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Pandemia deu visibilidade para o papel da biotecnologia

Dependente do desenvolvimento de vacinas para retomar as suas atividades, a sociedade enxerga agora o papel da biotecnologia

Para a presidente da Anbiotec, Vanessa Silva, exemplos de iniciativas em ciências da vida e biotecnologia vão ganhar mais destaque na sociedade

Carlos Plácido Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

“Por conta da pandemia, a sociedade está aberta para entender que algumas soluções em ciência e tecnologia estão mais prontas para chegar de forma mais rápidas.” A avaliação é da presidente recém-empossada da Anbiotec, Vanessa Silva da Silva. O isolamento, o número de doentes e de mortes pelo mundo e a necessidade de encontrar vacinas capazes de possibilitar algum nível de normalidade de rotinas são variáveis que favorecem a divulgação do papel da biotecnologia como ramo da ciência essencial para a solução de demandas de toda sociedade.

Ao participar do programa Gente que Fala, da rádio Trianon, transmitido pelo You Tube, Vanessa Silva reforçou a expectativa de que os avanços sejam acelerados. Inclusive melhor percebidos pela sociedade, que nem percebe que algumas soluções para demandas de saúde, por exemplo, já estão disponíveis. No cenário regido pelo mercado, que raramente prioriza o básico, ou essencial, e foca em oportunidades de apelo comercial, as ciências da vida precisam de apoio e pressões políticas para viabilizar o desenvolvimento de novos produtos. De qualquer forma, a corrida pela vacina deu alguma notoriedade ao segmento, como fonte de solução para os problemas atuais.

Prova de que o conhecimento sobre a produção das ciências da vida está ganhando maior destaque foi a divulgação recente a startup brasileira Proprium, que desenvolveu um sistema que consegue medir como cada metabolismo reage a diversas substâncias. Com isso, a prescrição médica de remédios pode se tornar muito mais precisa e individualizada para cada paciente. Ou seja, o teste genético indica exatamente qual remédio funciona bem no corpo de um paciente e qual é melhor evitar.

Apresentado como solução inovadora, o serviço certamente tem como elemento mais importante, não destacado na divulgação, a confirmação sobre a aceleração do acesso aos novos produtos de origem biotecnológica e genética. Agora, está chegando a vez da chegada ao mercado da medicina preditiva, ou seja de tecnologias associadas aos remédios para a previsão de comportamentos e antecipação dos organismos para corrigir o funcionamento dos remédios. “Esperamos ter condições para que ocorra o passo seguinte, da medicina preventiva, associada à genética, que vai propiciar a medicina preventiva.

Desenvolvimento de produto

Matéria publicada pela revista Exame destaca a história da startup Proprium, criada pelos sócios Fernando Gabas, ex-diretor da Reebok Fitness, e Fabricio Pamplona, neurocientista e doutor em psicofarmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Eles se conheceram graças a uma pesquisa anterior de Pamplona, que investigava formas seguras para a prescrição do uso de canabinoides. O neurocientista já vinha se envolvendo com testes genéticos para identificar quais pacientes têm riscos de desenvolver ansiedade e outros problemas comportamentais quando usam CBD e THC.

Gabas, que estava acompanhando o mercado de saúde preventiva após um membro de sua família adoecer, ficou fascinado com o trabalho feito pelo farmacologista e logo eles começaram a desenvolver um projeto de negócio juntos. O objetivo da dupla era usar a genética para aprimorar tratamentos médicos e ajudar pessoas a viver de forma mais saudável.

A empresa chega ao mercado agora, em 2020, com uma operação global ancorada por escritórios no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos. Na primeira fase do negócio, na qual os sócios investiram 200 mil euros, a startup oferece os testes genéticos para pessoas que quiserem descobrir como seu corpo reage a cerca de 100 fármacos mais utilizados na medicina.

Funcionamento

Segundo a matéria publicado no site da revista, os pacientes compram o produto no site da empresa, recebem o kit em casa e precisam coletar a própria saliva. Depois disso, a equipe da startup recolhe o material e o envia para o laboratório na Europa. Em cerca de 15 dias, o resultado completo da análise é enviado ao cliente. Os preços variam hoje de R$ 1.600 a R$ 2.600.

A segunda fase do negócio, que deve ir ao ar ainda em 2020, envolve a parte de nutrição e a aptidão física. Com base nas pré-disposições genéticas dos clientes, a Proprium planeja vender suplementos que ajudem os clientes a evitar novas doenças. O plano é montar o tratamento individualizado e enviar para cada um dos clientes em uma dose diária em sachês.

A partir de 2021, o plano da empresa é integrar suas soluções com outras tecnologias existentes no mercado, como o Apple Watch, por exemplo. Dessa forma, um paciente teria todo seu histórico médico em uma plataforma e ainda poderia fazer chamadas com médicos em tempo real. Os sócios também investem no desenvolvimento de uma inteligência artificial que consiga ajudar os médicos a interpretar os resultados dos testes e a fazer prescrições mais assertivas.

Para este ano, a meta da Proprium é que cerca de 5 mil testes sejam vendidos no Brasil. Em relação aos médicos, a expectativa é que pelo menos 2.000 profissionais tenham contato com a plataforma da startup, consultando resultados ou interagindo com pacientes. A notícia é positiva, de fato, como sinal da tendência de aceleração do acesso às inovações. Para Vanessa Silva, agora é dar o novo passo. “Precisamos dar o novo passo para a medicina preventiva, que é o que as pessoas desejam. As pessoas não vão querer saber se aquele medicamente específico é bom para elas. Elas não querem tomar aqueles medicamentos”, assinala.

Confira a entrevista:

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