* Thaís Hiramoto
A economia circular é um conceito que vem ganhando destaque nos últimos anos, pois integra o desenvolvimento sustentável aos aspectos econômicos, inspirado na permacultura econômica ou, simplesmente, na economia verde. Mas o que isso significa? O modelo defende a ideia de que tudo que tem origem na natureza, no fim de sua vida útil, retorne para ela, causando o menor impacto ambiental possível e de forma que aumente a eficiência produtiva como um todo. Em poucas palavras, trata-se da inteligência do planeta.
Dentro desse contexto, a indústria alimentícia tem um papel-chave. É o setor responsável por fazer o conexão do campo com os consumidores finais, de modo que os produtos sejam aproveitados em sua totalidade – isso, claro, quando permacultura econômica, ou seja, soluções sustentáveis, é colocada em prática.
Um ótimo exemplo de aproveitamento total do produto ocorre no sistema circular da castanha-do-Brasil, fruto encontrado em locais de difícil acesso e, geralmente, coletado por comunidades locais. Após a coleta, é realizada a prensagem a frio das amêndoas, que dá origem ao óleo utilizado na preparação e finalização de diversos pratos. A farinha resultante do processo, é ingrediente para alimentos consumidos localmente. Já a casca, é destinada a adubação da terra e todo o processo de cultivo orgânico. E, o melhor de tudo: o produto final é funcional, saudável, rico em ômegas 6 e 9, fitoesteróis, esqualeno e vitaminas naturais.
Outro fruto que pode ser considerado um exemplo é o cupuaçu, onde se extrai a polpa usada em sucos e geleias. Da amêndoa é removida a manteiga utilizada em pães, doces e salgados, tudo isso sob um cultivo agroflorestal.
O impacto de todos esses trabalhos é maior do que as pessoas podem imaginar, vai além de toda produtividade de reaproveitamento e de um produto saudável. A preservação das áreas nas quais os frutos estão localizados ajuda, inclusive, na redução do desmatamento da floresta. Outro balanço positivo que podemos fazer da conservação dessas regiões refere-se às toneladas de carbono que deixam de ser emitidas na atmosfera e que causam o aquecimento global.
O modelo de economia circular também precisa ser organizado para, assim, manter a perpetuação das espécies, das florestas e até mesmo das pessoas. É importante que a indústria alimentícia tenha todos esses efeitos positivos e contribua com as comunidades que atuam de forma organizada, responsável e sustentável.
Por fim, cabe dizer que toda a iniciativa da economia circular está de acordo com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 15, ligado ao tema “Vida Terrestre” e que busca proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres; gerir de forma sustentável as florestas; combater a desertificação; deter e reverter a degradação da terra; e deter a perda da biodiversidade.
Além desse, outros 16 ODS foram implementados pela ONU, com a finalidade de aplicar universalmente, até 2030, ações que contribuam com o fim da pobreza, da desigualdade social e que combatam as alterações climáticas. Para fomentá-los em todo o mundo, anualmente são reconhecidos líderes empresariais, conhecidos como Local SDG Pioneers. Ulisses Sabará, presidente do Grupo Sabará, foi selecionado em 2016 reconhecido pelos seus esforços em aliar a conservação da natureza com o benefício para as comunidades locais.
- Thaís Hiramoto é especialista em sustentabilidade da Concepta Ingredients, Unidade de Negócio do Grupo Sabará especializada no desenvolvimento de soluções naturais e tecnológicas, com foco nas indústrias de alimentos, bebidas, nutrição animal e farmacêutica veterinária. Desde maio de 2017, a Concepta Ingredients oferece ao mercado de food service uma linha de manteiga e óleos vegetais sustentáveis, direcionada a hotéis, restaurantes e cafeterias (Horeca).