A análise de conjuntura sobre o que vem por aí abre com uma boa notícia: o brasileiro é feliz. Mesmo que as elites globais conspirem contra tudo
Redação
Radar do Futuro
O Brasil é o quinto colocado do ranking global de felicidade, atrás apenas da China (91%), Arábia Saudita (86%), Holanda (85%) e Índia (84%). Você pode até não concordar, mas é verdade, segundo a multinacional de pesquisas Instituto Ipsos. O estudo feito por questionários aplicados na internet teve a participação de pessoas de 32 países.
No Brasil, 83% dos entrevistados consideram-se muito felizes ou felizes — uma alta de 20 pontos percentuais em relação ao último levantamento, feito em dezembro de 2021, quando o índice foi de 63%. No mundo, a percepção de felicidade também subiu, de 67% para 73%.
Pesquisa revela radiografia das favelas
A pesquisa Data Favela 2023 divulgada nesta sexta-feira (17), durante a Expo Favela 2023, mostra que se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. Segundo a pesquisa, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país. A renda movimentada pela população dessas comunidades também aumentou, e quebrou a barreira dos R$ 200 bilhões, R$ 12 bilhões a mais em relação ao último ano.
Atualmente, mostra o Data Favela, são estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio, e sete em cada dez pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos são formalizados e têm um CNPJ.
Ambiente internacional
O cenário de crise geopolítica segue sendo construído por lideranças globais com ações de aparência positiva e efeitos negativos. Agora, para encerrar a semana com um novo fator de tensão, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, por supostos crimes de guerra na Ucrânia. A acusação, apoiada pela ONU, envolve denúncias de deportação ilegal e transferência para a Rússia, à força, de crianças ucranianas de áreas ocupadas. A medida, como era de se esperar, foi contestada pelo governo russo, como algo sem sentido.
Não são as ações de Putin que incomodam as organizações como o TPI, a ONU, a OTAN e os Estados Unidos. Fomentar a guerra é um objetivo em si. Recentemente, o governo Biden revelou planos para seu orçamento de 2024, com US$ 1 trilhão para a guerra, o maior gasto de todos os tempos com as forças armadas.
A Alemanha, Reino Unido e a França também estão envolvidos em uma campanha maciça de rearmamento militar. Apoiada por EUA e britânicos, a Austrália anunciou a construção de submarinos nucleares de ataque.
E daí?
Não há chance para a paz. As sociedades precisam se mobilizar contra as guerras. Os Estados Unidos, em especial, enxergam a promoção de conflitos como a única alternativa para reverter o declínio econômico do país e evitar as tensões internas crescentes. O enfraquecimento da Rússia, cujas ações também não são defensáveis, é um passo anterior da tentativa de neutralizar o crescimento da China e evitar a perda da hegemonia global.
Denúncia
Para o movimento Stop The War Coalition, o Ocidente está caminhando para nova era de militarismo. Os ativistas antiguerra apontam para planos de grande reamarmento depois da revelação de novos acordos envolvendo países da região e da Austrália.
Socialização das perdas: o liberalismo real
Ainda vamos pagar “mais um pato” da crise gerada pelo andar de cima, que diz ser investimento o que na verdade é pura especulação. A nova crise bancária nos Estados Unidos, promovida pela quebra do Silicon Valley Bank, ameaça contagiar os “mercados” globais.
Pelo menos há um efeito positivo, para quem quiser ser bom entendedor. O problema e as soluções propostas explicitam a hipocrisia do sistema financeiro. O economista Luiz Gonzaga Beluzzo avalia que o comportamento das instituições privadas e públicas deixam a nu a fragilidade de alguns dogmas do financismo e a injustiça explícita do sistema econômico vigente. De um lado, a ausência de regulação e de mecanismos de proteção da sociedade.
“Por outro lado, o momento atual confirma a possibilidade que o Estado tem de criar moeda e gerar recursos da noite para o dia, sempre que houver esse tipo de necessidade. O problema é que, assim como ocorreu em 2008/9, os contribuintes arcarão com o ônus dessa quantidade trilionária de recursos que estão sendo injetados na economia para salvar prioritariamente os grandes conglomerados.
Franceses protestam contra reforça da previdência
Milhares de manifestantes protestam nas ruas de Paris contra a reforma da previdência que o governo de Emmanuel Macron quer implementar sem passar pelo voto dos deputados da Assembleia Nacional francesa.
Com o objetivo de impor as mudanças, a primeira-ministra Elisabeth Borne acionou um dispositivo especial para aumentar a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos.
AMBIENTE SOCIAL
Denúncias sobre trabalho escravo continuam sendo investigadas, após os casos registrados no Rio Grande do Sul.
EDUCAÇÃO I Novo Ensino Médio: pressões tendem a crescer
O Ministério da Educação está discutindo com a sociedade o chamado “novo ensino médio”, que começou a ser implementado no ano passado, em todo o Brasil. Mas sem investimentos, o novo sistema, que dá ao estudante o (falso) direto de escolher quais disciplinar cursar, é criticado por alunos e pesquisadores do assunto.
Pedagogos que questionam a validade do conteúdo do NEM dizem que a proposta, implantada no governo Temer, tende a criar diferenças enormes entre escolas de ricos, as privadas, e de pobres, as públicas.
SAÚDE l Superbactérias crescem com falta de inovação nos antibióticos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está monitorando o número de pesquisas pré-clínicas ou em testes com humanos envolvendo novos antibióticos. As conclusões ainda são parciais, mas os resultados alertam para os desafios que serão enfrentados pela humanidade: falta de inovação e a crescente resistência antimicrobiana — esta já é uma das principais causas de morte no globo.
Ambiente econômico
Desemprego ficou estável no trimestre até janeiro
O desemprego no país ficou estável no trimestre encerrado em janeiro deste ano. A taxa de desocupação no período atingiu 8,4%, representando uma estabilidade na comparação com o trimestre anterior, encerrado em outubro de 2022, quando ficou em 8,3%.
O percentual é o menor para o período de novembro a janeiro desde 2015. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve queda de 2,9%. Os dados são da PNAD Contínua, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. (EBC)
BNDES bloqueia financiamento a 58 proprietários rurais que desmataram
Banco usa dados de monitoramento do MapBiomas e cruza com informações de registro do Cadastro Ambiental Rural. Foram bloqueados R$ 25 milhões. (EBC)
Indicadores
Home Office 1 – Estudo da FGV revela que caiu o número de empresas que adotam o trabalho em casa. Em 2021, 57,5% das empresas estavam em home office no Brasil, de forma parcial ou total. Em 2022, o percentual caiu para 32,7%.
Home Office 2 – No setor de Serviços, 89,5% das empresas do segmento de Serviços de Informação e Comunicação adotaram ou já adotavam algum tipo de trabalho remoto em 2021. Atualmente esse percentual continua alto, mas caiu para 74,2%.
Consumo dos jovens – A geração Z é a que mais faz compras online e que mais utiliza o Pix como forma de pagamento, segundo uma pesquisa patrocinada pelo Itaú Unibanco. Nos dois primeiros meses de 2023, o crescimento do Pix entre os jovens foi de 83% no valor transacional e de 153% na quantidade de transações, com um ticket médio de R$ 147.
Mulheres no jornalismo – Embora representem quase 50% dos jornalistas brasileiros, as mulheres ocupam o principal cargo de chefia em apenas 13% das principais redações. É o segundo pior cenário dos analisados pelo Instituto Reuters para Estudos de Jornalismo em doze países, à frente apenas do México e empatado com o Quênia.
Em resumo
