Paulo Exel *
É fato que a transformação digital já chegou ao RH. Processos manuais começam a ser substituídos gradativamente por softwares e ferramentas de gestão. E os benefícios vão muito além da automatização dos processos burocráticos. O RH digital melhora a experiência do colaborador ao longo de toda a sua jornada na empresa, atuando fortemente na produtividade, engajamento e retenção dos profissionais.
Um estudo feito pela Harvard Business Review acompanhou 53 empresas durante os anos de 2011 a 2015. O resultado foi que, aquelas que mantém boas práticas de RH são, em média, 51% mais competitivas que as demais. O fato é que, hoje, é muito difícil manter a competitividade sem usar a tecnologia. Por isso, a área vem recebendo cada vez mais recursos a fim de se digitalizar.
De acordo com uma pesquisa elaborada pelo Grupo Selpe e a A3Data, aproximadamente 40% das empresas aumentaram o orçamento da área de RH. Cerca de 23% afirmam já adotar práticas de Business Intelligence. Isso quer dizer que a digitalização do RH não atua apenas na automatização de processos meramente operacionais, mas apresenta novas oportunidades.
Boa parte desse avanço deve-se ao surgimento das chamadas HR Techs, termo que define as empresas que fornecem serviços tecnológicos para o setor. Elas possibilitam que o RH atue de maneira mais estratégica e assertiva dentro das empresas. Essas soluções são capazes de reduzir custos, aumentar a eficiência e a inteligência dos processos da área de recursos humanos.
As possibilidades são enormes. A tecnologia pode ser empregada na gestão de benefícios, controle de férias, emissão de holerites, folhas de pagamento, entre outros. No entanto, um dos maiores impactos do RH Digital é a introdução do People Analytics, que é um conjunto de processos e ferramentas que coletam, compilam e analisam dados sobre o comportamento dos funcionários. Essas informações são usadas no planejamento estratégico do setor, traçando planos para engajar, motivar, reter e aumentar a produtividade dos colaboradores.
A grande mudança é que agora, TI e RH devem estar cada vez mais próximos. Um estudo feito pela consultoria Gartner, aponta que 75% das empresas pretendem melhorar a experiência do colaborador a partir de um desempenho conjunto das duas áreas até 2022. Ambas precisam garantir que novas tecnologias não só abordem questões complexas do negócio, mas também que atendam às expectativas e necessidades do público interno. E essa é uma mudança de mindset super importante, já que o TI passa a assumir um papel consultivo para o RH.
Diante dessa transformação, o profissional de recursos humanos precisa estar muito bem preparado. Será preciso entender o negócio de forma mais holística, compreendendo os desafios globais da companhia. A cobrança já é por um RH mais propositivo e menos reativo. Além disso, a área, que muitas vezes não trabalhava números como aliado em seus processos e decisões, vai precisar atuar cada vez mais na geração e interpretação de dados, a fim de facilitar a tomada de decisões.
A revolução da tecnologia no RH será enorme. Contudo, o papel do ser humano continuará sendo insubstituível. São as pessoas que realizam a gestão dessas ferramentas tanto para garantir sua eficácia quanto para identificar pontos relevantes e propor ações. Com a automatização, o RH passa a ter mais tempo para atuar de maneira estratégica e com foco em ações que visem a satisfação do colaborador, que é o ponto central de qualquer companhia. O grande desafio do RH digital é combinar a tecnologia disponível com a imprescindível interação e interpretação das necessidades humanas.
Paulo Exel é formado em Administração de Empresas, possui MBA executivo em Gestão de Negócios e é diretor de operação da Yoctoo, consultoria boutique de recrutamento e seleção para tecnologia. Exel tem mais de 10 anos de experiência no recrutamento especializado nas áreas de Tecnologia, Digital e Vendas.