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Futuro do cooperativismo: alternativa em tempos disruptivos

Carlos Teixeira
Radar do Futuro

Desregulamentação das relações de trabalho, redução da quantidade de empregos formais em todos os segmentos e novas configurações do sistema produtivo global, com novos modelos de negócios, especialmente os tecnológicos. Estas serão algumas das forças motrizes do estímulo à adoção do modelo do cooperativismo nos próximos anos. Mais conhecido no Brasil pela atuação de organizações nos setores agrícola, de crédito, como o Sicoob, e de saúde, no caso das Unimeds, o sistema é o irmão mais velho de uma família de novos modelos de negócios, que convive com temas como economia compartilhada, economia criativa e capitalismo solidário.

Para a Organização Mundial do Trabalho (OIT), o cenário de transformações econômicas e sociais abre condições especiais para a emergência do cooperativismo como alternativa para a sobrevivência futura dos mercados de trabalho e de geração de renda. Uma alternativa para todos os níveis profissionais, daqueles com baixa formação até o mais qualificados. E em todas as áreas, da agricultura, de saúde e de crédito, até as alternativas com menor poder econômico e tradição.

O cooperativismo terá um papel essencial na solução de graves problemas sociais projetados para o futuro. A ONU define o cooperativismo como um modelo de empreendimento econômico em que os trabalhadores controlam, de forma democrática, o capital resultante do seu trabalho e cooperação.

A OIT assinala que, como as cooperativas não são centradas no dinheiro e sim nas pessoas, esse modelo não perpetua nem acelera a concentração de capital e distribui a riqueza de forma mais justa.  O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, ressalta o papel estratégico desempenhado pelas cooperativas nas sociedades. “Acreditamos que elas possam dar contribuições significativas para o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em termos de geração de emprego, erradicação da pobreza, redução da fome e da desigualdade”.

Cenário atual

É possível imaginar que o quadro de expansão imaginado para o futuro será diferente dos últimos anos. Segundo os dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, o crescimento do número de cooperativas no Brasil foi tímido. De apenas 2,6% entre 2010 e 2918. A queda do número de instituições foi inversa à quantidade de cooperados, que saltou de nove milhões em 2010 para 14,6 milhões em 2018, o que representa uma alta de 62%.

Segundo a Pesquisa Nacional do Cooperativismo, realizada pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), quatro em cada dez brasileiros conhecem o cooperativismo. Em especial, a população de renda mais elevada, em que mais de 60% dos seus integrantes conhecem conceitos ou instituições do segmento. Os que conhecem têm uma avaliação positiva do papel desempenhado pelo setor, atribuindo nota de 7,6 entre os entrevistados na pesquisa.

Acompanhando a modernização relativamente recente da economia brasileira, as cooperativas adotaram administrações mais profissionalizadas a partir dos anos 2000, com o fortalecimento da maior parte de suas áreas de negócios. Em especial, os segmentos de saúde e crédito, que foi um dos que mais cresceu. Hoje, são cerca de dez milhões de associados e presença de agências de crédito como única opção para a prestação de serviços financeiros em quase 600 municípios do país.

Quatro ramos concentram 94% dos cooperados no Brasil, com destaque para o setor de crédito

Dos 14,3 milhões de brasileiros associados a alguma cooperativa, nada menos de 67% fazem parte do ramo de crédito. São quase 10 milhões de cooperados, mais exatamente. Quatro ramos — crédito, agropecuário, consumo e infraestrutura — contabilizam 94% dos cooperados. As cooperativas agropecuárias representam 24% das 6.828 organizações, seguidas pelos ramos de transporte, com 20%, trabalho, com 14% e crédito, 13%, ainda de acordo com o levantamento da OCB.

Desafios disruptivos

A transição da década de 2010 para a de 2020 já deu algumas mostras dos desafios futuros do cooperativismo. No segmento de saúde, a mudança na estrutura do mercado de trabalho já criou impactos sobre o desempenho da Unimed, principal cooperativa da área de saúde, que perde ano após ano usuários de seus planos. A principal causa apontada por especialistas é o fato de dois de que dois terços dos planos médico-hospitalares são corporativos.

Com a informalização crescente da economia e a queda da renda geral da população, as perspectivas são negativas para a atividade. No segmento das cooperativas de táxis, o outro exemplo de como a tecnologia tende a afetar setores tradicionais. O modelo de negócios foi profundamente impactado pela entrada em cena do aplicativo da Uber, empresa de tecnologia que hoje domina o mercado global.

Tanto ela quanto a AirBNB, responsável pelo movimento disruptivo no setor do turismo, sinalizam a tendência dos ‘vencedores que levam tudo”, exemplos de concentração de poder econômico que devem impactar outras áreas do cooperativismo. Mesmo também sofrendo as consequências da transição da economia industrial para a economia digital e de outras crises globais, as cooperativas são uma possível solução para as dificuldades de sobrevivência de profissionais com poucas oportunidades de emprego, candidatos a empreendedores por necessidade ou por sonho pessoal e para profissionais liberais ou autônomos. O cenário, já difícil hoje, tende a sofrer com o aumento das incertezas diante do futuro.

Cooperativismo: alternativa prioritária

Fator central das inquietações sobre o futuro da sociedade e dos mercados até o início de 2020, com o seu poder de transformação disruptiva de atividades, hábitos e valores, a tecnologia ganha a companhia de novas variáveis nos cenários traçados sobre as tendências. O quadro se tornou ainda mais complexo após a crise gerada pela pandemia do coronavírus. Há uma concordância, até mesmo para o senso comum, sobre a emergência de um “novo normal”, um padrão de relações sociais, de produção e de trabalho que será resultante das ações que foram adotadas para enfrentar a pandemia, como o isolamento e a interrupção de atividades comerciais e sociais.

O “novo normal” pode impactar positivamente as cooperativas e o cooperativismo, evidentemente, assim como outras atividades. Há uma janela de oportunidade, mesmo que relativa, nas mudanças das relações de trabalho, por exemplo. Alto desemprego, desregulamentação dos mercados, precarização e gestão por projetos serão algumas das variáveis capazes de induzir trabalhadores e novos empreendedores à adoção de novas modalidades de organização de produção.

Pela tradição e o conhecimento entre a população, a adesão ou criação de novas cooperativas tende a ser a solução, especialmente para quem perceber que, no ambiente de desemprego elevado e baixo poder de negociação, iniciativas individuais de criação de empresas vão esbarrar em elevada concorrência. Neste exato momento, o outro lado da moeda, o das ameaças, está representado por exemplo, pela emergência de novos aplicativos, que impactem setores inteiros, como ocorreu nos segmentos de taxis e de turismo.

Uma rápida pesquisa nos sistemas de busca demonstra a movimentação de profissionais de tecnologia rumo à criação de aplicativos que, seguindo o modelo do Uber, vão eliminar intermediários na contratação de serviços e compra de produtos. A desintermediação é parte da oportunidade vislumbrada pela área de TI que vai resultar, adiante, na confirmação da tendência denominada de “os vencedores levam tudo”, que tem o Uber, AirBNB, Google e Facebook como principais representantes.

ENTREVISTAS

Ricardo Santos Cooperativa dos Empreendedores

Univaldo Cardoso Consultor – oolab Educação & Consultoria

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