Conversas sobre o futuro: saúde mental & qualidade de vida – 19 de março

Novos estudos reforçam os desafios da saúde mental, impactada pelo acesso descontrolado no uso de celulares. Há boas notícias sobre envelhecimento saudável.

Ansiedade alastra como epidemia entre os jovens

Dados do Ministério da Saúde consolidam a avaliação de que o Brasil convive com uma crise de saúde mental, com o registro do maior número de afastamentos por ansiedade e depressão em 10 anos. De 2014 a 2024, os atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 1.575% entre as crianças de 10 a 14 anos. Entre adolescentes, de 15 a 19 anos, o avanço foi de 4.423%.

No período, o atendimento a crianças de 10 a 14 anos por conta de ansiedade subiu quase 2.500% no SUS Uma análise feita em 2024 pelo jornal “Folha de S.Paulo”, com dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS de 2013 a 2023, indicou que, pela primeira vez vez, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos.

Matéria do site G1, resgata a tese lançada por Jonathan Haidt, professor da New York University, no livro “A geração ansiosa: Como a infância hiperconectada” está causando uma epidemia de transtornos mentais, que se tornou um best-seller mundial. Segundo Haidt, por trás do grande aumento na ocorrência de transtornos de ansiedade em jovens estão as mudanças profundas que as novas tecnologias de comunicação trouxeram para o cotidiano.

Estudo mundial encontra altas taxas de depressão e ansiedade em pessoas com dor crônica

Uma nova análise de mais de 375 estudos publicados concluiu que a associação entre dor crônica e taxas de depressão e ansiedade é impressionante. O estudo descobriu que 40% dos adultos com dor crônica experimentaram ‘depressão e ansiedade clinicamente significativas’. Entre os que estavam em maior risco, a análise mostrou, estavam mulheres, adultos mais jovens e pessoas com fibromialgia. (leia aqui)

Efeitos do exercício e do comportamento sedentário nos relógios de envelhecimento

Artigo publicado no site Fight Aging destaca que estilos de vida sedentários e inatividade física estão associados ao avanço do envelhecimento epigenético, reforçando a importância de estratégias preventivas para reduzir o tempo sedentário e promover um envelhecimento saudável.

Pesquisadores da Universidade do Texas em Arlington e da Universidade da Califórnia-São Francisco usaram uma nova técnica de mapeamento cerebral para identificar células cerebrais relacionadas à memória vulneráveis ​​ao acúmulo de proteínas, um fator-chave no desenvolvimento da doença de Alzheimer, um distúrbio cerebral progressivo e incurável que destrói lentamente a memória e as habilidades de pensamento.

No Texas, quase meio milhão de pessoas vivem com a doença de Alzheimer, uma forma de demência que custa ao estado aproximadamente US$ 24 bilhões em tempo de cuidador, de acordo com o Texas Department of State Health Services. O Texas ocupa o quarto lugar no país em casos de Alzheimer e o segundo em mortes relacionadas ao Alzheimer. (Science Daily)

Pesquisa identifica vínculos entre saúde mental e menopausa

A empresa farmacêutica Astellas compartilha novos achados de uma pesquisa internacional sobre conhecimentos e estigma da menopausa. O estudo Menopause Experience & Attitudes (ou Experiência e Atitudes na Menopausa), realizado em seis países e com a participação de 13.800 entrevistados, sendo 2.300 brasileiros, revela que a menopausa impacta significativamente a saúde mental e a satisfação profissional das mulheres, afetando seu engajamento e produtividade no ambiente de trabalho. Segundo os dados do estudo, as brasileiras estão entre as que mais sofrem os impactos negativos da menopausa. (Fonte: Medicina S/A

Indicadores

Mais da metade dos adultos estará obesa até 2050, alerta estudo

O estudo faz um alerta contundente: sem mudanças imediatas em políticas públicas, o índice será alarmante

Afastamento do trabalho

O Brasil teve uma alta de 68% no número de afastamentos do trabalho por ansiedade e depressão no ano passado. Foram quase 500 mil, o maior número em uma década. (Fonte: G1)

Adolescentes com ansiedade e depressão são mais propensos a usar cigarros eletrônicos, diz pesquisa. O estudo, publicado na revista Nicotine and Tobacco Research, mostrou que adolescentes com ansiedade e depressão são mais propensos a usar produtos de nicotina, especialmente os DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar), do que aqueles sem sintomas de transtornos de saúde mental.

Insights

Estudo descobre que medicamentos simples para dor interrompem a disseminação do câncer

Cientistas da mundialmente renomada Universidade de Cambridge descobriram que um analgésico comum de venda livre ajuda a impedir que certos tipos de câncer se espalhem

Musculação protege o cérebro de idosos contra demência, sugere estudo

Trabalho feito na Unicamp envolveu 44 pessoas com comprometimento cognitivo leve. Após seis meses, os voluntários que praticaram treinamento de força apresentaram melhoras na memória e na anatomia cerebral, enquanto as demais tiveram declínio nos parâmetros avaliados. Fapesp

O sono ruim prejudica a memória na velhice ao interromper o “sistema de eliminação de resíduos” do cérebro

O sono ruim entre adultos mais velhos está ligado a interrupções no “sistema de remoção de resíduos” do cérebro, de acordo com pesquisadores. Um estudo recente oferece insights valiosos sobre como a qualidade do sono impacta o funcionamento do cérebro. Artigo do ScienceDaily discute um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Hong Kong, liderados pela Professora Tatia MC Lee, que vincula o sono ruim entre adultos mais velhos a interrupções no sistema glinfático do cérebro, um caminho crítico para a eliminação de resíduos.

Ver traumas desencadeia mudanças no cérebro

Uma nova pesquisa revela que testemunhar um trauma desencadeia mudanças cerebrais únicas, diferentes daquelas causadas pela experiência direta do trauma. Durante anos, o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) foi estudado principalmente em pessoas que vivenciaram o trauma em primeira mão. Aqueles que o testemunham — veteranos militares, socorristas, profissionais de saúde ou espectadores de violência — constituem 10% de todos os casos de TEPT.

Mudanças climáticas impactam comportamento

As mudanças climáticas não são apenas uma questão ambiental — são também uma crise de saúde mental que já afeta o bem-estar de adolescentes em regiões especialmente vulneráveis, como o sul de Madagascar. É o que revela um estudo recente realizado por pesquisadores do Trinity College Dublin, em parceria com instituições como a Universidade Católica de Madagascar, a Queen Mary University of London e a CBM Global.

Campinas monitora acumuladores

O governo municipal de Campinas (SP) mantém grupo com oito secretarias para fazer o acompanhamento, orientação e, em alguns casos, encaminhar o paciente ao tratamento de acumuladores. A condição é caracterizada pela dificuldade em descartar pertences.

Os homens tendem a ficar mais felizes com a vida quando são casados, como muitos estudos identificaram nas últimas décadas. Mas novas pesquisas mostram que eles também engordam. Na verdade, eles têm mais de três vezes mais probabilidade de serem obesos do que os homens que permaneceram solteiros.

Tendências

Já vivemos em um dos futuros descritos pela ficção científica, diz pesquisador

Em artigo publicado na revista Intelligent Computing, o cientista da computação e filósofo Bernardo Nunes Gonçalves afirma que as máquinas já passaram no “Teste de Turing” – ou seja, se mostraram capazes de imitar a cognição humana – e destaca a necessidade de métodos mais robustos de avaliação da inteligência artificial

Radicalização como fenômeno de saúde mental

O Brasil tem enfrentado um crescimento alarmante nos casos de apologia ao nazismo. De acordo com dados da Polícia Federal obtidos pelo site Metrópoles, o número de ocorrências cresceu 242% entre 2020 e 2024, totalizando 198 registros. O pico foi atingido em 2023, com 82 casos. O estado de São Paulo lidera em ocorrências, com 59 registros, seguido por Rio Grande do Sul (27), Paraná (18) e Rio de Janeiro (15). Em 2023, houve um salto significativo nos três primeiros estados.

Apesar de uma leve queda em 2024, com 65 casos registrados, os dados ainda são alarmantes se comparados a 2020, quando apenas 19 ocorrências foram notificadas. O ano com menos casos foi 2021, com 12 registros.