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Futuro da Estatística: sobram oportunidades e faltam profissionais

Dados do Inep sobre o mercado de trabalho confirmam a distorção entre oferta e demanda na área de estatística

Conselho Regional de Estatística

Dados divulgados no dia 31 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da pesquisa Pnad Contínua, mostram que o número de trabalhadores com carteira assinada é o menor já registrado. O país possui 13 milhões de pessoas à procura de emprego e não dá sinais de melhora. O próprio governo federal reduziu recentemente sua previsão de crescimento do PIB neste ano de 2,5% para 1,6%.

Até maio, estava em 2,97%. Entretanto, o Brasil possui uma grande quantidade de vagas em diversos setores da economia: a busca frenética é pelos Estatísticos, demanda que o país não consegue suprir. O uso da tecnologia deu um grande salto nos últimos anos e a facilidade de se coletar dados acelerou a necessidade por profissionais que consigam ler, organizar, analisar e sintetizar informações úteis a partir de grandes bancos de dados.

“As oportunidades estão em todos os setores da economia: telecomunicações, saúde, mercado financeiro são alguns exemplos, e a maioria dos alunos sai da graduação com emprego garantido,” explica Julio Trecenti, Presidente do CONRE-3 (Conselho Regional de Estatística da Terceira Região, que engloba São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).

A carreira chegou a ser listada pelo Fórum Econômico Mundial como uma das mais relevantes para o mercado até 2020. Nos Estados Unidos, as oportunidades de trabalho para profissionais de “analytics” saltaram para centenas de milhares, segundo websites de empregos como o Indeed.com. Mesmo com o aumento substancial de formandos nos Estados Unidos, ainda há muito espaço para esse tipo de profissional.

“No Brasil, o cenário não é diferente, embora ainda modesto. Na página StatJobs do Conre-3, no facebook, são postadas mais de duas mil vagas para estatísticos todos os anos, mas, com menos de 400 formandos anualmente, estamos muito aquém da necessidade de um mercado parcial interno”, relata o presidente do conselho. No entanto, faltam profissionais no Brasil.

O último censo divulgado da educação superior do Inep, referente ao ano de 2016, mostra um cenário desanimador na área do Bacharelado em Estatística: o número de formandos desde 2004 não aumentou, pelo contrário, encolheu. De uma média de 435 deste período, foram formados, em 2016, 16% menos profissionais.

Em comparação, o número de egressos da área de estatística dos Estados Unidos cresceu cerca de 400% neste mesmo período, como mostra a tabela. “Dentro os motivos da evasão, talvez o nível de conhecimento em matemática dos novos ingressantes pese bastante” relata Júlio Trecenti.

Como gostar de Estatística

Conhecer os números pode ser divertido. O blog da empresa “Curso-R”, criado por Trecenti e outros ex-alunos do IME-USP (Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo) mostra alguns exemplos. Há ilustrações bem-humoradas de como a estatística ajuda a entender a popularidade do canal “Porta dos Fundos”, por exemplo. Além disso, o CONRE-3 viaja pelo Brasil com a Tenda Estatística. 

O programa oferece brincadeiras a pessoas de todas as idades que ensinam noções básicas de estatística e acabam com o medo da matemática. Essa divulgação do lado divertido da estatística tem ajudado a quebrar o estereótipo de que essa é uma profissão difícil.

Sobre a Estatística

O dia 29 de maio foi escolhido por ser o início das atividades, em 1936, do Instituto Nacional de Estatística. No ano seguinte, o Conselho Brasileiro de Geografia incorporou-se ao INE, formando o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para exercer a profissão, é preciso ter registro nos Conselhos Regionais de Estatística.

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