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Notas de Conjuntura: 23 de março de 2025

Nas Notas de Conjuntura, destaque para os efeitos do esvaziamento do Estado do governo Trump e os avanços da direita extrema


Movimentos religiosos expandem como epidemia

O futuro da sociedade brasileira está sendo construído na articulação de dois atores em especial, militares e religiosos, em torno de um terceiro, os jovens, de todos os segmentos sociais. Em cultos, os evangélicos agora intensificam a adoção de novas estratégias para crescer sua influência, que não se restringe a demandas espirituais. Com efeitos políticos e ganhos econômicos, as gerações dos nascidos no século 21 são o alvo das igrejas.

Resultados já são evidentes. Em escolas públicas e privadas, vídeos mostram estudantes reunidos para ler a Bíblia e cantar louvores. As filmagens de crianças e adolescentes integrados em “intervalos bíblicos ou devocionais” viralizam na internet.

Os chamados “missionários influencers” atuam nas instituições públicas brasileiras principalmente. Com a conivência de governantes estaduais e municipais e diretores entram no ambiente de ensino com uma liberdade que certamente um representante da umbanda ou candomblé ou um ateu jamais teriam. As manifestações também acontecem em escolas privadas e universidades. No Instagram, um vídeo reproduz um evento ocorrido na Universidade Federal de Minas Gerais.

No UOL Prime, a repórter Adriana Ferraz conta como adorar a Deus com cânticos de louvor e pregação da bíblia dentro de sala de aula ou no pátio de escolas públicas virou febre entre jovens. Os chamados intervalos bíblicos ou devocionais ganharam milhares de adeptos nos últimos dois anos, invadiram as redes sociais e acenderam o alerta sobre eventuais ataques à laicidade do estado brasileiro.

Na Empresa Mineira de Comunicação (EMC), estatal responsável pelo gerenciamento das emissoras de TV e rádio de Minas, funcionários são “convidados” a participar de atividades promovidas pela liderança evangélica. Nas câmaras municipais, vereadores fazem louvor antes de começar o trabalho do dia.

E daí: união de forças

Em alguns estados, os eventos de religiosos, que atropelam a ética e o estado laico, seguem de forma complementar ao aumento da influência de militares nas escolas. Alunos e alunas seguem o ritual autoritário. Muitos Estados, porém, investem na presença militar nos colégios, como o Paraná, governado por Ratinho Jr. (PSD), o Rio Grande do Sul, governado por Eduardo Leite (PSDB), e Rondônia, governado por Marcos Rocha (União Brasil). Em São Paulo, o governo estadual pretende implantar o modelo em 45 escolas ainda no segundo semestre deste ano.

Tendências: transição conservadora

“O governo Jair Bolsonaro foi um ensaio de teocracia. Se continuarmos desse jeito estaremos indo para uma teocracia, como os Estados Unidos também estão”, diz, em entrevista ao site Brasil 247, o historiador Rodrigo de Sá Netto, autor do livro “O Partido da Fé Capitalista – Imperialismo religioso e dominação de classe no Brasil”.

É verdade que não se deve generalizar a definição de que todo evangélico é conservador, defensor de teses da direita. Porém, o autor apresenta o resultado de um importante estudo sobre a penetração no Brasil de igrejas e organizações, sobretudo evangélicas, provenientes dos Estados Unidos. O livro mostra que tais igrejas não têm apenas uma teologia, mas também uma filosofia econômica. Um modelo de negócios. E ambições políticas.

Junte os elementos, o conformismo, o autoritarismo e a ausência de resistências reais para concluir que o cenário é desafiante. Pergunte para professores de redes públicas sobre como anda a relação deles com alunos “terrivelmente evangélicos”. O constrangimento de integrantes de outras religiões já é evidente.,

Legislativo: empoderamento sem limites

Senadores e deputados federais aprovaram, em votação simbólica, na quinta-feira, dia 20, o relatório final do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025. O texto já havia passado, mais cedo, pela Comissão Mista do Orçamento (CMO).

A aprovação do Orçamento encerra um impasse que durou cerca de três meses, já que a medida deveria ter sido aprovada no fim do ano passado, mas foi postergada em meio à crise sobre a liberação de emendas parlamentares e a votação do pacote fiscal que havia dominado a agenda legislativa em dezembro. A norma prevê superávit primário de R$ 15 bilhões nas contas públicas para este ano.

Um estrago que terá impactos na correlação de forças dos atores sociais, econômicos e políticos no futuro é a previsão de R$ 50,4 bilhões para emendas parlamentares. É um valor maior do que o definido para 32 ministérios. Eles estão ainda mais empoderados. E, mais importante, uma situação que fortalece a perpetuação de nomes que ocupam o Congresso Nacional. E que não tenderá a ser revisada nos próximos anos.

Trump explicita a verdade sobre o papel imperial dos Estados Unidos

Donald Trump pode conseguir um feito inédito ao denunciar países e grupos que, segundo ele, “falam mal dos Estados Unidos” ou exploram a “boa vontade” do país. Ele vai mostrar a verdadeira face do imperio nas últimas décadas e criar rejeição à imagem.

O efeito é exemplificado pelo embaixador sul-africano em Washington, Ebrahim Rasool, que foi recebido na sua cidade natal, a Cidade do Cabo, na África do Sul, por centenas de apoiadores neste domingo (23). Na última sexta-feira (14), Rasool foi declarado “persona non grata” pelo chefe da diplomacia americana e o governo dos Estados Unidos deu a ele um prazo de 72 horas para deixar o país.

Maioria dos idosos na Argentina vive na pobreza

Os idosos viraram um dos grupos mais afetados por políticas de Milei na Argentina: ‘Maioria está abaixo da linha da pobreza”, apontam os argentinos com mais de 65 anos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec, na sigla em inglês), entre os maiores de 65 anos, o índice de pobreza praticamente dobrou no primeiro semestre do governo Milei, que corresponde aos últimos números disponíveis. Em comparação com os seis meses anteriores, o número de pobres passou de 17,6% para 29,7%.

Um dos fatores foi o congelamento do auxílio pago pelo governo às pessoas que recebem salários mais baixos. O valor permanece inalterado desde março de 2024, enquanto o custo de vida dobrou. Além disso, houve também o forte aumento dos preços dos serviços públicos, como água, gás e eletricidade, que aumentaram muito acima da inflação, devido à retirada dos subsídios. Outro fator que prejudicou muito esta faixa etária foi o aumento do custo dos medicamentos.

Publicação do Radar do Futuro, circula nos domingos.
Produzido pelos jornalistas Carlos Plácido Teixeira e Heraldo Leite

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