Radar do Futuro
Apontadas por parte dos cientistas como evidência do processo de aquecimento global, as enchentes recentes que mataram pessoas e criaram grandes transtornos em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte vão requerer novos comportamentos de gestores públicos e da população. As tempestades, também registradas em outras grandes cidades do planeta, fazem parte da tendência dos fenômenos climáticos extremos. As tragédias tendem a ser cada vez mais frequentes.
Além da capa e do guarda-chuva, o morador das médias e grandes cidades, principalmente, deve ter em seus smartphones o aplicativo “SOS Chuva”, vencedor do Prêmio Péter Murányi, cuja edição 2019 recebeu trabalhos focados em Ciência e Tecnologia. Desenvolvido pelos cientistas Luiz Augusto Machado e Luiz Eduardo Guarino, o app oferece aos usuários acesso a radares meteorológicos que monitoram todo o território brasileiro, em tempo real.
Iniciado em 2013, o projeto foi criado para reduzir a vulnerabilidade de moradores da região de Campinas, no interior de São Paulo, a eventos climáticos extremos, dando-lhes a oportunidade de planejar ações para que sejam reduzidos danos materiais e físicos a essa população. Posteriormente, o alcance da ferramenta tornou-se nacional.
Compatível com diversos modelos de celulares, a solução permite ao usuário saber, com até 20 minutos de antecedência, se está em uma área onde estão previstas chuvas com potencial para alagamentos. A ferramenta informa, ainda, onde caíram raios nos úlitmos cinco minutos e permite também criar um mapa colaborativo.
Integrado a estações responsáveis pela previsão do tempo em todo o Brasil, o serviço permite o monitoramento do clima, visualização de satélites e o compartilhamento de informações sobre as condições meteorológicas em determinadas regiões e como os moradores destas localidades devem agir em caso de enchentes, além de avisar quantos raios caíram em um determinado perímetro em um espaço de cinco minutos.
Além da solução, o trabalho dos pesquisadores originou um sistema de previsão imediata, voltado a meteorologistas operacionais, e que permite a esses profissionais prever tempestades. “A previsão imediata é algo novo e se faz cada vez mais necessária diante de tantas mudanças climáticas repentinas. É importante que a população tenha acesso a essas informações, para que ela possa tomar decisões corretas em situações como essas”, contam Machado e Guarino. O projeto levou dois anos para ser concluído.
Prêmio Péter Murányi 2019
O desenvolvimento de um programa de melhoramento genético da aveia, permitindo o cultivo desse cereal em áreas do Sul do Brasil, ficou em segundo lugar no Prêmio Péter Murányi 2019. Iniciado em 2000 e coordenado pelos professores Luiz Carlos Federizzi e Marcelo Teixeira Pacheco, o projeto nasceu com objetivo de adaptar as sementes da aveia ao clima subtropical e tornando-as resistentes às pragas comuns em território nacional e que costumam inviabilizar as colheitas, tornando seu cultivo sustentável. Os resultados colhidos permitiram que o Brasil deixasse de ser um importador de aveia, para tornar-se um exportador.
O terceiro colocado foi um trabalho inédito que resultou no desenvolvimento de um medicamento cujo princípio ativo é constituído por plantas que fazem parte da biodiversidade brasileira. Coordenado pelo professor João Batista Calixto, a pesquisa deu origem ao medicamento mais prescrito entre os anti-inflamatórios tópicos, o Acheflan. O medicamento foi registrado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2004, e teve sua comercialização liberada em junho de 2005.
O que é o prêmio
O Prêmio Péter Murányi é realizado anualmente, com temas que se alternam a cada edição: Saúde, Ciência & Tecnologia, Alimentação e Educação. Cada tema é revisitado a cada quatro anos. O valor total é de R$ 250 mil, divididos entre o vencedor (R$ 200 mil), o segundo colocado (R$ 30 mil) e o terceiro (R$ 20 mil). A entrega ocorrerá em abril, durante a festa de premiação.
A premiação conta com o apoio das seguintes entidades: ABC (Academia Brasileira de Ciências), Aconbras (Associação dos Cônsules no Brasil); Aciesp (Academia de Ciências do Estado de São Paulo); Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras); Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior); CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola); CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico); Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); e SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Fonte: Ricardo Viveiros & Associados – Oficina de Comunicação
Em resumo