornecedora.
Acredita-se que, inicialmente, a nova tecnologia não tenha custo acessível a todos, mas posteriormente os receptores do sinal 5G ficarão mais acessíveis. Estima-se que, paralelamente à evolução da internet móvel, ocorra uma inovação dos celulares, que terão capacidade superior aos atuais smartphones; aliás, as principais fabricantes investem na melhoria dos aparelhos, para que comportem a próxima geração de rede de internet móvel. Espera-se que o 5G esteja em pleno funcionamento nas principais metrópoles do mundo até 2025, pois a transição será gradual. Inicialmente, a internet de quinta geração usará a infraestrutura das antenas de 4G.
Entre inúmeras controvérsias, uma coisa é certa: a internet das coisas terá um boom, pois haverá mil e uma possibilidades com uma rede móvel extremamente rápida e estável, que facilitará o uso de dispositivos diversos, que vão desde aplicativos de controle de trânsito ou meteorológicos, wearables e controles que permitem o funcionamento de casas, escritórios e carros inteligentes. Aplicativos com diferentes funções, veículos autônomos, cirurgias à distância, feitas com mãos robóticas, drones com várias finalidades, entre outras tecnologias, estarão conectadas à internet de quinta geração.
- Com informações da BBC News.
Em resumo