Henrique Pereira
Historicamente, o Brasil é protagonista nas discussões e ações globais referentes à pauta ambiental. Basta lembramos das principais ratificações, como a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a Rio-92, quando 179 países firmaram compromissos para lidar com temas fundamentais como a biodiversidade, a mudança do clima e a desertificação. Também estivemos no centro da construção da agenda climática que culminou, em 1997, no Protocolo de Quito.
Outro resultado importante da Rio-92 foi o estabelecimento da Agenda 21, um marco na relação entre meio ambiente e desenvolvimento e que estabeleceu um plano global de ação estratégica, com objetivo de promover um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. É neste momento que novos agentes são formalmente integrados à agenda da diplomacia ambiental. A Agenda 21 foi um plano de ação que reconheceu que as ações não podem ser unicamente de governos nacionais, mas também demanda envolvimento e integração dos governos locais, das organizações não governamentais, da sociedade civil e do setor privado. A RIO-92 impulsionou o crescimento mundial de cooperações multilaterais.
O setor privado passou a ser um pilar fundamental da transformação econômica, social e ambiental. Ao alinhar suas estratégias aos objetivos do desenvolvimento sustentável, as empresas assumem lugar de relevância. No relatório “Better Business, Better World”, de 2017, a Business and Sustainable Development Commision aponta que modelos de negócios sustentáveis podem gerar oportunidades no valor de US$ 12 trilhões e criar 380 milhões de novos postos de trabalho até 2030. Para a Comissão, ao incorporar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em suas estratégias, as companhias podem desencadear uma mudança radical no processo de produção e criar um boom de investimentos em infraestrutura e tecnologias sustentáveis.
Agenda 21 e a relação meio ambiente e desenvolvimento
Outro resultado importante da Rio-92 foi o estabelecimento da Agenda 21, um marco na relação entre meio ambiente e desenvolvimento e que estabeleceu um plano global de ação estratégica, com objetivo de promover um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. É neste momento que novos agentes são formalmente integrados à agenda da diplomacia ambiental. A Agenda 21 foi um plano de ação que reconheceu que as ações não podem ser unicamente de governos nacionais, mas também demanda envolvimento e integração dos governos locais, das organizações não governamentais, de grupos subrepresentados, da sociedade civil e do setor privado.
A RIO-92 impulsionou o crescimento mundial de cooperações multilaterais e foi sem dúvida o movimento que colocou a sociedade na direção de algo em comum. O avanço desta agenda culminou na definição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) em 2000, e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2015, também conhecida como Agenda 2030.
A atual agenda internacional para a promoção do desenvolvimento sustentável tem um elemento marcante: o setor privado como pilar fundamental da transformação econômica e ambiental. Ao alinhar suas estratégias aos objetivos do desenvolvimento sustentável, as empresas assumem lugar de relevância, se posicionam em relação aos desafios globais de desenvolvimento e constroem vantagem competitiva.
Em seu relatório “Better Business, Better World 2017”, a Business and Sustainable Development Commision aponta que modelos de negócios sustentáveis podem gerar oportunidades no valor de US$ 12 trilhões e criar 380 milhões de novos postos de trabalho até 2030. Para a Comissão, ao incorporar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em suas estratégias, as companhias podem desencadear uma mudança radical no processo de produção e criar um boom de investimentos em infraestrutura e tecnologias sustentáveis.
Agenda 2030 também ganha força no setor financeiro
O interesse do setor privado na Agenda 2030 também é reflexo de um novo agente: o setor financeiro. Em 2018, mais de 90% dos investidores globais levaram em consideração fatores ambientais, sociais e de governança (ESG, sigla em inglês) no processo de investimento, segundo estudo da consultoria EY. Em 2017, o número de profissionais que usavam informações ESG era de 68%. O aumento registrado em 2018 sinaliza que os investidores têm a perspectiva e a compreensão sobre os riscos e oportunidades para os negócios e ativos nos quais estão investindo, principalmente em períodos de desaceleração da economia.
Pode-se notar que este é um movimento sem volta, no qual a sustentabilidade deixa de ser um conceito e passa a permear os negócios gerando maior segurança, aumento de receitas e maior geração de valor.
Brasil precisa retomar protagonismo
No Brasil, felizmente estamos observando uma mobilização positiva e proativa do setor privado. Em ecossistemas cada vez mais interdependentes e interligados, os riscos e oportunidades da sustentabilidade se distribuem pelas cadeias de valor e as companhias sabem que isso se reflete em competitividade. Um bom exemplo no Brasil é o setor agropecuário de alta tecnologia, que conhece seu potencial de contribuição e tem se posicionando firmemente sobre a importância da adoção de políticas ambientais.
O afastamento do país de sua posição de liderança e protagonismo abre brechas que vêm sendo ocupadas por competidores internacionais. A China vem se tornando líder em geração de energia renovável e está desbravando a locomoção elétrica em escala. A Índia, com uma economia de serviços vibrante, também se esforça em reduzir a dependência do carvão. Nos EUA, o afastamento do governo federal culminou na iniciativa We are still in (Ainda estamos dentro), na qual lideranças políticas, da sociedade civil e privada, se mobilizaram para ampliar ações e ambições de maneira unilateral e voluntária. Por aqui temos uma oportunidade sobre a mesa. A iniciativa privada pode tomar a dianteira para requalificar o desenvolvimento econômico do país tendo como norte a sustentabilidade e a economia de baixo carbono.
- Henrique Pereira é CEO da WayCarbon, empresa brasileira especialista em assessoria de mudanças do clima
Em resumo