Confira a seleção de acontecimentos mais relevantes de maio para ficar em dia com o futuro do planeta
CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
Ao aprovar o Projeto de Lei 490/07, que prevê a aplicação da tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas, a Câmara dos Deputados demonstrou como as relações de forças políticas e econômicas no país estão desequilibradas. O placar de 283 a 155 foi uma demonstração do desejo de destruição dos parlamentares ruralistas. E de ausência absoluta de limites de setores do poder econômico na relação com o futuro dos brasileiros.
Nenhum dos destaques apresentados pelos deputados defensores dos indígenas e do meio ambiente foi aprovado. Como efeito, novas terras só podem ser demarcadas se ocupadas por povos indígenas na data da promulgação da Constituição de 1988.
Há, agora, a evidência de uma ofensiva às garantias dos povos indígenas e às propostas de controle do equilíbrio ambiental. Enquanto governos vacilam na definição de políticas de combate à crise climática, os donos do dinheiro atacam nas frentes negacionistas.
Vale tudo na destruição do ambiente
“Se virar lei, o marco temporal será o principal argumento de fazendeiros e grandes empresas para questionar as demarcações ainda não concluídas, avalia o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Cerca de 60% das 1,4 mil terras indígenas brasileiras não são regularizadas. Quase 600 não tiveram sequer o processo de demarcação iniciado.
O que precisa ser feito: a população precisa ocupar as ruas, seguindo o exemplo dos indígenas, que resistem aos atos dos “civilizados”. Em ato da mobilização nacional contra a aprovação do Projeto de Lei 490, representantes do povo Guarani Mbya, da Terra Indígena Jaraguá, travaram a rodovia Bandeirantes, na terça-feira, dia 30, logo pela manhã. A manifestação pacífica foi reprimida pela Polícia Militar, mas é necessário que os movimentos sociais sigam o exemplo.
Futuro do planeta: anotações e reflexões
A taxa do aquecimento médio superficial global nestes anos 2020 já é cerca de 50% maior do que a taxa de aquecimento que serviu de base às projeções do IPCC em 2018 e está em vias de se tornar quase o dobro daquela taxa de base dos anos 1970-2015. O dado pode significar que o aquecimento global está subestimado.
Projeto preserva investigações de Bruno e Dom
A Repórter Brasil é um dos 16 veículos brasileiros e estrangeiros de imprensa que integram o Projeto Bruno e Dom – Uma investigação sobre a pilhagem da Amazônia. O esforço coletivo, em 10 países, promete seguir contando as histórias que precisam ser contadas sobre a região dominada por crimes. As primeiras revelações começam a ser investigadas nesta quinta-feira, 1º de junho.
MP 1.154 aprovada mantém estrutura do governo Lula, mas deixa perdas
Aprovadas pelo Congresso, as alterações da Medida Provisória, mesmo com vitória do governo na Câmara dos Deputados, mantiveram o “esquartejamento do meio ambiente” e o “ataque aos indígenas”. (Google News)
Jogados à própria sorte
Em maio, a tragédia-crime de São Sebastião completou exatos três meses. No entanto, a população local segue à mercê da própria sorte, sem uma resolução efetiva do poder público.
INDICADORES
Superação de limites planetários
Nova pesquisa liderada por Johan Rockström, cientista pioneiro na quantificação dos limites para a vida na Terra, passa a incluir equidade e justiça ambiental no cálculo. Segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (31 de maio) na Nature, de oito limites para que a vida na Terra seja segura para o planeta e seus habitantes, sete já foram ultrapassados. (Observatório do Clima)
Aquecimento avança
O aquecimento global pode ultrapassar 1,5ºC em algum momento entre 2023 e 2027. A temperatura média anual global nos próximos cinco anos será entre 1,1°C e 1,8°C maior do que a média observada na era pré-industrial (1850 a 1900). (Organização Meteorológica Mundial (OMM)
Há 66% de chance de a temperatura global ultrapassar a barreira do 1,5ºC por pelo menos um ano no período
Há 98% de probabilidade que o quinquênio seja o mais quente já registrado.
Mata Atlântica
Alvo da cobiça dos exportadores de madeiras, a Mata Atlântica, bioma que abriga, inclusive, a árvore que deu nome ao país, hoje, possui menos de ¼ (24%) da sua cobertura vegetal original preservada em fragmentos do que já foi, um dia, uma das maiores florestas tropicais das Américas. (Climainfo)
Chuvas amazônicas
Um novo estudo, publicado na revista Climate Dynamics, mostrou que tempestades chamadas de sistemas convectivos de mesoescala, que representam 40% da chuva na Amazônia, estão ocorrendo em menor escala. As mudanças climáticas estão reduzindo a ocorrência desse tipo de evento climático na região.
INSIGHTS
A inteligência artificial gera surpresas além das imaginadas pelos usuários otimistas ou pessimistas do Chat GPT, seu produto mais conhecido na atualidade. Quanto mais poderosa a IA, mais energia é necessária para gerar informações. Os modelos de IA generativos cada vez mais poderosos tendem a impactar a pegada de carbono da sociedade. (Olhar Digital)
LEITURA
Estudo quantifica o custo humano do aquecimento global
Estudo apresentado pelo site da Nature Sustentabilidade questiona os custos das mudanças climáticas, frequemente estimados em termos monetários. Além de constatar que o método de análise sempre suscita questões éticas, os autores criam indicadores que se baseiam na projeção de quantas pessoas serão expulsas de seus ambientes.
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Em resumo