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Conversas sobre o futuro: saúde mental & qualidade de vida

Responsabilidade das empresas nos cuidados dos trabalhadores e pesquisas sobre impactos das mídias digitais na saúde mental de adolescentes são destaques

Empresas assumem a responsabilidade por saúde mental dos trabalhadores

As empresas brasileiras têm até 26 de maio para criar mecanismos internos que identifiquem e combatam o estresse, assédio e carga mental excessiva no ambiente de trabalho. A atualização da Norma Regulamentadora n.º1 – NR-1 determina que a responsabilidade das empresas em propiciar um lugar seguro para os colaboradores passa a ser uma regra bem definida e, com isso, a saúde mental passa a integrar os relatórios de risco ocupacional.

A norma prevê a obrigatoriedade de os empregadores adotarem, no Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGR), medidas de avaliação, prevenção, monitoramento, controle e eliminação desses fatores de risco psicossociais. Além disso, o PGR deve ser reavaliado bienalmente e necessita de uma monitorização contínua.

Entre os fatores de risco podem ser destacados: a sobrecarga de tarefas, o estresse ambiental, a falta de suporte nas relações interpessoais e as diferentes modalidades de assédio. A saúde mental dos trabalhadores é essencial para o bem-estar individual e o sucesso organizacional. Dessa forma, a observância das novas regras da NR-01 do MTE pode trazer para as empresas aumento de produtividade, redução de custos e retenção de talentos.

É a primeira vez que a identificação dos riscos psicossociais são incluídos nos critérios da NR-1. Agora, as empresas precisam garantir que os colaboradores não adoeçam devido ao trabalho, assim como já acontece com a saúde física.


Enquanto isso …

Os desafios da aplicação da norma são, naturalmente, muito grandes. Nas redes sociais, a postagem ao lado criou polêmica pelo absurdo. O contrato de contratação de uma empresa exigindo que o funcionário não fique doente.


Quatro sinais de que sua empresa prioriza o bem-estar dos funcionários (ou não)

Enquanto 91% dos executivos acreditam que priorizam o bem-estar dos funcionários, apenas 56% dos colaboradores compartilham esse sentimento. A desconexão entre percepções foi identificada por um estudo da empresa de consultoria empresarial Deloitte. Com base na informação, o site Fast Company listou quatro pilares do bem-estar dos trabalhadores.

Confira:

  • Previsibilidade com flexibilidade

    Expectativas claras, em ambientes estruturados, reduzem significativamente a ansiedade no trabalho.

  • Destaque para a saúde mental

    Empresas visionárias oferecem serviços de aconselhamento, aplicativos de saúde mental e apoio ao bem-estar dos funcionários.

  • Lideranças priorizam a coerência

    Líderes que zelam pelo seu próprio bem-estar dão um exemplo poderoso aos demais sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.

  • Criação de pontes para o relacionamento

    Na era digital, conexões genuínas muitas vezes continuam a existir, construir relacionamentos fortes dentro das equipes.


Pesquisa alerta sobre sedentarismo de jovens

Os jovens apresentam maior risco de enfrentar sofrimento psicológico no futuro quando passam mais de três horas por dia envolvidos em comportamentos sedentários. O alerta faz parte de um estudo publicado pelo Journal of Adolescent Health, que revela os efeitos negativos sobre a saúde mental dos adolescentes envolvidos em demasia com atividades como jogar videogame ou ficar muito tempo distraído com telas.

O trabalho, realizado no Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London, no Reino Unido, analisou informações de 3.675 adolescentes que integram o Millennium Cohort Study, projeto que acompanha crianças nascidas entre os anos 2000 e 2002 e mantém uma ampla base de dados.

O estudo também constatou, por outro lado, que o tempo moderado de exposição a telas investido em atividades educacionais, como fazer o dever de casa ou assistir às aulas, foi considerado um fator “protetor”, associado a menor sofrimento mental.

O comportamento sedentário entre adolescentes tem se tornado um problema crescente no mundo todo, com impactos significativos na saúde física e psicológica da população dessa faixa etária. Vários estudos têm demonstrado que a falta de atividade física, especialmente associada ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, contribui para o aumento de problemas como a obesidade e as doenças cardiovasculares.


Indicadores

O Brasil é o segundo país no mundo com mais casos de burnout diagnosticados, sendo que mais de 30% dos trabalhadores já sofrem com a síndrome, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). A doença emocional resulta de um estresse crônico no trabalho e exaustão extrema, o que revela um amplo despreparo por parte das empresas para evitar tal problema.

O Ministério da Previdência Social divulgou que, em 2024, foram registrados no país mais de 400 mil casos de afastamentos do trabalho por problemas relacionados à saúde mental – número que representa a soma dos afastamentos atribuídos a diagnósticos de transtornos ansiosos, episódios depressivos, estresse e outros. No ano anterior, em 2023, mais de 288 mil pessoas foram afastadas por problemas de saúde mental, enquanto, em 2022, foram 208 mil.

Pessoas com mais de 40 anos são a maioria na busca por apoio mental

Os pacientes com idades na casa dos 40 anos, os chamados quarentões, representam a maioria dos atendimentos em saúde mental realizados pela Amil em 2024. A faixa etária, que já liderava o acolhimento ambulatorial em 2023, busca apoio principalmente para lidar com transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade.

Desalento teve queda no último trimestre de 2024

O Brasil registrou 3,029 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em dezembro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O País tinha 77 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em setembro, um recuo de 2,5%.

Impactos neurológicos da Covid – Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) demonstraram, em cerca de 150 pacientes, a evolução dos sintomas neurológicos de longo prazo da covid, como: perda de memória, problemas no olfato e transtornos do sono, sintomas da chamada covid longa.

Atendimento precário – Um pesquisa feita pela University of British Columbia e pela Harvard Medical School mostra que apenas 6,9% das pessoas com transtornos de saúde mental ou dependentes de álcool e outras drogas recebem tratamento eficaz para seus distúrbios.

Estigma cala os idosos – Dados do Serviço Nacional de Saúde (NHS), da Inglaterra, mostram que mais de seis em cada 10 pessoas no Reino Unido com 65 anos ou mais já passaram por depressão e ansiedade. Destes, mais da metade não procurou ajuda porque pensou que “deveria simplesmente seguir em frente”.

Insights

Cuidado com os impactos da IA sobre o clima empresarial

As empreas devem se antecipar aos cuidados na abordagem sobre os efeitos da inteligência artificial dentro das suas estruturas. As incertezas sobre o futuro das funções, mais do que propriamente sobre profissões, tendem a criar ambientes de tensões crescentes.

A adoção da inteligência artificial no ambiente de trabalho pode ter vários impactos negativos, afetando significativamente a relação entre os trabalhadores e a dinâmica organizacional. Aqui estão alguns dos principais impactos negativos:

Impactos Negativos da Adoção da Inteligência Artificial

  1. Substituição de Empregos:
    • A automação de tarefas pode levar à substituição de empregos, especialmente aqueles que envolvem atividades repetitivas ou previsíveis, resultando em desemprego e necessidade de requalificação profissional.
    • Isso pode gerar ansiedade e insegurança entre os trabalhadores, afetando a motivação e o engajamento no trabalho.
  2. Viés e Discriminação Algorítmica:
    • Os algoritmos de IA podem perpetuar vieses e discriminações presentes nos dados de treinamento, o que pode afetar decisões de contratação, promoção e avaliação de desempenho.
    • Isso pode criar um ambiente de trabalho desigual e injusto, prejudicando a confiança e a colaboração entre os colaboradores.
  3. Falta de Transparência:
    • A opacidade dos sistemas de IA pode dificultar a compreensão das decisões automatizadas, gerando desconfiança entre os trabalhadores e a gestão6.
    • Isso pode levar a conflitos e mal-entendidos, pois os colaboradores podem se sentir desamparados ou injustiçados por decisões que não são claras ou explicáveis.
  4. Desigualdade Social e Econômica:
    • A IA pode aumentar a desigualdade social ao substituir empregos em setores mais vulneráveis, exacerbando a pobreza e a exclusão social.
    • Isso pode afetar negativamente a coesão social dentro das organizações, criando tensões entre grupos de trabalhadores com diferentes níveis de segurança no emprego.
  5. Privacidade e Segurança:
    • A coleta e armazenamento de dados pessoais para o funcionamento dos sistemas de IA podem representar riscos à privacidade dos trabalhadores.
    • Isso pode gerar preocupações sobre a proteção de informações confidenciais e a possibilidade de ataques cibernéticos, afetando a confiança dos colaboradores na organização.

Efeitos na Relação entre Trabalhadores

  1. Redução da Confiança:
    • A falta de transparência e a possibilidade de discriminação algorítmica podem diminuir a confiança entre os trabalhadores e a gestão.
  2. Aumento do Estresse:
    • A incerteza sobre o futuro dos empregos e a pressão para se adaptar às novas tecnologias podem aumentar o estresse e a ansiedade no ambiente de trabalho.
  3. Dificuldade de Colaboração:
    • A substituição de empregos e a automação podem reduzir a interação humana, dificultando a colaboração e a troca de ideias entre os trabalhadores.

Para mitigar esses impactos negativos, é crucial que as organizações implementem políticas claras de transparência, ética e segurança, além de investir em requalificação e adaptação dos trabalhadores às novas tecnologias.

Em resumo

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